Tem-se comentado muito que os tanques do regime líbio destruídos pela NATO já não vão voar.
Formalmente, essa observação é infundada, mas é certeira politicamente.
É formalmente infundada, porque a Resolução 1973 da ONU autoriza, não apenas o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, mas a tomada de "todas as medidas necessárias para proteger as populações civis", o que incluirá destruir tanques em ofensiva; aliás, sobretudo desde a invenção da artilharia, qualquer operação militar representa grave risco para os civis na vizinhança, pelo que a resolução dá legitimidade para qualquer acto dirigido contra forças militares em acção.
Mas politicamente essa critica está correcta - o que foi vendido às opiniões públicas foi uma "zona de exclusão aérea"; o que as petições que andavam a circular falavam era de uma "zona de exclusão aérea"; o argumento frequentemente utilizado era "é preciso neutralizar a força aérea de Khaddafy para ser uma luta justa e equilibrada" - em momento algum se falou em fornecer uma força aérea aos revolucionários (que é o papel que os aviões ocidentais estão a desempenhar). Ou seja, independentemente das vantagens que esta intervenção possa ter (e eu admito que para os líbios o resultado seja positivo), começou com uma fraude politica.
[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]
Saturday, March 26, 2011
A "zona de exclusão aérea" sobre a Líbia e os tanques voadores
Publicada por Miguel Madeira em 21:37