Saturday, February 27, 2010

5 anos d´O Insurgente

experiencia II

resumo

"Rendimento Mínimo Garantido"

Paulo Porte disse qualquer coisa sobre cortar "50,5 milhões de euros numa prestação onde o abuso é uma vergonha, chamado rendimento mínimo garantido".

Mas o nome (que lhe foi dado por um ministro do CDS) não é "Rendimento Social de Inserção"? Pode parecer um detalhe, mas se o CDS mudou o nome de "Rendimento Mínimo Garantido" para "Rendimento Social de Inserção" é porque considerou que essa diferença de nome era importante, logo é estranho que agora venha chamar à prestação o nome antigo

Friday, February 26, 2010

Proibir tortas?

Um post já velhinho de Chris Dillow mas ainda actual:

Isn't it time the government banned pies? Alan Johnson's claim that fat people are more dangerous than the atomic bomb suggests he might be thinking this way.

What would be the effect of such a move? Criminalizing the sale of pies would raise their price; it would shift the supply curve leftwards. One benevolent effect of this would be to reduce demand. But by how much would this improve people's health? Maybe not much. Maybe people will merely switch to foods that are just as bad, or worse, for them. And maybe few will switch anyway, if demand for pies is price-inelastic, say because people are addicted to them.

In this case, the effect of a ban would be to cut the real incomes of pie-munchers. Insofar as these tend to be poorer than average, this is inegalitarian. And it could in turn lead some to turn to crime (though not cat burglary, obviously) to get the money to feed their habit.

Higher pie prices will stimulate crime in other ways. They mean high profit margins for criminal pie-dealers. This'll lead to gang wars as Brockleby's and Pukka fight turf wars. There'll be a spate of waddle-by shootings.

And because criminal pie-dealers will be less concerned about reputation than today's legal pie-dealers, the quality of pies will worsen as dealers do a Louis Edwards and use unfit meat in their pies. That could lead to deaths as pie-abusers buy contaminated junk.

Also, rather than catch conventional criminals, police will spend their time fighting the evil pie trade: trying to stop the lucrative lard-smuggling business and searching fatties on suspicion of possession of an eighth of Ginster's. The upshot will be an increase in ordinary crime as police resources are diverted away from fighting it, and a decline in respect for the police amongst the porker community.

Monday, February 22, 2010

SACRILÉGIO!

Este post de JMF no Blasfémais (agora sim, compreendo muita coisa).

A "Família"

Um heterossexual que vive sozinho considera-se uma família?

Thursday, February 18, 2010

Comissão de Trabalhadores da PT exige demissão de Soares Carneiro

Económico on-line:

Fernando Soares Carneiro, "não tem outra alternativa que não seja apresentar a sua renúncia e, se não o fizer, então devem ser os accionistas que o indicaram para o Conselho de Administração a tomar essa decisão", disse o coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Portugal Telecom, Francisco Gonçalves, à Lusa.

"Estamos a acompanhar com todo o interesse o que se está a passar sobre o eventual envolvimento de dois administradores da Portugal Telecom no alegado plano para controlar a comunicação social", adiantou o dirigente, acrescentando que a comissão está também a acompanhar o processo de "renúncia do administrador Rui Pedro Soares".

Os blogs alimentados por informações governamentais

Nos últimos dias, foi notícia que assessores do governo teriam dado informações para o blogue Simplex.

Sinceramente, parece-me uma tempestade num copo de água.

Se estivessemos a falar de informação confidencial a que eles teriam acesso pelos seus cargos, seria reprovável e provavelmente ilegal.

Mas ao que me parece não é nada disso - trata-se apenas de informações que, realmente, são mais fáceis de obter por um acessor governamental mas que, teoricamente, não são confidenciais e estão abertas a qualquer pessoa.

É verdade que pode ser considerado "concorrência desleal" um blogger usar a informação que tem acesso como assessor para "blogar", mas, em discussões que tenham a ver com a estrutura remuneratória das carreiras do Serviço Nacional de Saúde eu também uso o facto de ter fácil acesso a essa informação (como aqui, ou, noutro ambito, aqui).

Wednesday, February 17, 2010

A Grécia e a União Europeia

A UE prepara-se para assumir o controle da politica orçamental grega (via Portugal Contemporâneo). Não me admirava nada que, secretamente, o governo grego até prefira assim, livrando-se do ónus de ser ele a tomar medidas impopulares.

