Sunday, April 29, 2007

Por onde eu andei hoje


Interessante análise

Raramente concordo com Pacheco Pereira, mas tenho que admitir que ele muitas vezes escreve artigos brilhantes. E este, "Feriados Vivos e Mortos", faz o pleno: acho-o espectacular e concordo com quase tudo (tirando alguns detalhes avulsos, só fica de fora um parágrafo) o que lá diz.

[passatempo para os leitores: querem tentar descobrir qual é o paragrafo que eu deixo de fora?]

Saturday, April 28, 2007

Workers of the World are Uniting

Via Economist's View,Unions for a Global Economy:

The business press has barely noticed and the usual champions of globalization have been mute, but an announcement last week in Ottawa signaled a radical new direction for the globalized economy. The United Steelworkers -- that venerable, Depression-era creation of John L. Lewis and New Deal labor policy -- entered into merger negotiations with two of Britain's largest unions (which are merging with each other next month) to create not only the first transatlantic but the first genuinely multinational trade union.

(...)

The story here, however, isn't the number of members but the adaptation of labor to the globalization of capital. The Ottawa declaration broke new ground, but the transnational coordination of unions has been building for more than a decade. The Communications Workers of America has been meeting with telecommunications unions in Europe and elsewhere for years to better deal with common employers. The Service Employees International Union (SEIU) has for the past two years been working with, and helping to fund, security guard and janitorial unions in other nations as ownership of the property service industry has been consolidated into an ever-smaller number of multinationals.

The Steelworkers' network of strategic alliances with foreign unions dates to the early '90s. As the production of steel became a global enterprise, the union formed alliances with mining and manufacturing unions in Brazil, South Africa, Australia, Mexico, Germany and Britain. In part, the alliances emerged because these unions shared common employers -- Alcoa in metals, Bridgestone in tires and, now, with the Steelworkers and Britain's Amicus having grown to include paper workers, Georgia Pacific and International Paper as well. The unions share research, discuss common bargaining strategies and support one another during strikes.

But the purpose of the proposed merger is broader. "We determined that the best way to fight financial globalization was to fight it globally," says Gerald Fernandez, who heads the Steelworkers' international affairs and global bargaining operations. "Exploring a merger is the necessary first step to building a global union or federation of metal, mining and general workers."

Whether or not the merger goes through, the Steelworkers and their British partners have already committed to fund human rights and union rights operations in Colombia (which perennially leads the world in murdered unionists) and parts of Africa. They plan to mount a global campaign to protect employees' retirement benefits, under assault in a growing number of countries from financiers who view workers' financial security as a dispensable commodity.

For years, globalization's champions have attacked unions generally and the Steelworkers in particular for what they claimed were the union's protectionist, parochial and generally retrograde stances. But the union, it turns out, is every bit as internationalist as they. And as unions begin their inevitable transformation into global entities, globalization's cheerleaders must define themselves more clearly

Eu tenho sentimentos difusos fase à internacionalização dos sindicatos - por um lado, acho que a solução para a "globalização", com a tendência para as empresas irem para os sítios aonde os salários e os direitos laborais forem mais baixos, não é o proteccionismo nacional, mas sim, exactamente, a luta conjunta dos trabalhadores de vários países para estabelecer direitos laborais comuns (como escrevi num blog já inactivo, «No dia em que houver uma greve geral europeia ... por uma reivindicação comum, aí poderemos falar de uma verdadeira “União Europeia”»); mas por outro, quanto maior for um sindicato (e um sindicato transnacional será enormíssimo), mais distante a base estará do topo e ainda maior será a tendência para os sindicatos ficarem controlados por burocratas quase-vitalicios em vez de pelos seus filiados.

Não sei bem qual poderá ser o melhor equilíbrio entre estas minhas duas preocupações - talvez um sindicato internacional sem uma direcção internacional (isto é, em que as decisões não sejam tomadas por um orgão especifico própria, mas por reuniões entre as várias direcções nacionais - algo à maneira dos Conselhos de Ministros da UE ou dos ENDAs dos estudantes do Ensino Superior).

Friday, April 27, 2007

O único canal independente da Venezuela?

Na SIC Online escreve-se que "o Presidente da Venezuela decidiu não renovar a licença do único canal de televisão independente do país, a RCTV".

Ora, independetemente da opinião que se tenha sobre o crescente autoritarismo de Chavez ou, em particular, sobre a não-renovação da licença da RCTV, pelo que sei (muito pouco, admito) sobre a televisão venezuelana, não me parece que a RCTV seja o "único canal de televisão independente do país" - pelo menos, se definirmos "independente" como "privada", também há a Televen, a Venevisión, a Globovision ou o Canal Metropolitano Television, todas eles com um passado de oposição ao regime de Chavez.

