Sunday, November 28, 2010

O traficante de droga - "inimigo universal"?

Uma coisa curiosa é que, nas "guerras" entre policias e traficantes, como agora no Brasil (ou no México) não se vê ninguém (ou quase) a tomar o lado dos traficantes.

Afinal, grande parte da opinião publica e da opinião publicada é a favor da legalização das drogas, logo deveriam considerar os traficantes de droga como simples comerciantes que só usam a violência em auto-defesa contra a violência do Estado (ok, também há as guerras ente cartéis); mas não é isso que se passa - pelo contrário, muitos anti-proibicionistas até gostam de vestir os seus argumentos com um capa anti-traficantes ("com a legalização desapareciam os lucros dos traficantes").

Também muitas pessoas que até tendem a ser relativamente tolerantes com o pequeno crime (estilo "temos que ver a miséria em que essas pessoas vivem") já não o são com os traficantes, mesmo que estes muitas vezes contribuam para obras de caridade nos bairros onde vivem e que o tráfico de droga seja muito menos prejudicial a terceiros inocentes que um assalto de rua (o tráfico de droga só prejudica quem quer ser prejudicado).

Um possivel argumento (pelo menos para um anti-capitalista) para ser contra os traficantes é eles serem uma espécie de capitalistas, mas atendendo a que vivemos numa sociedade capitalista, isso não os faz pior que qualquer outro capitalista, logo não é razão para uma animosidade específica contra os traficantes.

Duas leituras recomendadas (como de costume, eu recomendar um texto não quer dizer necessariamente que concorde com ele):

- The Drug Pusher [pdf], por Walter Block (em Defending the Undefendable)

- Da essência e legitimidade do lucro no negócio do aborto clandestino, por Tiago Mendes (penso que grande parte do raciocínio pode se aplicar ao tráfico de droga)

4 comments:

Anonymous said...

Isto para dizer que? Gostava que concluísse, ou sou obrigado a nomear este artigo de o mais insensato dos últimos tempos.

Miguel Madeira said...

Se eu concluísse, se calhar seria à mesmo nomeado como o mais insensato dos últimos tempos.

shark said...

Legalize it!
(mas só as leves, a ver no que dá...)

Filipe Abrantes said...

Fazer guerra a quem se dedica a actividades pacíficas (comprar e vender produtos que interessam a outras pessoas) é que é um crime, que merece/justifica retaliação violenta, chamando-se a isso legítima defesa.