Mas essa manobra pode correr mal à UE: se esta assumir a direcção das finanças gregas , impondo medidas de austeridade mas, depois, essas medidas piorarem ainda mais a situação do país em vez de melhorarem, a UE perderá toda a credibilidade enquanto autoridade de política económica.

Psicopatas e hierarquias


It is a well known fact that psychopaths, due to their desire to dominate and harm other people are attracted to hierarchical, authoritarian organizations like the military, police, prison guards, corporate bureaucracies and reform school staff. Indeed, depending upon their level of aggression and intelligence, they will try to worm their way into any organization that allows them to have some unchecked power over other people. Once again, I must point out that the majority of people in these organizations are not pathological. These latter are a minority, but they do much damage.

Their damage is made worse by two factors. One is that the intelligent sociopath is a master in imitating normal healthy people and charming them into thinking he is something special. Their associates always say "Why he was like one of us. He seemed so normal." The other factor is tribalism. All organizations protect their own, and this is even more so in an authoritarian organization. Members will go into denial mode when faced with suspicious activity and whistle-blowers will be persecuted.

The central aspect of sociopathic behaviour is lack of empathy. Thus, the pathological will be attracted to organizations in which empathy is regarded of little importance. Corporations exist to make a profit, and to hell with the employees, the environment and the community if they get in the way of that goal. If you are in the military you are forced to go out and kill people you don't know and who have never done anything to you. Part of being a police officer is brutalizing demonstrators if you are told to do so. This organizational pathology is compounded by propaganda that dehumanizes "the other" in the eyes of those who work for those organizations. Thus the enemies are "gooks" or "sand monkeys" , the workers are "little people who don't matter", the demonstrators are "commies" – not, note well, other human beings little different from me.

(...) But the sociopath revels in these displays of domination, degradation and cruelty, and is attracted to these organizations for that reason.

Williams is proof that all hierarchical organizations ought to have better screening processes. But the real way to help eliminate the problem of sociopaths in power would be to eliminate the sociopathic aspects of these organizations to begin with.

Vento Sudoeste



[A mesma paisagem num dia sem vento]

Tuesday, February 16, 2010

Propriedade

Se a propriedade é o resultado de um consenso, terá esse consenso de passar por um processo de unanimidade ou simplesmente maioritário? E é renovado? E os que não se pronunciarem? E os que mudarem de opinião?

Se fizermos a formulação de que a propriedade resolve um problema de conflito permanente (A adquire X por ocupação e uso, B chega diz que não reconhece esse direito de propriedade e afasta A pela violência, C e D e E chega e diz que a propriedade tem de ser partilhada, mas e quanto a E F e G que não estão lá por perto?) sobre o controlo de recursos escassos, e isso assim é reconhecido pelas pessoas, isso é um consenso ou poderemos a isso chamar um "direito natural" (um que pela natureza escassa e perante seres com livre arbítrio, e onde cada ser usa e ocupa fazendo sua para um dado fim determinado pela sua individualidade e para a sua sobrevivência e desenvolvimento)?

Poderá ser "consenso" um "direito" que a razão reconhece como utilitário, de validade universal, que é alcançável por todos? É que se assim for "consenso" pode transformar-se em "direito natural".

Quanto à "construção humana". Seguramente até o "direito natural" é uma construção humana. Foi São Tomás de Aquino que disse qualquer coisa como ter o direito natural existência mesmo que Deus não existisse. É uma "construção humana" porque se aplica a seres humanos com a faculdade da razão e da acção consciente com um propósito, com causas e consequências e meios.

Podemos ainda interpretar a propriedade a partir da anomia. A propriedade existe porque quando ela é violada é defendida de forma violenta (mas também intelectualmente pela filosofia) com a motivação própria de quem age justamente, pelos proprietários (e outros) de tal forma consistente que repele as tentativas de a anular. Não é consensual. Ou é consensual... os custos de lutar contra ela.

Mas não será isto a evidência de um "direito natural"?

Comentário feito em post

Ali em baixo:

Já agora, eu sou da opinião que, no fundo, só há dois sistemas de propriedade (e aqui estou a fazer um juízo de facto, não de valor): comunismo de Estado e anarco-comunismo (o liberalismo clássico é apenas um caso notável do comunismo estatista, e o anarco-capitalismo é apenas um caso notável do anarco-comunismo).