Thursday, April 26, 2007

Thinking Bloggers

O Esquerda Republicana nomeou-me como um "blog que faz pensar". Assim, vou nomear mais 5 blogues para a categoria "thinking bloggers":

Wednesday, April 25, 2007

Re: Descubra as Diferenças












No Speakers Corner Liberal Social, Filipe Melo Sousa sugere uma comparação entre o Irão do Xá e a República Islâmica.

Vamos lá procurar diferenças:

Indice de liberdades civis no Irão, segundo a Freedom House (1 - mais livre; 7 - menos livre):

1972 - 6; 1973 - 6; 1974 - 6; 1975 - 6; 1977 - 5;1978 - 5

1979 - 5; 1980 - 5; 1981 - 6; 1983 - 6; 1984 - 6; 1985 - 6; 1986 - 6; 1987 - 6; 1988 - 6; 1989 - 5; 1990 - 5; 1991 - 5; 1992 - 6; 1993 - 7; 1994 - 7; 1995 - 7;1996 - 7; 1997 - 7; 1998 - 6; 1999 - 6; 2000 - 6; 2001 - 6; 2002 - 6; 2003 - 6; 2004 - 6; 2005 - 6

Grandes diferenças, sem dúvida.

Educação mista vs. segregada

Estes dias, parece que houve uma conferência qualquer sobre as supostas vantagens de escolas separadas para rapazes e raparigas.

Independentemente de outros argumentos que possam ser apresentados a favor ou contra, creio que há um argumento importante para o "contra" (ou seja, um argumento a favor das aulas mistas) - mesmo no sistema actual, os estudantes de tipo "nerd" tendem a ser os que têm mais dificuldade em arranjar namorada; ora, com escolas segregadas, essa situação tenderá a agravar-se, já que esse tipo de indivíduos tende a sentir-se muito pouco à vontade em situações puramente sociais, como festas e afins (aonde, num sistema de escolas segregadas, passaria a decorrer o essencial do convívio entre rapazes e raparigas na adolescência), enquanto no ambiente escolar ainda têm algum tema de conversa.

Poder-se-á argumentar que esse problema poderia ser parcialmente resolvido através de concursos televisivos, mas a) isso será mais para idades mais elevadas (aonde, de qualquer maneira, a educação já é mista); e b) de qualquer forma, isso só se aplica a meia dúzia de indivíduos.

In praise of anonymity

Take a simple statement, "all swans are white." The validity (or not) of this has nothing to do with the identity of who utters it. It's merely a statement about swans, to be tested by looking for a non-white swan.

The key test of an idea is not: whose is it? It's: does it accord with facts and reasoning?

This is one reason why this blog is (thinly) anonymous. Debate should be a dispassionate investigation of facts and theories. Someone's identity matters insofar as it explains their Bayesian priors - no more.

If we personalize debate, it becomes merely a battle of egos, which leads to a politics dominates by tittle-tattle and spin.

Worse still, identifying authority with particular persons leads to an anti-democratic deference to charlatans.

So, anonymity has its advantages.

Em compensação, este blogue deve ser do menos anónimo que há - num só clique, os leitores até ficam a saber aonde trabalho (por outro lado, como eu sou um absoluto desconhecido, até podia por uma fotocópia do BI, com número e fotografia, que era a mesma coisa que ser anónimo)

Tuesday, April 24, 2007

"Somos Livres"

Como homenagem ao 25 de Abril, pus a tocar "Somos Livres", de Ermelinda Duarte.

Será que alguêm com menos de 30 anos (ou que 33) alguma vez ouviu esta música (eu só me lembro de a ouvir cantar - nomeadamente a parte da "gaivota" - nos meus primeiros anos de vida consciente)?

Sunday, April 22, 2007

"Incitamento ao ódio"

A respeito das lei que criminalizam a "apologia do ódio ou da violência racial", pergunto-me se será boa ideia dar aos nazis e fascistas pretextos para estes se apresentarem como "defensores da liberdade de expressão".

[Ver também este artigo de Luís Marvão]

Em pé de igualdade?

Ontem, num artigo de opinião do Sol, alguém criticava a legislação laboral não colocar o trabalhador e o empregador em "pé de igualdade", argumentando que o trabalhador pode-se despedir só com o prazo de pré-aviso, enquanto que o empregador só o pode despedir com justa causa.

Vamos imaginar como seria esse mundo em que empregados e empregadores estariam em "pé de igualdade", em que tanto Maria, caixa do Continente, como a empresa Sonae poderiam terminar a sua relação contratual bastando dar um pré-aviso de, digamos, um mês. Como as partes estariam "em pé de igualdade", claro que o incómodo que um eventual despedimento provocaria na vida de Maria seria igual (alguém duvida??) ao incómodo que uma eventual demissão de Maria provocaria na vida de Belmiro de Azevedo.

Saturday, April 21, 2007

"Novas Oportunidades" II

Depois das criticas à campanha publicitária do governo, é a "contra-campanha" do Bloco de Esquerda que é alvo de criticas.

