Como já escrevei anteriormente, o voto universal, que constitui uma capacidade de invadir direitos de propriedade de terceiros, é a origem da sua deriva para a auto-destruição.
A cada programa de colecta de impostos e redistribuição, várias forças concorrem:
- o número de beneficiários líquidos directos e indirectos do OE vai aumentando, e o número de contribuintes líquidos diminuindo. Com o tempo, o voto universal assegura um conflito de interesses (os beneficiários detêm a capacidade de votar no seu interesse, pago pelos contribuintes líquidos) e uma percepção que mais vale estar do lado dos beneficiários que do lado dos contribuintes.
- a transferência de riqueza, pensemos no rendimento mínimo garantido (podemos reduzir todo o aparato do estado social a um rendimento mínimo), desincentiva os rendimentos imediatamente superiores a serem contribuintes, e incentiva sim, a juntarem-se aos beneficiários, quer por deixar o estatuto de contribuintes líquido, quer por pressionar via voto, a que a fasquia do rendimento mínimo seja aumentado.
- a democracia e um sistema monetário que permite a inflação quantitativa de moeda para suportar os défices parece estar ligado, e também aqui, a pressão da maioria silenciosa de um número crescente de beneficiários líquidos, pressiona a recorrer à inflação quantitativa para adiar os problemas que a prazo se vão acumulando.
Por tudo isto, o que alguns autores estabeleceram como um ciclo histórico de regimes entre democracia, desabamento, monarquia, talvez não seja disparate.
Wednesday, November 17, 2010
Democracia
Publicada por CN em 19:24
Etiquetas: Textos de Carlos Novais
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