Saturday, June 24, 2006

Continuando...

Dos Santos:

"Não creio ter dito que o anarco-comunismo era «impossível»"

Eu tinha ficado com essa impressão. Nesse caso, vamos pôr a questão de outra maneira - o Dos Santos acha que é possivel uma sociedade que seja, simultaneamente:

a) uma sociedade sem Estado, isto é, sem uma entidade centralizada que reclame o monopólio da violência legítimo num dado território?

b) uma sociedade em que a propriedade (ou parte substancial dela) seja comunitária (eventualmente com usufruto privado)?

Se a resposta fôr "sim", era esse o meu ponto principal com esta série de posts (claro que, se a resposta fôr "sim", não me parece fazer grande sentido Dos Santos continuar a falar em "pseudo-anarquistas").

"Preocupante mesmo é que os exemplos com que o Miguel tenta refutar a necessidade da propriedade privada sejam de sociedades classificadas como primitivas. Talvez fosse boa ideia ter-se isso em consideração."

O objectivo do exemplo não era refutar a necessidade de propriedade privada; era refutar a necessidade de um Estado para impedir o aparecimento de propriedade privada (ou seja, provar que, mesmo sem Estado, pode haver sociedades em que os principais recursos sejam propriedade comunitária).

Claro que o exemplo teria que ser de sociedades primitivas - não há outros exemplos de "sociedades sem Estado".

Ou melhor, há o exemplo da "anarquia internacional", que até me parece mais parecido com o anarco-socialismo do que com o anarco-capitalismo (embora seja, acima de tudo, uma "anarquia sem adjectivos") Porquê? Porque normalmente considera-se que os "soberanos legítimos" de um país são os seus habitantes (o que corresponde ao conceito anarquista clássico de "ocupação e uso"), não quem tenha adquirido adquirido esse pais no mercado (como seria de acordo com os principios anarco-capitalistas).

1 comment:

Anonymous said...

dos santos pediu exemplos e teve-os, e, mais uma vez, as suas respostas estiveram 100%.

penso que o problema é o dos santos não ter visto esta relação que o miguel descreveu.

sobre as sociedades modernas,

o que vai ser o grande marco para a modernidade dessas sociedades primitivas, é o espirito humano e o conhecimento cientifico. no fundo a racionalidade.

o conhecimento racional deu origem à base das civilizações modernas, os direitos humanos, por exemplo.

até chegarmos aqui, houveram muitas cartas pré direitos humanos.
os escritos de hamurabi, as infinitas historias cheias de moral (umas mais infantis que outras, é verdade)...todas elas acompanham o espirito humano.

o grande passo para a modernidade foi a racionalidade.

"cogito ergo sum"... palavras que mudaram o mundo para todo o sempre.