Podemos fazer grandes perorações sobre a legitimidade ou ilegitimidade de uma dada forma de propriedade, mas os meus direitos de propriedade só se mantêm de uma de duas maneira (ou uma mistura de ambas): ou há um poder superior que protege a minha propriedade, ou há um consenso social (não necessariamente unânime, mas mais ou menos geral) em aceitar a minha propriedade como legitima.

Ou seja, a propriedade (mesmo que pareça privada) é sempre uma criação, ou do Estado, ou da comunidade - se alguém é dono de algo, é porque o Estado e/ou a comunidade o reconhecem como dono.

Monday, February 15, 2010

A minha colheita caseira de batatas




Não foi lá muito produtiva, é um facto (um vaso que só deu para um jantar...).

Friday, February 12, 2010

Re: O Delfim

Fernando Gabriel acerca de Joseph Stiglitz (via O Insurgente):
[U]m manifesto ideológico assente em duas ideias fundamentais. A primeira é aquilo que designa como a "doutrina Krugman-Stiglitz": em situações de insuficiente procura agregada, os governos devem responder com um aumento "esmagador" (sic) da despesa pública. A segunda é que esta crise, pela gravidade "sem precedentes" das suas consequências, deverá servir para uma ampla reprogramação política do mundo. Sucede que a evidência empírica disponível não sustenta a ambição racionalista e é altamente problemática para a "doutrina", como demonstram Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff no francamente recomendável This Time is Different (Princeton, 2009). Uma das conclusões mais importantes deste estudo refere-se ao comportamento do valor real da dívida pública. Não só tende a aumentar de forma explosiva na sequência dos colapsos financeiros, como a principal causa deste aumento não é o custo da recapitalização do sistema bancário: é o efeito cíclico da quebra das receitas fiscais, combinado com o aumento contra-cíclico da despesa pública. Ou seja: o hiper-keynesianismo da "doutrina Krugman-Stiglitz" agrava substancialmente os desequilíbrios macroeconómicos decorrentes das crises financeiras.
Independentemente das teorias "neo-keynesianas" (ou "hiper-keynesianas") estarem ou não correctas, acho que o argumento de FG para dizer que estão erradas não faz grande sentido. O que a teoria keynesianisao/neo-keynesianisma/hiper-keynesianisma diz é que, quando há uma recessão, deve-se aumentar o deficit público (logo, implicitamente, a dívida pública, que mais não é que a soma dos deficits presentes e passados).

Portanto, o que FG está a dizer é que, como a aplicação de uma teoria que defende (durante as recessões) o aumento da dívida pública tem levado... ao aumento da dívida pública, isso significa que a teoria está errada.

Isso parece-me fazer tanto sentido como, sei lá, um socialista argumentar que a aplicação de ideias liberais num dado país levou à redução das despesas sociais do Estado e, portanto, isso "prova" que os liberais estão errados; e o sentido que ambos os raciocinios fazem é... nenhum!

O aumento da divida pública durante as crises de procura não é um "bug" do keynesianismo (algo que indique uma falha do modelo), é uma "feature" essencial (quase que diria a "feature" essencial) do modelo.

Tuesday, February 09, 2010

Trabalhadores da Alisuper manifestam-se em Lisboa

As censuras

A respeito do manifesto "Todos pela liberdade", no Arrastão re-lembra-se a defesa por Rodrigo Adão Fonseca de que o Público não deveria publicar as opiniões de Rui Tavares.

N'O Insurgente responde-se, argumentando com o direito de um proprietário gerir os seus meios de comunicação como bem lhe entende (diga-se que a resposta do próprio RAF foi ligeiramente diferente).

Recordando a polémica, note-se que, na altura, RAF não se limitou a defender o direito dos jornais a não darem voz "a radicais" (na verdade, o Belimiro de Azevedo não deu sinais públicos de se incomodar com as opiniões de Rui Tavares); defendeu que não o deviam fazer.

