Um argumento recorrente nas polémicas sobre as "ingerências humanitárias" costuma ser "não acham que a comunidade internacional devia ter feito algo no Ruanda?".
Algo que é esquecido é que a "comunidade internacional" interveio no Ruanda - mal a situação começou a aquecer, a França mandou as suas tropas. E há fortes indicios que essa intervenção francesa contribuiu para o genocidio: no melhor dos casos, as forças francesas, ao interporem-se na "frente de batalha", atrasaram o avanço da "Frente Patriotíca do Ruanda", dando tempo às milicias pró-governamentais para completarem a "limpeza"; no pior, há alegações que militares franceses terão cooperado activamente com o massacre.
Ou seja, o genocodio ruandês não foi um simples caso de "africanos a matarem-se uns aos outros enquanto o mundo não ligou nada" - a intervenção "neo-colonial" fez provavelmente as coisas serem piores.
[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]
Monday, March 21, 2011
"Ingerência humanitária" - o exemplo ruandês
Publicada por Miguel Madeira em 15:15