A minha posição deve ser ultra-minoritária, mas não concordo com nenhuma das criticas - a razão porque não concordo com as criticas à publicidade do governo já as expus aqui; quanto ao cartaz do BE, que tem sido acusado de "elitismo", chama a atenção para um ponto importante: se mesmo os licenciados tem grandes dificuldades em arranjar emprego, isso significa que a causa principal do desemprego não é um problema de qualificações individuais (os desempregados estarem desempregados por terem baixas baixas qualificações), mas sim um problema da estrutura social no seu todo, que, nos últimos tempos, tem levado, quer a um aumento do desemprego, quer (sobretudo) a uma degradação dos condições de trabalho dos empregados, seja qual for o seu grau de qualificações.

Note-se que o que digo neste post não contradiz o que disse mais abaixo: por um lado, as habilitações melhoram as perspectivas de emprego (tanto em termos quantitativos - facilidade em arranjar emprego - como qualitativos - maiores possibilidades de realização profissional); mas por outro, essas perspectivas são baixas para quase toda a gente (independentemente das suas qualificações).

Um exemplo hipotético - imagine-se que a taxa de desemprego das pessoas que saiam da escola com o 9º ano era de 20% e a dos recem-licenciados era de 10%. Neste cenário, podermos dizer que, por um lado, continuaria a haver um elevado "prémio" (em termos de empregabilidade) em ter uma licenciatura, mas, ao mesmo tempo, que haveria um problema geral de emprego cuja solução não estaria na "qualificação".

Friday, April 20, 2007

Os beneficios dos blogs


The point I am getting at is that blogging is finally maturing into a useful way for people to interact with each other to sort out differences. It's like being in a seminar room..., where we are all searching for answers to the same questions, but coming at them with very different experiences and philosophical perspectives.

But it is really better than that -- because in a seminar room only one person can speak at a time, some people speak too long, others go off on tangents, while others effectively sabotage any effort to narrow differences by focusing only on those areas where agreement is impossible. With a blog discussion, these problems go away. There are no time constraints, people must write their comments, those that are off-topic can be skipped over, and those who abuse the forum can have their comments deleted by the host.

Also, in a seminar room people can sometimes get away with making outrageous claims or factual errors that cannot be responded to in that forum. In a blog discussion, no one can get away with such things. Fact-checkers will immediately swoop down on mistakes and often provide hyperlinks to original sources that can be checked by anyone for verification. The result is an automatic self-correction mechanism that helps keep everyone honest.

Thursday, April 19, 2007

Depois de um post a elogiar as virtudes das habilitações académicas, um a elogiar o tempo livre

PLAYGROUND ACTIVISTS RESCUING CHILDREN FROM THE TEST SCORERS,

DRAKE BENNETT, BOSTON GLOBE - In recent years, noted architects have turned their attention to designing playgrounds, even as public agencies and private charities dedicated to expanding children's access to playgrounds have sprung up. . .

"There's a real international playground movement taking hold around the world, and it's really very exciting," says David Elkind, a professor of child development at Tufts University and author of the recently published book "The Power of Play.". . .

All in all, the average child's life is more regimented than it was 20 years ago, with more young children in day care, more lessons and rehearsals and practices, and less free time. The fact that communities are getting serious about play, proponents hope, means leaders recognize the extent to which it is endangered in modern society.

At the same time, this reexamination of playgrounds is triggered by the conviction that, in the United States in particular, playgrounds have become rather unfun -- designed with only safety in mind, they've lost the capacity to excite or challenge children.

Playgrounds have always been places where the need for free, even rambunctious, play bumps up against parental fears about safety. The new playground advocates are trying to find a better balance. "The history of playgrounds," says Roger Hart, director of the Children's Environments Research Group at the Graduate Center of the City University of New York, "is a history of containment.". . .

In the past 11 years, working with tens of thousands of volunteers and various corporate partners, the nonprofit organization KABOOM! has built nearly 1,200 playgrounds all over North America, using a collaborative method in which local children help design the playgrounds that are going up in their neighborhoods.

According to psychologists and specialists in early childhood education, to be valuable, play needs to be creative, but there also has to be an element of danger. "Children need vertiginous experiences," says Mary Rivkin, a professor of education at the University of Maryland. "They need fast and slow and that high feeling you get when you run down a hill. They need to have tippy things."

If there's no challenge, no pain of failure, she argues, there's no learning -- and less enjoyment. Indeed, according to Hart, one problem with trying to child-proof playgrounds is that children, trying to make the safer playground equipment interesting, come up with unforeseen and often more dangerous ways of using it.

Some playground advocates also point to the rise in childhood obesity and related diseases as a reason to get more kids playing, but they're careful to point out that play is not just about physical activity. "Play and sports are totally different," says Doris Bergen, a professor of educational psychology at Miami University of Ohio. "When they play, kids make their own rules -- then they have to negotiate to get others to follow them. In sports, adults make and enforce the rules for them."