Suponho que, para uma perspectiva liberal, isso não seja defender a censura (embora pudesse levantar algumas questões de "thick vs. thin libertarianism"-pdf); no entanto, é um racíocino que ajuda a abrir as portas à censura - basicamente, a partir do momento em que se considera que a melhor maneira de lidar com opiniões erradas (isto é, com opiniões que RAF considera erradas) não é refutá-las demonstrado que e porque estão erradas, mas sim desejando que essas opiniões nem sequer cheguem a ser divulgadas, está-se a deitar pela janela um dos mais poderosos argumentos a favor da liberdade de expressão, que é o que é "da discussão que nasce a luz". Ou, citando um filósofo de há séculos atrás:


É verdade que Mill escreveu estas palavras a pensar na censura estatal, mas os argumentos que ele dá se aplicam também a "censura" privada, ou a qualquer coisa que limite a divulgação de opiniões minoritárias.

Mas se considerarmos que é bom que as ideias "erradas" não sejam muito lidas/divulgadas (ao contrário de Mill, que achava que as ideias correctas ficavam mais claras no confronto com as erradas), então o caso utilitário a favor da liberdade de expressão fica enfraquecido e o caso utilitário a favor da censura fortalecido.

Pondo as coisas de outra maneira - numa sociedade em que predomine a ideia que é bom que as ideias "erradas" sejam pouco divulgadas, a liberdade de expressão estará em grande perigo, porque aí quase todas as pessoas que, à partida, não sejam defensores incondicionais da liberdade de expressão tenderão a encarar positivamente a censura.

Já agora, se a generalidade dos leitores seguisse o exemplo de RAF e se recusasse a ler jornais com colunistas cujas ideias considerassem "erradas" e "radicais", os liberais seriam rapidamente erradicados da comunicação social (já que imagino que a maioria das pessoas, incluindo os leitores de jornais, considere as suas ideias "erradas" e "radicais").

[Noto que este post não é sobre a teoria liberal de que um proprietário de um jornal tem o direito de "calar" um colunista pelas suas ideias; é sobre a teoria de que deve fazer isso]

Monday, February 08, 2010

Manifesto "Todos pela Liberdade"

Acabei de assinar esta petição. Se vivesse em Lisboa e tivesse um emprego com entrada às 14.00 (em vez de viver em Portimão e entrar às 13.30), era capaz de aparecer na concentração.

No Arrastão, argumenta-se que:

"Porque sendo organizada por quem é, afasta-nos dos seus protagonistas o entendimento que temos do que é a liberdade de imprensa: blogues como o Blasfémias, Insurgente ou 31 da Armada acreditam que ela se resume ao poder do proprietário de cada órgão de comunicação social determinar o que lá se escreve e diz. Para nós, corresponde ao poder dos jornalistas, e só deles, decidirem o que escrevem nos jornais onde trabalham, com garantias de autonomia face ao poder político, sim, mas também económico. E a um verdadeiro pluralismo político que não se limite ao centrão ideológico."
A minha liberdade de imprensa é a do Arrastão, não a do Blasfémias/Insurgente/31 da Armada. No entanto, tanto a "nossa" liberdade como a liberdade "deles" implicam que o governo não possa decidir o que se diz (ou não) na comunicação social; e é contra isso que se protesta na tal petição.

Provavelmente o Rui Rio, o Pedro Marques Lopes ou o Carlos Abreu Amorim também têm opiniões sobre o funcionamento do sistema de saúde muito diferentes das da Esquerda, e não é por isso que deixarem de haver iniciativas comuns quando do referendo ao aborto.

[Poder-se-á perguntar se não estou a contradizer a opinião que expressei aqui sobre a Lei das Finanças Regionais; penso que não porque: a) colaboração entre indivíduos em acções de protesto é diferente de colaboração entre partidos na Assembleia da República; e b) uma colaboração contra algo é diferente do que uma colaboração a favor de algo]

O Presidente da República pode demitir o primeiro-ministro?

Eduardo Pitta escreve: "na realidade, o Presidente da República não pode demitir o primeiro-ministro"

Na realidade, o PR pode demitir o primeiro-ministro:

Artigo 133.º (Competência quanto a outros órgãos)
Compete ao Presidente da República, relativamente a outros órgãos:

(...)

g) Demitir o Governo, nos termos do n.º 2 do artigo 195.º, e exonerar o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 4 do artigo 186.º;

Artigo 195.º (Demissão do Governo)

(...)

