Porque é que este argumento (o de que em deflação de preços, o consumo é adiado) não é aplicado ao investimento com juro?
Deter moeda cujo poder de compra aumenta alegadamente causando o adiamento do consumo por causa da expectativa de baixa de preços (aumento do poder de compra) não é equivalente a não consumir investindo a prazo com uma expectativa de rendimento de um juro real positivo?
5 comments:
Porque é mais óbvio que não faz sentido?
Mas é equivalente. Quem é que diz que não?
No segundo caso o capital do agente que não investe é canalizado para um agente que investe através dos bancos.
No primeiro caso isso não ocorre.
Se pensarmos que haverá muito investimento quando a perspectiva de rentabilidade é superior ao juro cobrado, percebemos que - isoladamente - uma diminuição dos juros tende a resultar em mais investimento. Assim, se mais poupança e menos consumo tem o efeito de diminuir a procura agregada e dessa forma a perspectiva de rentabilidade, tem por outro lado o efeito de aumentar a oferta de moeda e por essa via diminuir os juros. Saber qual destes efeitos será mais importante já dependerá caso a caso das circunstâncias particulares da situação.
Mas quando os juros estão num valor residual, já não é possível diminuírem - os juros cobrados pelo banco não podem ser negativos. Nessa situação mais poupança e menos consumo terá um efeito adverso na procura agregada, mas não terá um efeito positivo na diminuição dos juros.
Há uma assimetria bastante clara.
Na perspectiva de deflação, o investimento a prazo perde o interesse, certo. Mas isso só é mau para os bancos, porque os consumidores vão consumir de qualquer forma.
Nem todo o consumo procura simplesmente antecipar a inflação...
Propagar a ideia de que a deflação é, em geral, má para a Economia é a decisão mais racional dos gestores dos depósitos a prazo.
Francisco: quando injectas moeda o consumo aumenta e quando destróis moeda o consumo diminui, porque os agentes não têm uma percepção imediata do novo valor da moeda.
Mas o pior ainda é o adiamento por parte dos investidores. Esse tenderá a criar desemprego, que poderá levar a uma diminuição do consumo que por sua vez cria menos incentivos para investir, e por aí fora. E nem sequer existe a compensação de como há menos gente a investir então os juros diminuem o que estabiliza as coisas: neste caso os juros não podem diminuir abaixo de zero.
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