Ali em baixo, escrevi que "enquanto ninguém descobrir uma maneira de ultrapassar a teoria de relatividade (e a impossibilidade de viagens acima da velocidade da luz), a Terra e o hipotético Gliese 581 g nunca poderão ter um governo comum".
Mas, curiosamente, a relatividade, se dificulta (ou melhor, impede quase definitivamente) um governo interplanetário, por outro lado talvez facilite a circulação interplanetária de pessoas e bens.
Imagine-se uma nave que ande a 95% da velocidade da luz - essa nave levaria uns 21 anos a fazer a viagem Terra - Gliese 581 g. Num mundo newtoniano, isso tornaria a viagem praticamente inviável; mas a relatividade leva a que o tempo corra mais devagar dentro de um objecto em movimento: dentro de uma nave deslocando-se a 95% da velocidade da luz, o tempo corre a 31% do ritmo a que corre "lá fora"*, pelo que, para os passageiros da nave esses 21 anos iriam parecer pouco mais que 6 anos (o que já torna a viagem mais realista, embora ainda mais demorada que as viagens Portugal-Índia no tempo das Descobertas) - claro que também há o outro lado da moeda: num mundo "relativista" é muito mais difícil construir uma nave que ande a 95% da velocidade da luz do que num mundo newtoniano.
E aonde é que eu quero chegar com isto - é que, se a relatividade quase impossibilita um governo interplanetário e, ao mesmo tempo, talvez até facilite circulação interplanetária de pessoas e bens, acaba por ser favorável a uma espécie de "liberalismo interplanetário" (não necessariamente "capitalista"), o que é irónico atendendo a que Einstein era um socialista e que os estudos mais aprofundados sobre os efeitos da relatividade sobre o comércio e aplicação financeiras interplanetárias foram feitos por um keynesiano.
*tempo dentro da nave = tempo fora da nave* Sqrt[1-(velocidade da nave/velocidade da luz)^2]
Thursday, November 11, 2010
Implicaçóes da relatividade para a economia interplanetária
Publicada por Miguel Madeira em 00:01
Etiquetas: temas algo peculiares
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