Com a ajuda ao sector bancário irlandês, somos espectadores do resultado lógico do Euro ao facilitar os movimentos de depósitos e financiamento de curto prazo entre diferentes riscos-país.
Uma saída possível para os defensores do actual sistema monetário (que não o do seu colapso ou hiper-inflação) de moeda produzida pelos Estados (em vez de liberdade monetária com uso de ouro/prata) seria:
- o banco central injectar todas as reservas necessárias para os bancos terem 100% de reservas sobre os depósitos à ordem
- decretar simultaneamente a obrigatoriedade de 100% de reservas
desta forma
- a produção de moeda para conceder crédito desaparecia (fazendo desaparecer as bolhas de crédito seguidas de crises pelo menos esta importante componente)
- os depósitos à ordem passam a estar isentos de risco de incumprimento
- os bancos passam a ter de convencer expressamente e formalmente os depositantes a aplicar as suas poupanças monetárias em operações de crédito ao banco a prazo, que assim sim, poderiam financiar o seu crédito (os bancos passam a puros intermediários)-> a concessão de crédito passa a ser efectuada a partir de poupança monetária prévia.
o problema que subsistiria é como a quantidade de moeda poderia aumentar. Tal poderia ser efectuado precisamente pelo financiamento de défices directamente emissão monetária.
Este tipo de aumento de emissão de moeda é muito inflacionário nos preços (muito mais que o aumento de quantidade de moeda para concessão de crédito), assim sendo:
- os efeitos da sua utilização exagerada serão muito mais visíveis no comportamento dos índices de inflação no consumidor e podem assim ser contrariados na discussão pública e política (ao contrário do aumento da quantidade de moeda para crédito ao investimento, cujos malefícios não são revelados na inflação de preços em bens de consumo).
- estará implícito que as pessoas aceitariam assim uma componente inflacionista (que é uma espécie de imposto) no financiamento dos défices em vez de ser financiado por dívida pública colocada nos bancos (ganhando estes a diferença entre a taxa a que o banco central financia as reservas e os juros da dívida pública)-> um argumento que começa cada vez mais a ser evocado aqui e ali.
PS: é mais ou menos isto que algumas propostas (ou pelos menos transparece como implícito, ainda que não articulados exactamente desta forma) populares têm circulado na internet como o "Money-as-Debt" e Zeitgeist.
PS2: claro que a minha opinião é que o melhor sistema monetário é um de liberdade monetária com 100% de reservas para notas e depósitos e que qualquer outro desenhado terá sempre uma tendência inevitável a ser subvertido ou a correr mal.
Monday, November 22, 2010
Sistema monetário estatista versão 2
Publicada por CN em 12:53
Etiquetas: Textos de Carlos Novais
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