"Correndo o risco de voltar a comentar em duplicado, mas não querendo deixá-lo sem resposta à sua questão, digo-lhe que não é por os autarcas encostarem as inaugurações à época das eleições que os munícipes são lesados. Se fosse só essa a questão de algum modo cumpria-se a lei de A. Smith: Os interesses dos autarcas (de preservar ou conquistar o poder) conjugavam-se com os interesses dos munícipes através de realizações vantajosas para eles. O período de inaugurações não influencia, por si, a qualidade da obra
Acontece que, como se refere no "post" de L-AC “os aumentos da despesa servem para construir obras de forte visibilidade, como mercados municipais, estradas e rotundas. Simultaneamente, despesas em maquinaria e outros equipamentos diminuem "
Se os munícipes tivessem a real percepção que o dinheiro gasto em obras de fachada também era deles, formariam a sua opinião ao longo do mandato e, na altura da caça ao voto, votariam em conformidade com a apreciação que tinham feito durante o período todo.
Seguramente que muitos não apoiariam obras de rotundas e estatuárias que manifestamente não lhes interessam."
Há duas formas de despesismo - gastar muito e gastar mal. Se os municípios fossem financiados por impostos fixados localmente, haveria menos incentivo a "gastar muito" (já que mais despesas significariam mais impostos para os contribuintes), mas acho que não afectaria o incentivo para "gastar mal" (que parece-me ser o que se discute aqui): afinal, mesmo hoje em dia os autarcas não têm nenhuma razão para gastar dinheiro em coisas que os eleitores achem pouco úteis (os autarcas fazem rotundas, mercados, etc. porque os eleitores gostam disso), já que os eleitores já sabem que o dinheiro gasto em obras de fachada é dinheiro que deixa de ser gasto em coisas mais úteis.
E se, por outro lado, admitirmos que os eleitores não têm a real percepção de onde é necessário gastar dinheiro, o problema dos autarcas preferirem investir em obras de grande visibilidade em vez de em maquinaria e equipamento manter-se-ia exactamente na mesma - se houvesse pressão popular para reduzir os impostos, os autarcas prefeririam "pagar" essa redução com reduções na despesa invisível (como as máquinas e equipamentos) no que na despesa que ganha votos (como as rotundas).
Acontece que, como se refere no "post" de L-AC “os aumentos da despesa servem para construir obras de forte visibilidade, como mercados municipais, estradas e rotundas. Simultaneamente, despesas em maquinaria e outros equipamentos diminuem "
Se os munícipes tivessem a real percepção que o dinheiro gasto em obras de fachada também era deles, formariam a sua opinião ao longo do mandato e, na altura da caça ao voto, votariam em conformidade com a apreciação que tinham feito durante o período todo.
Seguramente que muitos não apoiariam obras de rotundas e estatuárias que manifestamente não lhes interessam."
Há duas formas de despesismo - gastar muito e gastar mal. Se os municípios fossem financiados por impostos fixados localmente, haveria menos incentivo a "gastar muito" (já que mais despesas significariam mais impostos para os contribuintes), mas acho que não afectaria o incentivo para "gastar mal" (que parece-me ser o que se discute aqui): afinal, mesmo hoje em dia os autarcas não têm nenhuma razão para gastar dinheiro em coisas que os eleitores achem pouco úteis (os autarcas fazem rotundas, mercados, etc. porque os eleitores gostam disso), já que os eleitores já sabem que o dinheiro gasto em obras de fachada é dinheiro que deixa de ser gasto em coisas mais úteis.
E se, por outro lado, admitirmos que os eleitores não têm a real percepção de onde é necessário gastar dinheiro, o problema dos autarcas preferirem investir em obras de grande visibilidade em vez de em maquinaria e equipamento manter-se-ia exactamente na mesma - se houvesse pressão popular para reduzir os impostos, os autarcas prefeririam "pagar" essa redução com reduções na despesa invisível (como as máquinas e equipamentos) no que na despesa que ganha votos (como as rotundas).
2 comments:
Está enganado Miguel.
Pode até ser que seja racional apoiar um autarca que consegue muito dinheiro de lisboa para projectos maus se a alternativa é não conseguir dinheiro.
Ou seja, o erro é assumir que a quantidade de dinheiro é fixa.
***
Mas mesmo assumindo que é fixa, não sei se o seu argumento aguenta.
Num caso extremo, o seu argumento é contra o que se costuma chamar a maldição do petróleo.
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