A publicidade às "Novas Oportunidades"

À esquerda e à direita, está tudo a cair em cima da publicidade ao programa "Novas Oportunidades" (aquela em que aparece a Judite de Sousa como vendedora numa tabacaria e o Carlos Queiroz como empregado de balneário), argumentando "todas as profissões são dignas, blá, blá, blá...".

Mas, em nenhum momento da campanha se diz o contrário - a "Judite de Sousa virtual" não diz "tenho vergonha de ser empregada de balcão"; a conversa dela é mais do género "gostaria de ter ido mais longe" - ou seja, a mensagem implicita não me parece "ser empregada de balcão é vergonhoso" mas sim "ser empregada de balcão não é gratificante em termos de satisfação pessoal".

E, deixando de lado a rétorica moralista do "todas as profissões são dignas", alguêm duvida que há profissões que dão maior sentimento de realização pessoal que outras (mesmo atendendo à subjectividade de cada individuo)? Quantas pessoas conhecem que queriam ser empregadas de balcão quando fossem grandes? E penso que não podemos negar que, por regra, as profissões que exigem maiores habilitações tendem a ser mais interessantes (mas vejo montes de excepções a esta regra - p. ex. quem trabalha em auditoria costuma dizer que é uma seca; também acredito que muitas profissões como pedreiro ou serralheiro mecânico possam ser mais interessantes que a de empregado de escritório, apesar de, frequentemente, serem feitas por pessoas com menores habilitações académicas).

Pode-se contra-argumentar "não é por a profissão de empregado de balcão dar pouca satisfação pessoal que é uma profissão menos digna - o mundo também precisa de empregados de balcão"; pois é verdade, mas, e daí? A única conclusão que eu tiro disso é que os empregados de balcão deveriam ganhar mais que os jornalistas (afinal, se ambas as profissões são necessárias, e se ser empregado de balcão é mais "chato", os empregados de balcão deveriam receber um acréscimo salarial para compensar essa "chatisse").

Na verdade, suspeito que por detrás dessa conversa de "todas as profissões são dignas" (quando ninguém diz o contrário) muitas vezes se esconde o desejo das pessoas que têm trabalhos interessantes terem outras pessoas dispostas a fazer (felizes e contentes) os trabalhos "chatos" para elas.

Tuesday, April 17, 2007

Re: A vida humana é quase inviolável

Artigo de João Miranda no DN (ligeiramente alterado):

A Constituição da República Portuguesa no seu artigo 24 diz expressamente que "a vida humana é inviolável". Trata-se de uma ideia sensata se pensarmos em questões como a pena de morte ou o infanticídio. No entanto, o artigo 24 poderá revelar-se um empecilho ao avanço da civilização no caso da exracção do apêndice. É que quando se diz que a vida humana é inviolável pretende-se com isso dizer precisamente que a vida humana é inviolável. (...)

O apêndice encontra-se inegavelmente vivo (...). E o apêndice é humano. Por incrível que possa parecer, tem um genoma idêntico ao de um ser humano completo. É inegavelmente um Homo sapiens sapiens. Não adianta desconversar, alegando que o apêndice não tem as características necessárias para que possa ser considerado uma pessoa, porque a Constituição não protege apenas a vida das pessoas, protege a vida humana, mesmo as vidas humanas que não têm consciência ou não sentem dor.

Monday, April 16, 2007

"Poderá" e "talvez"

Duas das palavras mais usadas no tal documentario sobre o "túmulo de Cristo".

Saturday, April 14, 2007

Polónia

Seguindo a ideia dos Devaneios Desintéricos, também enviei esta mensagem para a Embaixada da Polónia:

"Exmo Sr Embaixador da Polónia,

Ciente do árduo percurso do Povo do seu país rumo a uma Democracia expurgada de totalitarismos como os que historicamente se abateram sobre a Polónia, é com genuína inquietação que assisto à implementação de medidas governativas tendentes a instaurar um clima de desrespeito pelos mais basilares Direitos Humanos. As soluções propugnadas pelo executivo de Varsóvia, ao terem como consequência o desrespeito pela liberdade de não prossecução de um dado credo, a perseguição de minorias sexuais e modelos familiares atípicos, assim como as sugestões vindas a público de uma proibição total do aborto ou, por outro lado, a apologia da pena de morte feita por alguns membros do Executivo que representa, traduzem uma divergência inaceitável com os valores que assumimos comuns nesta União Europeia.

Ciente que o Povo polaco, como outrora, saberá levantar-se contra a instauração da intolerância e do desrespeito pela dignidade humana, junto de vós lavro o presente protesto."

