Tuesday, July 05, 2011

deflação maligna

A análise de uma deflação maligna como resultado de uma anterior inflação maligna (expansão de crédito por criação monetária) não deve perturbar a análise da deflação benigna que resulta de todo o crescimento económico (baixa de custos reais que conduz a baixa de preços reais).


O maior perigo advém da simultaneidade de um acentuado crescimento económico real por boas razões com a de uma bolha alimentada por expansão de crédito e moeda, porque entre Keynesianos e monetaristas ou a sua síntese neoclássica tende-se (tendia-se?) achar que nada pode correr mal se a inflação nominal for considerada baixa, quando na verdade é preciso comparar o valor observado com o quanto os preços estariam a descer se houvesse estabilidade quantitativa de moeda (onde por hipótese os preços poderiam estar a descer 3% em vez de estarem a subir uns "inofensivos" 3%). Adicionalmente é em geral ignorada a inflação de preços em activos reais e financeiros que não são capturados pelos índices de preços no consumidor. Foi o que se passou na crise de 1929 e o mesmo na bolha da internet em 2001 e na bolha de imobiliário que rebentou em 2008.

Ainda assim os efeitos supostamente permanentes de uma deflação maligna são exagerados na sua visão de "espiral sem fim" pela simples razão que o factor de reequilíbrio passa precisamente por todo o stock monetário (aquele não sujeito a processo de liquidação) ganhar um apreciável poder de compra.

É engraçado notar que uma descida de preços (nestes processos de deflação crise-pós-bolha) no fundo tem o efeito de aumentar a quantidade de moeda disponível versus valor nominal da economia. E esse reajuste cria as condições de estabilização num dado ponto.

Há perdedores neste processo? Sim, os processos económicos mais alavancados serão aqueles que com mais probabilidade vão ser liquidados, os seus accionistas e credores vão sofrer elevadas perdas financeiras... mas esses processos produtivos (os seus recursos, máquinas, pessoas) vão continuar disponíveis... para poderem ser adquiridos (por aqueles que estavam menos alavancados e vêm o seu stock monetário valorizar) podendo continuar a sua actividade agora sem o peso da dívida anterior. Outros processos (como o o imobiliário) serão simplesmente liquidados e desaparecerão, mas é bom notar que serão precisamente aqueles agentes que mais tiraram partido do processo de expansão de crédito que vão sofrer mais.

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