... democráticos / com MacDonalds / praticantes de golf / etc.
Há muitas teorias destas. Há dias, foi Rui Albuquerque do Blasfémias a repetir a tese que "permanece como uma das poucas leis universais das Relações Internacionais o facto de, até à data, não se ter registado nenhuma guerra entre dois países com restaurantes Mcdonald's".
Esta tese ("The Golden Arches Theory of Conflict Prevention") foi lançada em 1996 por Thomas Friedman - claro que a ideia não era de que os MacDonalds tornavam as pessoas pacificas: era que só era rentável para a MacDonalds abrir restaurantes em paises que tivessem um mínimo de desenvolvimento económico (e, sobretudo, uma classe média com algum poder de compra), e que era esse grau de desenvolvimento que tornava improvável uma guerra entre países desse tipo.
No entanto, 3 anos depois, em 1999, ocorreu o que foi considerada a primeira "McGuerra" - NATO vs. Sérvia (ainda que o McDonalds em Belgrado tenha fechado no 2º dia da guerra); nesse ano houve também uma espécie de guerra entra a India e o Paquistão, ambos com MacDonalds (embora deva ser referido que Friedman, quando elaborou essa teoria, excluiu explicitamente atritos fronteiriços do género que houve em Caxemira, que não chegarão a ser bem guerras).
Mas, mesmo em 1996, a teoria já tinha nascido falsa - o McDonalds está no Panamá desde 1971 (lembram-se disto?).
Outras dessas teorias também têm muitas excepções (note-se que os seus proponentes não dizem "é raro haver guerras entre dois paises que ...", dizem "nunca houve uma guerra entre dois paises que..."); meio a satirizar estes teorias, Matthew White diz que nunca houve uma guerra entre dois paises com mais de 160 automóveis por mil habitantes (avisando desde logo que, caso alguêm descubra alguma excepção, ele simplesmente sobe a fasquia até a observação estar certa) - no fundo, o que ele diz é que é díficil 2 paises ricos entrarem em guerra, já que têm muito a perder e pouco a ganhar.
Mas o meu ponto é que toda esta especulação interessa muito pouco - estar a dizer "nunca 2 paises que... entraram em guerra" significa quase nada, pelo simples facto que é bastante raro 2 paises (democráticos ou não, com ou sem Mcdonalds, com muitos ou poucos campos de golf, ricos ou pobres...) entrarem em guerra. Na verdade, as relações internacionais funcionam num "estado de natureza" muito pouco hobbesiano - as guerras entre estados são raras comparadas com as guerras civis, pelo que adianta pouco estar a discutir maneiras de evitar as guerras entre estados (o facto de as guerras civis serem mais frequentes que as guerras entre estados também indicia que criar um "Estado Mundial" talvez não seja um bom caminho para a "paz mundial"...).
Há muitas teorias destas. Há dias, foi Rui Albuquerque do Blasfémias a repetir a tese que "permanece como uma das poucas leis universais das Relações Internacionais o facto de, até à data, não se ter registado nenhuma guerra entre dois países com restaurantes Mcdonald's".
Esta tese ("The Golden Arches Theory of Conflict Prevention") foi lançada em 1996 por Thomas Friedman - claro que a ideia não era de que os MacDonalds tornavam as pessoas pacificas: era que só era rentável para a MacDonalds abrir restaurantes em paises que tivessem um mínimo de desenvolvimento económico (e, sobretudo, uma classe média com algum poder de compra), e que era esse grau de desenvolvimento que tornava improvável uma guerra entre países desse tipo.
No entanto, 3 anos depois, em 1999, ocorreu o que foi considerada a primeira "McGuerra" - NATO vs. Sérvia (ainda que o McDonalds em Belgrado tenha fechado no 2º dia da guerra); nesse ano houve também uma espécie de guerra entra a India e o Paquistão, ambos com MacDonalds (embora deva ser referido que Friedman, quando elaborou essa teoria, excluiu explicitamente atritos fronteiriços do género que houve em Caxemira, que não chegarão a ser bem guerras).
Mas, mesmo em 1996, a teoria já tinha nascido falsa - o McDonalds está no Panamá desde 1971 (lembram-se disto?).
Outras dessas teorias também têm muitas excepções (note-se que os seus proponentes não dizem "é raro haver guerras entre dois paises que ...", dizem "nunca houve uma guerra entre dois paises que..."); meio a satirizar estes teorias, Matthew White diz que nunca houve uma guerra entre dois paises com mais de 160 automóveis por mil habitantes (avisando desde logo que, caso alguêm descubra alguma excepção, ele simplesmente sobe a fasquia até a observação estar certa) - no fundo, o que ele diz é que é díficil 2 paises ricos entrarem em guerra, já que têm muito a perder e pouco a ganhar.
Mas o meu ponto é que toda esta especulação interessa muito pouco - estar a dizer "nunca 2 paises que... entraram em guerra" significa quase nada, pelo simples facto que é bastante raro 2 paises (democráticos ou não, com ou sem Mcdonalds, com muitos ou poucos campos de golf, ricos ou pobres...) entrarem em guerra. Na verdade, as relações internacionais funcionam num "estado de natureza" muito pouco hobbesiano - as guerras entre estados são raras comparadas com as guerras civis, pelo que adianta pouco estar a discutir maneiras de evitar as guerras entre estados (o facto de as guerras civis serem mais frequentes que as guerras entre estados também indicia que criar um "Estado Mundial" talvez não seja um bom caminho para a "paz mundial"...).
2 comments:
eh eh eh
eles não veem as figuras ridiculas que fazem?
mais uma teoria.
tão boa como a que afirma que o capitalismo e a democracia andam de mão dada.
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