Sunday, November 14, 2010

Hans-Hermann Hoppe, a monarquia e a democracia (III)

A validade da tese hoppesiana depende muito do que se considera ser os efeitos a longo (e muito longo prazo) das politicas presentes. Se se considerar que as politicas tomadas agora vão ter consequências indirectas significativas daqui a 100 anos, o argumento a favor da monarquia (tanto face à ditadura temporária, como face à democracia) fica mais forte - no fundo, podemos dizer que quanto maior a distância entre os pontos "B" e "C" deste gráfico, mais forte é o argumento de Hoppe.

Assim, se considerarmos que crescimento económico tem como principal motor a acumulação continua de capital e o juro composto, isso será um ponto a favor de Hoppe: uma politica que reduza a acumulação de capital agora acabará por ter consequências gigantescas a longo prazo, logo há todo o interesse em os governantes terem um horizonte de longo prazo.

Mas se assumirmos que o crescimento económico muitas vezes não depende sobretudo da acumulação continua de capital, mas da adopção de novas tecnologias, creio que o argumento hoppesiano fica enfraquecido - as vantagens de ter um governante preocupado com o longo prazo já não serão tão grandes se for relativamente fácil um pais "saltar" etapas de desenvolvimento e conseguir ir para o "pelotão da frente" mesmo que tenha tido más politicas à 100 anos atrás.

Ou seja, aquilo a que um economista germanófono repatriado nos EUA que combinava o liberalismo económico com simpatias monárquico-aristocráticas chamou "destruição criativa" acaba por limitar a validade da teoria de Hoppe.

2 comments:

PR said...

Este argumento pode parecer ingénuo, mas por que é que seria de esperar que um ditador estivesse sobretudo interessado na maximização do PIB de um país?

Sabemos, da economia comportamental (e, por portas travessas, da biologia evolutiva) que o desejo de obter mais rendimento é sobretudo ditado pela comparação com os pares. Ora, um ditador já será, previsivelmente, bastante mais rico do que o resto das pessoas.

Daí que possa passar ao que verdadeiramente interessa. Não concentrará os seus esforços em maximizaa a riqueza mas sim em utilizar esta riqueza para ter mais mulheres e sexo.

PR said...

Ups. Vi agora que no primeiro post desta série o Miguel já responde a este argumento do Hoppe. Só que eu leio os posts no Google reader e o facto de haver um gráfico pelo meio "truncou" o resto do texto (ou seja, e na prática, todo o contra-argumento).