2. O Presidente da República só pode demitir o Governo quando tal se torne necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, ouvido o Conselho de Estado.

Efectivamente, a Constituição põe um limite ao poder de demitir o primeiro-ministro (ou o Governo, o que vai dar ao mesmo), mas esse poder continua a existir (e, de qualquer forma, a decisão sobre o que é "necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas" cabe, em ultima instância, ao Presidente)

Saturday, February 06, 2010

Friday, February 05, 2010

Leituras

Ownership in question, por Chris Dillow

Anarchist Theory: Molly's Anarchism Part 4-Freedom To And Freedom From, por Pat Murtagh

Inequality and "Guard Labor" , por Mark Thoma

The Case against the iPad, por Tim Lee

A obsessão pelo deficit

Agora, algumas pessoas dizem algo do género "estão a ver como havia razão com a «obsessão» pelo deficit; vejam só como estamos".

Bem, vamos comparar com Espanha:


2000....-0,98%
2001....-0,64%
2002....-0,45%
2003....-0,21%
2004....-0,34%
2005....+0,96%
2006....+2,02%
2007....+2,21%
2008....-3,85%
2009...-12,27% (estimativa do FMI)
2010...-12,47% (estimativa do FMI)

Sob Aznar, Espanha teve deficits bastante reduzidos, e durante a maior parte do governo Zapatero teve superavits; terá lhes adiantado muito? Estão também numa crise talvez mais grave que a nossa e com deficits maiores que o nosso

A Lei das Finanças Regionais

Olhando para o que os diversos intervenientes dizem, é díficil perceber se a nova LFR aumenta ou diminui as verbas que o Estado central transfere para a Madeira (eu tenho a suspeita que diminui em relação ao que transferia nos anos anteriores mas que aumenta em relação ao que transferiria nos próximos anos pela lei antiga).

Mas uma lei não é apenas um documento técnico/contabílistico - é também (ou sobretudo) um acto político. E, ontem, o que o PCP e o Bloco fizerem, ao votarem a LFR ao lado do PSD e do CDS, foi aliarem-se politicamente a Alberto João Jardim.

Thursday, February 04, 2010

Sobre as crises na "zona euro"

Dois artigos já velhinhos, mas ainda actuais:


Sobre os ratings das agencias

[A] AAA rating is neither a necessary nor a sufficient condition for the maintenance of this confidence.

The collapse in the market for credit derivatives shows that AAA ratings aren’t a sufficient condition for the maintenance of market confidence. Nor are they a necessary condition. Spain and Japan have credit ratings of AA, a notch below the UK, but 10 year Spanish government bonds yield just 4.1%, only 0.1 percentage points more than UK gilts, whilst 10 year Japanese government bonds yield only 1.4%.

A top credit rating, then, is no guarantee of continued market confidence, whilst the lack of this rating doesn’t mean confidence will disappear.

There’s a simple reason for this. Credit ratings measure only the risk of default (possible badly). But this is only one of many risks to bonds. And at the higher levels, it is a small risk. S&P, for example, says that an AA rating differs from an AAA one “only to a small degree.”

Instead, bond yields depend upon other risks. One, which hit credit derivatives, is liquidity risk - the danger that you’ll not be able to sell quickly the asset. For government bonds, though, there are two other, bigger, dangers.

One is inflation. In Japan, this is a minimal danger, so investors are happy to buy low-yielding JGBs, despite their second-rank rating.

The other is currency risk. Spanish yields are low because investors believe (rightly or wrongly) that there is only a small danger of Spain leaving the euro and having its currency devalued. With this risk small, yields are tied down by German yields.

Wednesday, February 03, 2010

Caminho perigoso?


Não andei a vasculhar os arquivos do Abrupto, mas nunca me lembro de ter visto JPP considerar "perigosas" as teses de vários juristas conservadores, no tempo de Bush, a defender o "executivo unitário"; e há muito que é entre os republicanos que há os maiores defensores do "line item veto" (permitindo ao presidente aprovar uma lei na sua globalidade mas vetar alguns artigos, em vez do sistema em que ou aprova tudo ou nada), que segundo alguns iria representar um dos maiores reforços do poder presidencial (também não me lembro de JPP ter chamado isso de "perigoso").

