Face aos pedidos de muitas famílias, a conclusão de "Conspiração no ISCEF"
Cenas do capitulos anteriores:
1ª parte
2ª parte
Terceira e última parte:
CONSPIRAÇÃO NO ISCEF
Por MIGUEL MADEIRA
Hora e meia depois um guarda passava junto à sua cela quando se ouviu um tiro. Olhou para o guarda e viu-o estendido no chão, com a massa encefálica escorrendo pelo mesmo. Enquanto isso outro policia, com a pistola fumegante, corria para a porta e abriu-a. Agarrou em Ernestino e levou-o para a saída, aonde mais dois policias, equipados com G-3, mantinham os restantes de costas para a parede.
- Vem connosco - disse-lhe, em voz alta, um deles - Estás livre.
- Não te armes em esperto - disse-lhe outro, em voz baixa, enquanto lhe apontava discretamente um pequeno revolver.
Meteram-se num carro, com a matricula coberta, e saíram dali a alta velocidade.
-Quem são vocês? - perguntou Ernestino - O que querem?
-Cala-te - ordenaram-lhe, enquanto a viatura deixava o perímetro urbano, deslocando-se em direcção a Oeiras\Cascais. Finalmente, estacionaram junto a uma moradia, tendo arrastado Ernestino para o seu interior. Este logo reconheceu o proprietário, Eduardo Neves, seu professor nas aulas teóricas.
- Seja bem-vindo, meu caro aluno. Nunca o tinha visto mas já conhecia o nome das pautas e isso... Venha comigo que vou-lhe apresentar umas pessoas - dirigiram-se à sala, aonde se encontravam quatro indivíduos sentados - Estes são os Presidentes dos Conselhos Directivo, Cientifico e Pedagógico e o Chefe dos Serviços Administrativos.
- O que querem de mim?
- Você, talvez melhor do que ninguém, sabe a resposta. Pelo menos é o que parece por este papelinho - e começou a ler o guardanapo que Ernestino tinha entregue a Aparício - " Quem matou o Ácaro foi o E. Neves, com a cumplicidade dos dirigentes do Instituto. Eles os 2 e mais outros 2 professores tinham participado numa conferencia, que deveria ser sobre um assunto em que o Neves fosse especialista. O Neves teve a colaboração de dois professores do Instituto nos suas pesquisas, e o Ácaro não foi um deles - há 2 anos que só dava aulas e fazia um paper . De certeza os outros dois professores foram os colaboradores do Neves e o Ácaro foi a conferencia apresentar ideias diferentes. Se ele publicar essas ideias no paper poderia prejudicar as hipóteses do Neves ganhar o Nobel. Com a cumplicidade do empregado que vigiava a área do gabinete - Bonifácio Mota, contratado há pouco tempo, de certeza mesmo de propósito - alguém se introduziu num dos armários e matou-o depois de eu sair e antes de tu entrares. Manda ao CD e à SIC cartas a dizer isto e diz ao CD para dizer que a culpa foi do empregado e dum cúmplice e que senão informas a imprensa e diz à SIC que dentro de poucos dias o CD do ISCEF vai dizer que a culpa foi do empregado e dum cúmplice e se assim for é a prova de que o conteúdo da carta é verdadeiro"
- Como apanharam isso?
- Bem, nós colaboramos frequentemente com as autoridades: fornecemos-lhe informações sobre alunos considerados "subversivos" e elas em troca fazem-nos alguns favores. A tua conversa com Aparício foi completamente filmada. Como a policia viu que lhe tinhas passado algo, ele foi imediatamente, digamos, retido e revistado. Após se descobrir que tinhas descoberto tudo, tínhamos que te neutralizar. A Policia concordou em simular a tua fuga - e aproveitou para se desembaraçar dum activista do Sindicato dos Guardas Prisionais - dando a entender que tinhas corrompido alguns agentes, que nunca serão identificados.
- Mas como podia eu, um simples estudante, subornar três guardas?
- Mentiste-lhes, dizendo que tinhas dinheiro. Foi por terem descoberto que era mentira que te mataram, depois.
Então o Presidente do Conselho Directivo interviu:
- Compreenda, não é nada pessoal contra si. Mas para melhorar a imagem do Instituto não basta mudar o nome, também é conveniente ter alguns Nobeis no corpo docente. Foi por isso que tivemos que executar o Ácaro, e arranjar um "bode expiatório", que, infelizmente (para si) foi você...
UMA SEMANA DEPOIS...
- Queria aquele gajo ganhar o Nobel - comentou, sentado no 27, um estudante para outro a propósito de mais uma vez o Doutor Neves ter sido preterido, desta vez a favor dum economista checheno residente nos EUA. Então, olhando para o jornal que trazia a noticia, o seu colega disse:
- Há aqui uma noticia do Ernestino.
- Pois é. Deixa ver: "Ernestino Teixeira, o aluno do ISCEF que assassinou o seu professor Robalvito Ácaro, protagonizou uma espectacular fuga da prisão e terá, nesse mesmo dia assassinado o seu colega Aparício Cunha - cuja cabeça , recorde-se, foi encontrada nessa mesma noite, por uma prostituta, no Cais do Sodré, vindo o seu corpo a ser descoberto, dias depois, a boiar no Tejo - foi encontrado morto nos arredores de Caneças. O seu cadáver, baleado, indicia estar em decomposição há vários dias. Supõe-se que a sua morte seja da responsabilidade dos policias que o ajudaram a fugir da prisão, ao constatarem que este não dispunha da soma que lhes haveria prometido".
FIM
P.S.: Os eventos descritos neste texto são pura ficção. Qualquer semelhança com factos ou pessoas, vivas ou mortas, reais é pura coincidência.
A caixa de comentários, claro, está à disposição de quem queira fazer critica literária.
4 comments:
Madeira, agradecido pela gentileza.
Ninguem quer mesmo fazer nenhum comentário à história?
Madeira, eu até gostava de comentar... mas sabe... no seu blogue rondam (certamente) também os "olheiros" da "KGB" em busca de "arguidos" para novas venturas jurídicas...
E sabe, a minha vida já é complicada tal como ela é...
(É isto um comentário, Madeira?)
"É isto um comentário, Madeira?"
Serve.
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