Continuando a responder a Dos Santos.
"O exemplo dessa aldeia é muito interessante. Como seria de esperar, desde que seja essa a vontade dos proprietários, neste caso, a comunidade, tudo parece ser aceitável. Contudo, é também interessante a referência à existência de um governo (é colocado misteriosamente entre aspas...). No texto - e apesar de parecer ter sido escrito propositadamente como forma de panfletário - esta espécie de "governo" da aldeia é eleita pelo povo, não se diz se por via democrática. Mesmo que seja uma via democrática, seria interessante saber se há ou não unanimidade no voto. Como se pode sugerir este exemplo como experiência anarquista, se o anarquismo se opõe a toda a forma de poder político?"
A razão porque eu refiri a aldeia de Aivados foi essencialmente para demonstrar que é possível combinar a propriedade comunitária com a posse individual - nomeadamente, o ponto de os membros da comunidade poderem explorar uma parcela individual da terra colectiva, renunciando à sua parte nos proveitos da exploração colectiva (no texto não faz referencia a isso, mas fala-se disso na tese de mestrado referida, que chegou a estar on-line).
Não foi minha intenção (talvez fosse a do A-Infos) apresentar Aivados como "anarquista" (politicamente imagino - até porque conheço a filha do sr. António Ventura - que sejam predominantemente pró-PS).
A principal objecção que tenho a considerá-la como um caso de "anarquismo" é mesmo por haver uma "comissão" e não ser tudo decidido em assembleia geral. Quanto às decisões não serem tomadas por unanimidade, se houver a tal possibilidade de explorar uma parcela individual (renunciando aos rendimentos da exploração colectiva), isso não é problema: quem esteja descontente com as linhas de gestão adoptadas pela maioria poderá sempre recorrer a essa opção. Além disso, seguindo a lógica de Dos Santos, qualquer herdade alentejana (seja propriedade comunitária, individual ou empresarial) seria um "governo" (posição que até teria uma certa lógica)
A razão porque eu refiri a aldeia de Aivados foi essencialmente para demonstrar que é possível combinar a propriedade comunitária com a posse individual - nomeadamente, o ponto de os membros da comunidade poderem explorar uma parcela individual da terra colectiva, renunciando à sua parte nos proveitos da exploração colectiva (no texto não faz referencia a isso, mas fala-se disso na tese de mestrado referida, que chegou a estar on-line).
Não foi minha intenção (talvez fosse a do A-Infos) apresentar Aivados como "anarquista" (politicamente imagino - até porque conheço a filha do sr. António Ventura - que sejam predominantemente pró-PS).
A principal objecção que tenho a considerá-la como um caso de "anarquismo" é mesmo por haver uma "comissão" e não ser tudo decidido em assembleia geral. Quanto às decisões não serem tomadas por unanimidade, se houver a tal possibilidade de explorar uma parcela individual (renunciando aos rendimentos da exploração colectiva), isso não é problema: quem esteja descontente com as linhas de gestão adoptadas pela maioria poderá sempre recorrer a essa opção. Além disso, seguindo a lógica de Dos Santos, qualquer herdade alentejana (seja propriedade comunitária, individual ou empresarial) seria um "governo" (posição que até teria uma certa lógica)
No comments:
Post a Comment