Friday, April 13, 2007

Venezuela - policia reprime ex-trabalhadores das empresas de aluminio

Noticia da Aporrea:

Guardia Nacional arremete contra enfermos ocupacionales y jubilados de empresas del aluminio

Efectivos de la Guardia Nacional (GN) arremetieron contra un grupo de enfermos ocupacionales de las empresas del aluminio y jubilados y pensionados de Venalum, cuando ambos grupos se encontraban protestando en las adyacencias del edificio de la CVG matriz en Alta Vista. Los hechos sucedieron durante la mañana de este martes cuando, en medio de una protesta pacífica, los uniformados llegaron con órdenes de desalojo y al no ser cumplidas por los protestantes, los efectivos de la GN utilizaron bombas lacrimógenas para dispersarlos. La medida tomada por la GN envió a varias personas a los hospitales con afecciones, principalmente, respiratorias.

Mientras los efectivos arremetían contra los presentes, los protestantes se mantuvieron en las instalaciones, lo que provocó que la GN hiciera uso de las lacrimógenas, por lo menos, en tres ocasiones, sin conseguir dispersar al grupo por completo.

Finalmente, en horas cercanas al mediodía, los efectivos bloquearon el acceso con dos convoyes y, en uno de ellos, se llevaron detenidos a los protestantes que permanecían en la calle e, incluso, a personal de los medios de comunicación regional que se encontraban cubriendo los acontecimientos.

Más de un mes de reclamosDurante el último mes, los enfermos ocupacionales de las empresas del aluminio se han apostado a las puertas de la CVG, reclamando la reinsersión laboral. En vista de que no lograban respuestas satisfactorias, permanecieron allí hasta que la directiva de la CVG matriz acordó reunirse con ellos este martes, de acuerdo a la información que brindó el vocero del grupo, Luis Herrera.

Sin embargo, el día lunes la corporación suspendió la reunión, razón por la cual los protestantes se volcaron nuevamente a los portones de la CVG, donde se produjo el enfrentamiento con la GN.

Herrera acusó a Daniel Machado de violentar sus derechos al solicitar que la GN fuera a desalojarlos, además de no atender los reclamos que se vienen haciendo.

En el mismo sitio se encontraban también los jubilados y pensionados de CVG Venalum reclamando el cumplimiento de la sentencia que obliga a la empresa al ajuste de sus pensiones, de acuerdo al salario actual de los trabajadores activos.

Hugo Medina, presidente de la Asociación de Jubilados y Pensionados de Venalum (Ajupeve), expresó que “el pueblo y la guardia se están enfrentando… se nos atropella por reclamar las leyes”.

Medina exigió justicia tanto para los enfermos ocupacionales como para los jubilados y pensionados, además de “que se nos respete como venezolanos, el presidente del tribunal ordenó que se acatara la medida (de homologación) de inmediato”. Sin embargo, continuó, la CVG lo que ha hecho es “tumbar la decisión” sin cancelarles la deuda.

También se presentó al lugar Fernando Serrano, director laboral principal de Venalum, quien describió los hechos como un “atropello a familias que reclaman el cumplimiento de la decisión (del tribunal) y el gobierno, en nombre de la CVG, responde cayéndoles a plan a los trabajadores”.

“Hay que estar alertas y salir a defender, los sindicatos tienen que apoyar a los enfermos y jubilados”, insistió Serrano, quien no descarta la posibilidad de continuar con las protestas.

Asimismo, el director laboral, expresó que se encontraba “sorprendido por la actitud de la guardia frente a una manifestación pacífica… sin medir las consecuencias”.

Sintralcasa respondió

Al sitio se apersonó el secretario general de Sintralcasa, Henry Arias, quien se enteró de lo que estaba sucediendo a través de la radio.Arias calificó de lamentable lo que ocurrió a las puertas de la CVG. Expresó además que “hablamos de socialismo y estamos volviendo al pasado”, con las agresiones de la GN a los trabajadores.

Para el representante de Sintralcasa “no es posible que el gobierno siga arremetiendo contra los trabajadores… estamos convencidos de que el ministro de industrias básicas no sabe nada (de las medidas que se tomaron este martes)”.

Pidió a los secretarios generales de los sindicatos que se pronuncien “para salir a defender el futuro de Venezuela”, porque “estas acciones son barreras para amedrentar a los trabajadores”.Instó a los trabajadores del país a hacerse escuchar, porque si las autoridades “quieren tener trabajadores pobres y miserables, tendrán un país pobre y miserable”.

Arremetida contra los medios

Durante los enfrentamientos, al menos tres trabajadores de los medios de comunicación fueron agredidos mientras cumplían con su labor reporteril. Se trata del periodista Nerio Márquez y los reporteros gráficos Félix Pérez y Pedro Da Silva, los dos primeros de El Guayanés y Da Silva de Nueva Prensa de Guayana.

Efectivos de la GN los detuvieron a pesar de estar identificados como trabajadores de la prensa y fueron llevados al destacamento 88, donde al mostrar las credenciales fueron llevados de vuelta hasta Alta Vista.

A Da Silva le quitaron la cámara fotográfica, la cual le devolvieron momentos más tarde.Incluso un joven estudiante de comunicación social, que estaba filmando los hechos, fue agredido por los guardias, quines lo persiguieron, golpearon y le quitaron la cámara, para luego detenerlo también.

