Thursday, April 02, 2015

Totalitarismo ortográfico?

Luis Menezes Leitão considera como totalitarismo "obrigar os alunos a escrever com a nova ortografia, sem o que os seus exames serão avaliados negativamente."

Imagino que, como "avaliados negativamente", Menezes Leitão esteja a falar no desconto na cotação que deriva dos "erros ortográficos" (suponho que esse desconto só conduzirá a uma avaliação negativa se a nota já não for muito boa).

Seria interessante saber o que Menezes Leitão acha que deveria ser feito se o Acordo Ortográfico não tivesse sido aprovado - seria contra (nesse mundo hipotético sem AO) que os alunos que escrevessem "espetadores" ou "Egito" em vez de "espectadores" ou "Egipto" fossem penalizados na avaliação? Já agora, Menezes Leitão é contra que, aos alunos que respondam ao exame em linguagem de SMS em vez de com a ortografia padrão, lhes seja descontado na nota?

Se a resposta for "não", isso quereria dizer que, afinal, Menezes Leitão não teria problema nenhum no Estado obrigar as crianças a escrever de determinada maneira (o tal "totalitarismo"), apenas discordaria da ortografia especifica que o Estado escolheu promover (um pouco como um comunista a se queixar do totalitarismo da Alemanha nazi ou um fascista a se queixar do totalitarismo da URSS).

2 comments:

RH said...

Passa ao lado da questão: o facto de o AO ser acientífico e uma imposição destruidora da cultura. Daí o totalitarismo de que fala Menezes Leitão. Convém pensar antes de escrever.

Miguel Madeira said...

Não passa ao lado da questão porque não era essa a questão - o Mnezes Leitão chamou ao seu artigo "totalitarismo ortográfico", logo foi à questão do "totalitarismo" que eu quis responder, não à questão se a nova ortografia é boa ou má.