Devem estar os meus leitores a pensar - "Quase post sim, post não, o tema é a Venezuela. Estará a pensar em emigrar?".
Não, não estou a pensar emigrar. O que se passa é que acho que a Venezuela está à beira de momentos decisivos, em que se desenvolvem três processos distintos (não necessariamente opostos): a "revolução vinda de cima", protagonizada pelo governo de Chavéz; a "revolução vinda de baixo", feita por muitos dos seus apoiantes (p.ex., ocupações de latifúndios, empresas paradas, etc.); e a "contra-revolução" (que aguarda na sombra).
Aliás, este triângulo já se evidenciou durante o golpe de 2002: quando soube que tinha perdido o apoio do exército, Chavez demitiu-se e entregou o poder aos golpistas; mas, nos dias seguintes, os seus apoiantes mobilizaram-se e derrotaram o golpe. Ou seja, a "revolução vinda de cima" rendeu-se à "contra-revolução", mas esta foi derrotada pela "revolução vinda de baixo" - infelizmente, o povo venezuelano parece ter continuado a acreditar na ideia de "Chavez salvador do povo" apesar da realidade ter sido "o povo salvador de Chavez".
No entanto, dando um volta pelo "chavismo social" representado na Net (p. ex. a Aporrea, Frente Camponesa Ezequiel Zamora) nota-se um discurso bastante critico face ao "chavismo institucional" (em versão "Chavez é o maior, mas os seus ministros, altos funcionários, dirigentes partidários, etc. são uma porcaria"). Na verdade, creio que as contradições dentro desse triângulo ("revolução vinda de cima", "revolução vinda de baixo" e "contra-revolução") tenderão a agravar-se e o desenlace talvez seja uma questão de meses. E penso que o desfecho, seja ele qual for, terá grandes consequências, não apenas para a Venezuela, mas para todo o mundo: se ganhar a "revolução vinda de baixo", isso dará um impulso considerável à esquerda radical em todo o mundo; se ganhar a "contra-revolução", isso dará um impulso considerável à direita em todo o mundo (e, na América Latina, poderá ser o regresso das ditaduras militares à moda dos anos 70 - "abriria a caça" aos governos "progressistas" que têm sido eleitos nos últimos tempos, nomeadamente o de Morales); finalmente, se ganhar a "revolução vinda de cima", não tenho certeza se o resultado seria parecido com os antigos regimes comunistas ou se seria algo mais no gênero das ditaduras "nacionalistas-revolucionárias" do tempo da Guerra Fria (Nasser, Nkrumah, o Ba'ath na Siria e no Iraque, etc.), mas, de qualquer forma, não seria nada de particularmente recomendável.
E é por isso - eu achar que o destino da politica mundial nos próximos anos se joga nesse país - que ando a dar um destaque, talvez exagerado, à situação venezuelana.
Não, não estou a pensar emigrar. O que se passa é que acho que a Venezuela está à beira de momentos decisivos, em que se desenvolvem três processos distintos (não necessariamente opostos): a "revolução vinda de cima", protagonizada pelo governo de Chavéz; a "revolução vinda de baixo", feita por muitos dos seus apoiantes (p.ex., ocupações de latifúndios, empresas paradas, etc.); e a "contra-revolução" (que aguarda na sombra).
Aliás, este triângulo já se evidenciou durante o golpe de 2002: quando soube que tinha perdido o apoio do exército, Chavez demitiu-se e entregou o poder aos golpistas; mas, nos dias seguintes, os seus apoiantes mobilizaram-se e derrotaram o golpe. Ou seja, a "revolução vinda de cima" rendeu-se à "contra-revolução", mas esta foi derrotada pela "revolução vinda de baixo" - infelizmente, o povo venezuelano parece ter continuado a acreditar na ideia de "Chavez salvador do povo" apesar da realidade ter sido "o povo salvador de Chavez".
No entanto, dando um volta pelo "chavismo social" representado na Net (p. ex. a Aporrea, Frente Camponesa Ezequiel Zamora) nota-se um discurso bastante critico face ao "chavismo institucional" (em versão "Chavez é o maior, mas os seus ministros, altos funcionários, dirigentes partidários, etc. são uma porcaria"). Na verdade, creio que as contradições dentro desse triângulo ("revolução vinda de cima", "revolução vinda de baixo" e "contra-revolução") tenderão a agravar-se e o desenlace talvez seja uma questão de meses. E penso que o desfecho, seja ele qual for, terá grandes consequências, não apenas para a Venezuela, mas para todo o mundo: se ganhar a "revolução vinda de baixo", isso dará um impulso considerável à esquerda radical em todo o mundo; se ganhar a "contra-revolução", isso dará um impulso considerável à direita em todo o mundo (e, na América Latina, poderá ser o regresso das ditaduras militares à moda dos anos 70 - "abriria a caça" aos governos "progressistas" que têm sido eleitos nos últimos tempos, nomeadamente o de Morales); finalmente, se ganhar a "revolução vinda de cima", não tenho certeza se o resultado seria parecido com os antigos regimes comunistas ou se seria algo mais no gênero das ditaduras "nacionalistas-revolucionárias" do tempo da Guerra Fria (Nasser, Nkrumah, o Ba'ath na Siria e no Iraque, etc.), mas, de qualquer forma, não seria nada de particularmente recomendável.
E é por isso - eu achar que o destino da politica mundial nos próximos anos se joga nesse país - que ando a dar um destaque, talvez exagerado, à situação venezuelana.
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