Mas há mesmo democratas a querer mudar a Constituição para reforçar os poderes presidenciais? Sinceramente, não faço ideia - no entanto, nos blogues e sites políticos norte-americanos que costumo ler, nunca ouvi falar de tal coisa* (mas também, meia dúzia de sites - e alguns deles muito "excêntricos" - num pais com centenas de milhões de habitantes não é uma amostra significativa). Talvez o pessoal do Era uma vez na América saibam algo sobre o assunto?

Há efectivamente uma coisa que tenho ouvido falar - propostas para acabar com o "filibuster" (será a isto que JPP se refere?). Para quem não saiba o que é o "filibuster":

No Senado dos EUA, quando uma proposta está em discussão, se alguém quiser continuar a discutir é necessário uma maioria de 60 senadores (em 100) para decidir encerrar o debate e passar à votação. O "filibuster" consiste em uma minoria de mais de 39 40 senadores (os republicanos elegeram o seu 40º 41º senador há semanas) prolongar indefinidamente os debates e assim, na prática, bloquear uma proposta que, se fosse a votos, seria aprovada.

Essa regra está inscrita no regulamento do Senado, elaborado há umas décadas atrás e que só pode ser alterado com o voto de 67 senadores.

[Por vezes escreve-se que Obama precisa de 60 votos para aprovar a reforma do sistema de saúde, se ela precisar de regressar ao Senado; tecnicamente, a proposta só precisa de 51 votos - ou 50, que o vice-Presidente tem voto de desempate - para ser aprovada; os 60 votos são necessários é para decidir fazer uma votação, não para a votação em si]

Actualmente, alguns democratas (pelo menos alguns comentadores, não sei se alguns políticos) estão a propor a revogação desta regra (que, aliás, eles usaram para bloquear algumas nomeações de Bush para o Supremo Tribunal), argumentando que é inconstitucional o Senado actual ser obrigado a seguir regras elaboradas por um Senado anterior (a tese é que um Senado tomar uma decisão sobre a forma pelo qual os Senados futuros vão tomar decisões equivale a, na prática, mudar a Constituição sem passar pelo procedimento formal de revisão).

Na verdade, até se pode argumentar que, a prazo, é mau negócio para os Democratas acabar com o filibuster, já que, estruturalmente, é mais provável os Democratas estarem em minoria do que em maioria no Senado (onde todos os Estados têm 2 votos, dando um peso reforçado a Estados pouco povoados normalmente Republicanos).

Mas, de qualquer maneira, se é da alteração do "filibuster" que JPP fala:

1 -Isso não seria uma revisão da Constituição, mas sim do regulamento interno do Senado (exactamente com o argumento que esse regulamento viola a Constituição)

2 - De qualquer maneira, isso não seria reforçar o poder presidencial face ao Senado, seria reforçar o poder da maioria do Senado sobre a minoria do Senado

Tuesday, February 02, 2010

Liberdade de associação ou igualdade de oportunidades?

It may also be a sideswipe the current equality bill, which narrows the existing exemptions enjoyed by religious groups, permitting them to insist that employees abide by their doctrines.

(...)

[O]n the matter of employment, the Pope has a rather stronger case, albeit on strictly secular grounds. It is not the province of government to rule on whom any voluntary association may or may not accept into membership or put on its payroll. For the sake of a healthy relationship between state and civil society, this point really has to prevail.

Perhaps the first significant erosion of this principle came with the Tory anti-union laws of the 1980s, which withdrew from trade unions the ability to exclude strike-breakers, and forced them to accept applications from active fascists.

We will see if the rightwing commentators who will no doubt speak up in favour of Benedict XVI in the days ahead possess sufficient logical consistency to accept this elementary point.

And writing as a leftwing commentator, yes, precisely the same consideration applies to the nonsensical decision that the British National Party should be forced to accept black members. Isn’t hating black people the very point of being in the BNP?

If the same yardstick was applied universally, Hizb ut Tahrir would be debarred from turning down evangelical Christians, for instance. I’m looking forward to the test case already.

Common sense alone dictates that the League Against Cruel Sports has no duty to be an equal opportunities employer in respect of illegal cock fighting aficionados. If you apply to be a Conservative parliamentary candidate and then inform the selection meeting that you are an anarcho-syndicalist, you do not have grounds subsequently to bring a discrimination case.