Thursday, April 12, 2007

A próxima convenção do BE

Se alguêm tiver curiosidade em saber como vai o debate para a próxima convenção do Bloco de Esquerda, tem aqui as várias moções apresentadas, o blogue da moção A (1º subscritor - Francisco Louçã) e o da moção C (1º subscritor - António Grosso).

Provavelmente, este meu post não terá grande utilidade - os leitores que apoiem o BE sabem perfeitamente aonde encontrar esses textos, e os que não apoiem (penso que a esmagadora maioria) não devem estar interessados, mas nunca se sabe (afinal, se eu gosto de ler, p.ex., os debates internos do Blasfémias, talvez algum leitor de direita se interesse pelos debates internos do BE).

Doutores e Engenheiros

A respeito da "questão da utilização [por José Socrates] do titulo de engenheiro", algumas questões:

Em que ano o Dr. Marques Mendes tirou o doutoramento? E em que instituição?

Em que ano o Dr. Ribeiro e Castro tirou o doutoramento? E em que instituição?

Em que ano o Dr. Paulo Portas tirou o doutoramento? E em que instituição?

Claro que (caso as individualidades atrás referidas não tenham feito nenhum doutoramento), poderá haver quem argumente que "Dr." refere-se a "licenciado" e que para quem tenha um doutoramento é "Doutor" por extenso, mas, em primeiro lugar, nunca ouvi as televisões referirem-se a Marques Mendes como o "dê-érre Marques Mendes" (nunca reparei que houvesse qualquer diferença de tratamento entre o doutorado Francisco Louçã e os licenciados); em segundo lugar, o mesmo se aplica aos engenheiros técnicos (como Socrátes), que são usualmente referidos como "engenheiros".

P. ex., o meu pai é engenheiro técnico e toda a gente o trata por "engenheiro" - e se ele corrige, dizendo que é "engenheiro técnico", por vezes a reacção é "quer dizer que ainda é mais que engenheiro?".

Monday, April 09, 2007

Does Microcredit Work?

Artigo em felixsalmon.com:

Blogs such as MicroCapital and Poverty News Blog are reprinting a Newsweek article by Mac Margolis which is summed up in the standfirst: "Critics put trendy poverty lenders to the test," it says, "and find they're neither a real business nor a real help."

Who are these critics? The main one is Thomas Dichter, a well-known aid-doesn't-work type at the Cato Institute. The others are not clear: is it really a criticism of microfinance to say that most microfinance programs are unprofitable? Many microfinance types would say that their main job is poverty alleviation, not turning a profit, and that they're more than happy to spend grant monies on the poor before trying to set themselves up as a profitable financial institution. I personally sit on the board of a community development credit union (CDCU) in New York –
LES Peoples – which isn't "sustainable" unless you count the grants we receive. But we've been receiving them for 20 years, we have assets of almost $20 million, we're the largest CDCU in the country, and we're widely lauded by everyone from Hillary Clinton to Mike Bloomberg. Just because you don't turn an operating profit, doesn't make you a failure. Not by any means.

Margolis also has an interesting way of spinning good news as bad news:

Alex Counts, director of the Grameen Foundation, which is in charge of replicating the Bangladesh-based Grameen Bank around the world, admits that only a tenth of the bank's 7 million clients are "true entrepreneurs" who "started borrowing $100 and are now borrowing $10,000 to $20,000," but says that most are making ends meet.

"Admits"? That Grameen bank has helped only 700,000 clients to move from microloans to loans in the tens of thousands of dollars? If that's failure, let's have more of it!

As for Dichter, Margolis quotes an essay of his entitled "Microfinance Reconsidered," which apparently has been published by the Cato Institute, although I can't find anything of that name on the Cato website. The closest thing I can find is a
paper by Dichter called "A Second Look at Microfinance: The Sequence of Growth and Credit in Economic History," which is mainly historical and concentrates solely on the history of finance in developed countries such as the UK, rather than looking at microfinance in the developing world today.

As for the substance of the debate, Margolis is right that there's much more heat than light in all the stuff being written. The big exception, in my view, is a
wonderful paper by Shahe Emran, Mahbub Morshed and Joseph Stiglitz, which explains why microfinance works, in practice, in places like Bangladesh. It turns out that the main factor behind all these puzzles is the place of women in society, and especially extreme illiquidity in the market for women's labor: a little bit of credit acts as a catalyst for women outside the labor market, turning them into economically productive individuals.

To put it another way, the interest on a microloan isn't really return on capital, it's return on labor. It's just that without a tiny bit of capital, the labor is nascent and can't be tapped. That's why microcredit works.

Saturday, April 07, 2007

"Brincadeiras Perigosas"

Ontem, o Expresso tinha um artigo sobre "brincadeiras perigosas" (a respeito de uma coisa chamada "jogo do lenço").

