Ainda a respeito deste assunto, venho frisar mais um ponto:
N'A Arte da Fuga, Adolfo Nunes escreve "[m]as se as crianças não são propriedade dos seus pais, também não são, muito mais seguramente, propriedade da sociedade, da comunidade cientifica, seja lá o que isso for, ou das comissões especializadas de cientistas e psicólogos".
Mas essa analogia entre os que defendem o "direito" dos pais não quererem que os filhos tenham educação sexual na escola e os que defendem o "direito" da "sociedade" obrigar a que as crianças/jovens tenham educação sexual na escola tem uma falha: é que o segundo sistema não impede os pais de, em casa, tentarem incutir os seus próprios valores aos filhos e tentar contrabalançar os efeitos da educação sexual escolar; pelo contrário, o primeiro sistema impede a escola de dar matérias contrárias aos valores ensinados pelos pais em casa.
Quanto ao argumento que "[o] socialismo cria uma classe de super-cidadãos: aqueles que têm o direito de administrar a vida dos demais", resolve-se facilmente - é só o "plano de estudos" da educação sexual ser decidido por referendo, ou por uma "assembleia coordenadora de delegados de plenários de escola" ou coisa do género (e não por peritos)...
N'A Arte da Fuga, Adolfo Nunes escreve "[m]as se as crianças não são propriedade dos seus pais, também não são, muito mais seguramente, propriedade da sociedade, da comunidade cientifica, seja lá o que isso for, ou das comissões especializadas de cientistas e psicólogos".
Mas essa analogia entre os que defendem o "direito" dos pais não quererem que os filhos tenham educação sexual na escola e os que defendem o "direito" da "sociedade" obrigar a que as crianças/jovens tenham educação sexual na escola tem uma falha: é que o segundo sistema não impede os pais de, em casa, tentarem incutir os seus próprios valores aos filhos e tentar contrabalançar os efeitos da educação sexual escolar; pelo contrário, o primeiro sistema impede a escola de dar matérias contrárias aos valores ensinados pelos pais em casa.
Quanto ao argumento que "[o] socialismo cria uma classe de super-cidadãos: aqueles que têm o direito de administrar a vida dos demais", resolve-se facilmente - é só o "plano de estudos" da educação sexual ser decidido por referendo, ou por uma "assembleia coordenadora de delegados de plenários de escola" ou coisa do género (e não por peritos)...
1 comment:
Caro Miguel,
(as minhas desculpas pela resposta tardia)
O meu post era mais... sistémico. Não estava directamente relacionado à questão da educação das crianças.
O facto é que não existe socialismo (pelo menos "democrático") sem uma filosofia de "direitos positivos", os quais conferem ao Estado e aos seus agente (e não à sociedade) o direito de os providenciar - num grau tal que se sobrepõem aos direitos negativos de alguns cidadãos.
Ou seja, o Estado define (por "direito" próprio) quais são os "direitos positivos" das pessoas, transfere-os para a legislação, e implementa planos para os "assegurar" - e portanto na prática administra a vida das pessoas que diz servir, assim como daquelas de quem se serve.
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