Peter Tatchell – a man with whom I usually agree on much – has been widely quoted taking the Pope to task on this one. But my guess is that he wouldn’t hire an overt homophobe for an admin job at OutRage!

By the same token, if you want to work for the Catholic Church, your potential bosses might reasonably expect you to uphold the teachings of Catholicism.

[Volto a notar que eu re-postar um texto não implica necessariamente concordância]


Reduzir os salários pode reduzir o deficit?

Parece que a UE quer uma baixa de salários na Grécia. Será que isso vai reduzir o deficit? Possivelmente sim (já que reduz os custos), mas provavelmente irá também aumentar o endividamento:

Se os salários baixarem, isso acabará por levar também a uma baixa dos preços. À primeira vista, podemos pensar "Então tudo bem - os salários baixam, mas os preços também baixam"; mas a Grécia é um Estado fortemente endividado, e de certeza que a dívida grega está denominada em euros (ou talvez em dólares), não em unidades do indíce de preços grego. Ou seja, mesmo que os preços baixem na Grécia, o valor nominal da dívida grega não vai baixar por isso, logo a dívida em proporção do PIB vai aumentar.

Umas analogia - imagine-se alguém com um ordenado de 1000 euros por mês, com uma dívida de 50.000 euros; suponha-se, num exemplo extremo, que o seu ordenado baixava para 500 euros e os preços também baixavam para metade - a sua dívida não iria baixar para 25.000 euros por isso, continuaria a ser 50.000 euros, logo passaria a ter muito mais dificuldade em pagar a sua dívida, mesmo que o salário real se tenha mantido igual. E o que vale para um indíviduo, vale também para um Estado, só que em ponto maior.

Monday, February 01, 2010

Alberto Gonçalves, Auschwitz e Israel

A libertação de Auschwitz, de que se assinalaram os 65 anos, é um belo e falso eufemismo. Os sobreviventes desse e dos demais campos de concentração não se tornaram homens livres por decreto. Sem contar com os que morreriam em função do tifo e debilitações várias, muitos dos que saíram de Auschwitz saíram para regressar a um passado que já não os esperava, ou para ser mortos em linchamentos "espontâneos", ou para vogar em navios que porto nenhum aceitava, ou para esperar em novos campos de "quarentena" por um destino incerto.

A admissão internacional, e depois formal, da ideia "sionista", nasceu em parte da tragédia subsequente à tragédia maior. Foi, resumindo imenso, a saída possível. Quando se repete, em jeito de lengalenga, a importância de não esquecer Auschwitz, convinha lembrar que, sem um território a que chamassem seu e em que assegurassem a própria protecção, centenas de milhares de judeus teriam arriscado um segundo Holocausto ou sofrido por tempo indeterminado os efeitos do primeiro...

Auschwitz não fechou em 1945, mas a 14 de Maio de 1948, data da fundação de Israel. Logo no dia seguinte, cinco nações vizinhas tentaram terminar o que as câmaras de gás haviam começado. Ainda não deixaram de tentar, frequentemente sob o aplauso de ocidentais esquizofrénicos que umas vezes celebram o fim de Auschwitz e outras vezes partilham os seus princípios.


Bem, em primeiro lugar parece-me que AG está a confundir a esquizofrenia com o sindrome das personalidades múltiplas/identidade dissociativa, que não tem nada a ver; mas essa confusão é tão frequente quando se usa a palavra "esquizofrenia" em sentido figurado que é aceitável...

Mas vamos ao que interessa - AG argumenta que sem a criação de um Estado judeu estes estariam à mercê de um novo Holocausto; mas a mim parece-me que, se existe um pedaço do planeta Terra onde os judeus correm perigo por serem judeus é, exactamente, em Israel (em Nova York ou mesmo em Paris estariam mais seguros). Se AG está tão preocupado com a sorte dos judeus pós-Holocausto, mais valia que reclamasse da escassez de vistos para imigração que os EUA atribuiram...

Aliás, os defensores de Israel costumam, eles sim, caíram numa espécia de esquizofrenia personalidade múltipla, segundo o qual Israel é necessário para existir um sítio onde os judeus possam viver em segurança e, simultaneamente, é um estado que precisa de apoio e solidariedade já que vive constantemente sob a ameaça de ser destruído pelos vizinhos árabes.