Vejo que as coisas mudaram neste ultimo quarto de século - há 25 anos atrás, quando eu andava na primária, a nossa brincadeira favorita era andar à pedrada, o que seguramente poderá ser considerado "perigoso". Como essa brincadeira não foi referida no texto, quer dizer que já deve ter passado completamente de moda (ou então, só se brincava a isso na Escola Primária da Mexilhoeira da Carregação e nunca foi moda no resto do país...).

Wednesday, April 04, 2007

Marés Vivas

No Canhoto, Pedro Adão e Silva (a 21/03/2007 - atenção a esta data) escreve:

Na altura, falaram das “marés vivas” que ocorreriam por estes dias. Hoje, do Ministro da tutela, finalmente despertado da sua longa letargia, chega-nos esta pérola: “As obras estruturais de fundo não se fazem em período de tempestade", sublinhou Nunes Correia em conferência de imprensa, explicando que foi necessário esperar por "condições do mar mais propícias" para iniciar estas duas intervenções. Segundo o ministro, só agora, depois daquelas que "terão sido as últimas marés vivas de grande dimensão", será possível avançar com as obras que, garante, "resolvem o problema" do avanço do mar na Costa da Caparica "de forma bastante duradoura” (via público).

Eu gostava de saber exactamente o que é uma maré viva, conceito que desconheço em absoluto. Mas, assumindo tratar-se de uma amplitude de maré muito significativa (baixa-mar com pouca altura e preia-mar com altura significativa – próprio da lua cheia e da lua nova), combinado com ondulação forte, gostava de saber o que é que impede que daqui a um par de semanas tenhamos novamente uma ondulação forte, com o pico na preia-mar.

Uma maré-viva é, efectivamente, o que Pedro Adão e Silva deduziu que fosse - uma amplitude de maré muito significativa (sinceramente, acho estranho que alguém que sabe que as maiores amplitudes de maré são na lua cheia e na lua nova nunca tenha ouvido falar em "marés vivas", mas pronto...). Só que não é apenas o ciclo lunar que afecta as marés - além da lua cheia e da lua nova, há outro momento em que as marés são mais vivas: os equinócios (21 de Setembro* e 21 de Março). Ou seja, um par de semanas depois, dificilmente uma maré será tão viva como a 21 de Março.

*quem goste de percebes sabe que é em Setembro que costuma haver os melhores, exactamente por causa das marés vivas

Tuesday, April 03, 2007

Acerca da "discriminação positiva"

Na mesma página do DN de ontem, estava uma noticia que as universidades britânicas estavam preocupadas com uma estatistica que o governo estava a coligir, referente às origens sociais dos alunos universitários. Pelos vistos, as universidades receiam que, de forma mais ou menos disfarçada, o governo pretende introduzir politicas de "discriminação positiva".

Ora, eu não sei como se processam a admissão às universidades no Reino Unido* - se é por um processo objectivo (notas), como em Portugal, ou se é por um processo subjectivo (em que intervenham factores como avaliação do curriculo, entrevistas aos candidatos, etc.).

No entanto, sem fazer ideia de como o sistema funciona, pelo teor da noticia, faz-me parecer que o sistema deve ter uma componente subjectiva. Porquê? Porque pareceu-me que as suspeitas são de que o governo quer implementar uma "discriminação positiva" disfarçada; ora, num sistema objectivo (nota de exame), é impossivel uma discriminação disfarçada - a única forma de discriminar é mesmo estabelecendo, abertamente, contingentes especiais (como acontece para os alunos dos Açores e da Madeira). Logo, se ninguém me corrigir, vou assumir que o admissão às universidades brirânicas tem critérios subjectivos.

Ora, se efectivamente a admissão às universidades for de acordo com critérios subjectivos, o caso contra a "discriminação positiva" perde muita força: o argumento tipico costuma ser "os alunos devem ser escolhidos de acordo com o mérito académico, não de acordo com a sua origem social!"; mas, se os alunos são escolhidos por outros critérios que não os exames, quer dizer que os alunos já não são escolhidos (apenas) de acordo com o mérito académico! Por exemplo, se na selecção houver entrevistas, isso faz logo que um dos factores que influenciará seja o "savoir-fair social" (algo que até pode ser contraditório com a capacidade académica - ou estarei a me deixar levar pelos estereótipos?).

* Para as universidades de elite norte-americanas, "Quem sai aos seus..." deu-me a impressão que recorrem, entre outros, a critérios como entrevistas e cartas de recomendação dos professores do secundário.

"Alunos escolhem mais com o coração do que com a cabeça"

No DN de ontem, havia um artigo comentando que «[n]a altura de escolherem um curso, a maioria dos estudantes (39%) elege a "vocação" como o factor decisivo. A "empregabilidade" surge apenas em segundo lugar, sendo o motivo apontado num quarto dos casos (25,5%). Estes dados (...) sugere[m] que os estudantes se comportam como "clientes imaturos" nas suas opções. (...) "Não sei se podemos dizer que optam mal", ressalva Diana Amado Tavares, do CIPES. "O que podemos dizer é que eles não optam por critérios racionais. O critério da vocação é sempre subjectivo, sobretudo naquelas idades", explica.»

