Este de Zé Bonito ao post "Liberais e estatistas em Portugal: uma questão de idade?" de José Pedro Lopes Nunes:
Os que têm memória recordam-se de há não muitos anos se dizer que “quando se é jovem é natural ser-se de esquerda. À medida que se vai envelhecendo, colocamo-nos mais à direita”. Dois conceitos diferentes (Esquerda/Direita), bem mais amplos e complexos do que os simples “liberais” e “estatistas” (se é que isto existe). Neste dualismo, onde é que entram, por exemplo, os libertários e os marxistas que defendem a transitoriedade do aparelho de estado? E, sobretudo, onde é que entram aqueles liberais que, mal a crise lhes bate à porta, vão de mão estendida para a porta do Estado?
4 comments:
O anti-estatismo necessita de uma firme atitude pessoal de desconfiança permanente do poder e de repulsa pelo comando compulsório sobre si, as suas coisas, as suas escolhas.
Serão os mais novos? Sim e não. Os mais novos pretendem resolver problemas de forma generosa e o apelo ao poder politico centralizado para o fazer torna-se irresistivel.
Por outro os mais velhos por vezes reconhecem a futilidade de se tentar domar o poder, de o usar para causas boas, observa todos as consequências de acções préviamente consideradas como passiveis de resolver este ou aquele problema e que não resultou.
Sempre entendi essa frase como um apelo à aceitação da hipocrisia, da conformação com o egoísmo e a injustiça.
E é uma coisa burguesa: um burguês a partir de uma certa idade vê que, estando do lado vantajoso da balança da injustiça, não é muito inteligente em clamar por justiça ...
... a deriva para a direita, com a idade, não acontece aos operários.
O que eu achei interessante no comentário até nem foi a referência à idade - era mesmo a critica ao dualismo "liberal/estatista".
Eu por acaso tenho um familiar que tem tido um precurso oposto: desde que se reformou tem passado de uma posição de centro-direita para a esquerda (antes votava PS ou PSD, agora até já votou no MRPP). Ou terá sido o mundo que se virou para a direita e ele ficou no mesmo sítio?
É perfeitamente natural que quem adquire poderio económico vire "conservador" ou "liberal". Da mesma forma que quem o perde vire "esquerdista". Não vale a pena lamentarmos isso, tarique. Até porque o egoísmo é perfeitamente defensável (quer o do conservador que quer viver tranquilamente daquilo que adquiriu, como o do "operário" que vota em partidos que propõem mais redistribuição).
O dever, penso eu, é denunciar a hipocrisia de quem, tendo poderio económico, faz apelos à redistribuição por cima (socialismo) e por baixo faz uma vida de luxos (ver 90% da classe dirigente de BE, PS, PSD).
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