«"Quatro confederações patronais escreveram ao primeiro-ministro, José Sócrates, a pedir a uniformização da hora legal em Portugal com a que está em vigor na maior parte dos países da Europa continental."»
«Na carta, a que o DN teve acesso, as cúpulas patronais da indústria, comércio e agricultura argumentam que "a diferença de uma hora provoca dificuldades nos contactos comerciais"»
Se a diferença de horário prejudica os "contactos comerciais" com o resto da Europa, os empresários têm uma solução muito simples - mudem eles o seu horário. Por exemplo, se lhes dá jeito começarem a trabalhar à mesma hora que os seus colegas espanhóis, é só começarem a trabalhar às 8 da manhã em vez de às 9 (ou, caso comecem a trabalhar às 8, passarem a começar às 7). É verdade que, para as empresas, o que interessa não é apenas a hora a que os empresários começam a trabalhar, mas sobretudo a dos funcionários - mas aí a solução também é simples: podem negociar com os empregados envolvidos nos contactos internacionais essa antecipação do horário. Claro que, até por razões de compatibilidade familiar, muitos desses empregados não gostariam de começar a trabalhar uma hora mais cedo que o resto da população, mas era questão de lhes pagar mais para os convencer a isso (seja através de salários mais altos, de um "subsidio de horário antecipado" ou lá o que fosse).
Assim, se efectivamente começar a trabalhar uma hora mais cedo tivesse ganhos económicos significativos, provavelmente seriam suficientes para pagar esses prémios salariais aos empregados que iriam passar a trabalhar uma hora mais cedo; por outro lado, se os ganhos económicos não gerarem receitas suficientes para pagar o "horário antecipado", então é sinal que se calhar os beneficios não são assim tantos.
«Na carta, a que o DN teve acesso, as cúpulas patronais da indústria, comércio e agricultura argumentam que "a diferença de uma hora provoca dificuldades nos contactos comerciais"»
Se a diferença de horário prejudica os "contactos comerciais" com o resto da Europa, os empresários têm uma solução muito simples - mudem eles o seu horário. Por exemplo, se lhes dá jeito começarem a trabalhar à mesma hora que os seus colegas espanhóis, é só começarem a trabalhar às 8 da manhã em vez de às 9 (ou, caso comecem a trabalhar às 8, passarem a começar às 7). É verdade que, para as empresas, o que interessa não é apenas a hora a que os empresários começam a trabalhar, mas sobretudo a dos funcionários - mas aí a solução também é simples: podem negociar com os empregados envolvidos nos contactos internacionais essa antecipação do horário. Claro que, até por razões de compatibilidade familiar, muitos desses empregados não gostariam de começar a trabalhar uma hora mais cedo que o resto da população, mas era questão de lhes pagar mais para os convencer a isso (seja através de salários mais altos, de um "subsidio de horário antecipado" ou lá o que fosse).
Assim, se efectivamente começar a trabalhar uma hora mais cedo tivesse ganhos económicos significativos, provavelmente seriam suficientes para pagar esses prémios salariais aos empregados que iriam passar a trabalhar uma hora mais cedo; por outro lado, se os ganhos económicos não gerarem receitas suficientes para pagar o "horário antecipado", então é sinal que se calhar os beneficios não são assim tantos.
5 comments:
Deixei este comentário no insurgente:
Já o fazem, na medida do possível. Por exemplo, quem está na área dos transportes e logística há muito que usam, essencialmente, o CET. O problema é esse possível é muito curto - principalmente quando a administração pública não o adopta. Quando tantas pessoas e tantos actos dependem, directa ou indirectamente, da administração pública, isso cria um efeito de difusão poderosíssimo - as escolas, os horários dos transportes, o funcionamento das repartições-, que inibe uma enorme parcela de empresas de adoptarem o horário que lhes seria mais conveniente, arrastando outros… Assim, qualquer solução tem custos de ineficiência. Se o incómodo for o socialismo horário, então pelo menos parte do sector público e para-público português deveria começar o expediente uma hora mais cedo.
Ou seja, o estado não é neutro, existe uma taxação que incide em quem pretende adoptar o horário europeu, e essas contas necessitariam de ser refeitas.
"as escolas, os horários dos transportes, o funcionamento das repartições"
Creio que o ponto mais relevante será as escolas (sobretudo atendendo que os miúdos de agora são uns atadinhos que até aos 15 anos não sabem ir e vir sozinhos da escola); mas, por outro lado, se as escolas começarem a funcionar uma hora mais cedo, aí punha-se o problema ao contrário - estava-se a impossibilitar quem quisesse trabalhar no horário "solar" de o fazer (a solução talvez fosse as aulas começarem às 08:30, como de costume, mas haver uma sala de jogos/convivio aberta logo às 7:30, para os pais que quisessem lá depositar os filhos até às 8:30).
A respeito dos transportes, sinceramente, já não me lembro a que horas os transportes em Lisboa começavam a funcionar, mas penso que eram compatíveis com alguém começar a trabalhar uma hora mais cedo que o costume.
Quanto às repartições, não sei se não será uma falsa questão: serão assim tantas as actividades que, para funcionar, tenham que fazer alguma coisa numa repartição pública logo na primeira hora de trabalho do dia e que não pudesse ter sido feita no dia anterior? Por outro lado, o horário ser diferente do das repartições públicas até pode ter uma vantagem: os empregados não precisam de se ausentar caso tenham que ir tratar de algum assunto pessoal a uma repartição.
(estava na dúvida se o Quizzer e o HO seriam a mesma pessoa; vejo que são)
Miguel, o problema é mesmo o trickle-down effect, não as parcelas tomadas isoladamente. Mesmo que nos quiséssemos abstrair desses detalhes, o certo é que por muito conveniente que seja a adopção de um horário europeu, teremos sempre os parceiros portugueses que funcionam noutro. Seria um caso típico de ordem espontânea; o problema é que a influência do estado (pelo peso económico, pelo número de pessoas que lá trabalham, pelo domínio da escola pública, pela filosofia da adm. púb.) é tão grande que envieza qualquer solução eficiente.
É claro que a adopção de um horário ainda mais desfasado do natural também tem inconvenientes, mas daí só podemos concluir incerteza na margem; não que, como dizes, os benefícios económicos não sejam os suficientes. Pessoalmente, estou convencido, talvez por deformação profissional, que os custos de utilizarmos um fuso horário diferente do europeu são substanciais; e que só ainda não o fazemos porque a administração pública não tem qualquer incentivo a fazê-lo.
Somos o mesmo; pareceu-me que só estavam a ser aceites comentários identificados.
É verdade que nesta questão há um potencial problema de "economia de rede"
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