Ora, porque é que escolher com base na "vocação" há-de ser menos racional do que escolher com base na "empregabilidade"? Diana Tavares refere que a "vocação" é subjectiva. Se ela se refere à vocação depender das preferencias subjectivas do individuo, claro que depende, e depois? Estranho seria se as pessoas não fizessem escolhas de acordo com as suas preferencias.

Na verdade, eu suspeito que, com "subjectivo", o que Diana Tavares quer dizer é "impreciso" - isto é, que um aluno de 17 anos, ao escolher o curso, ainda não sabe bem o que gosta. Mas o mesmo se passa com a "empregabilidade" - o facto de haver menor percentagem de desempregados com o curso A do que com o curso B não quer dizer que, se um dado individuo tirar o curso A vai ter mais facilidade em arranjar emprego do que se tirar o curso B. É verdade que uma baixa taxa de desemprego dos alunos com um determindado curso é um indicio que, se um um dado individuo ir para esse curso, provavelmente terá facilidade em arranjar emprego. Mas o mesmo se passa com a "vocação" - julgar que se tem "vocação" para um dado curso também é um indicio que, provavelmente se terá vocação para esse curso.

Já agora diga-se que, se os alunos escolhessem o curso com base na "empregabilidade" tal podia revelar-se bastante "irracional" - se toda a gente fosse para o curso com melhores perspectivas de "empregabilidade", quer dizer que, ao fim de 4 anos (quando concluissem o curso), essa área estaria a abarrotar de gente à procura de emprego (ou seja, seria uma "profecia auto-destruida").

The American Prison Nightmare

Via Economist's View e American Prospect, um texto sobre a relação entre a economia, a desigualdade e a prisão nos EUA (ou, mais exactamente, uma apresentação de um livro sobre o assunto):

He identifies mass incarceration as a major cause of modern inequality, with large and uncounted collateral effects. Imprisonment does more than reflect the divides of race and class. It deepens those divides—walling off the disadvantaged, especially unskilled black men, from the promise of American life. While violent criminals belong in jail, more than half of state and federal inmates are in for nonviolent crimes, especially selling drugs. Their long sentences deprive women of potential husbands, children of fathers, and convicts of a later chance at a decent job. Similar arguments have been made before, but Western, a Princeton sociologist, makes a quantitative case. Along the way, his revisionist account of the late 1990s detracts from its reputation as an era of good news for the poor. Its appearance coincides with several other instructive new studies of American incarceration.

(...)

Meanwhile, the "war on drugs" led to the arrest of growing numbers of small-time users and dealers. By the late 1990s, 60 percent of federal inmates were in for drug offenses. The result is an ever-growing prison system, populated to a significant degree by people who need not be there. It was no liberal advocate but Supreme Court Justice Anthony M. Kennedy who offered a damning view of criminal justice in the United States: "Our resources are misspent, our punishments too severe, our sentences too long."

(...)

Much about black underclass life is tragic, but the racial imbalance in the prison population is particularly extreme. For example, while blacks are twice as likely as whites to be unemployed, they now go to prison eight times as often. We are used to thinking of prison as at least partially a byproduct of the larger tragedy of poverty; Western depicts it as a cause. Through mass incarceration, he writes, "the poor are made poorer and have fewer prospects."

It happens in part because an inmate's earnings prospects fall. Most men in their twenties and thirties experience rapid earnings growth, as their skills and contacts expand. Those in prison atrophy and leave stigmatized. Devah Pager, a Northwestern University sociologist, conducted an experiment in which pairs of otherwise identical men applied for jobs with one identifying himself as an ex-con. The disclosure of a prison record reduced the chances of getting a second interview by half for whites and by two thirds for blacks. Using the National Longitudinal Survey of Youth, Western estimates that a prison record reduces a man's annual earnings by 30 to 40 percent, through less work and lower pay. For the average black man, the lifetime loss comes to $86,000. (Whites, with more to lose, lose more: $114,000.)

(...)

The 1990s were said to be a time when rising tides finally did lift all boats. Western warns that part of the reason, statistically speaking, is that many poor men have been thrown overboard—the government omits prisoners when calculating unemployment and poverty rates. Add them in, as Western does, and joblessness swells. For young black men it grows by more than a third. For young black dropouts, the jobless rate leaps from 41 percent to 65 percent. "Only by counting the penal population do we see that fully two out of three young black male dropouts were not working at the height of the 1990s economic expansion," Western warns. Count inmates and you also erase three quarters of the apparent progress in closing the wage gap between blacks and whites

Western is not just tinkering with the numbers. He is rewriting one of the era's major story lines. "This is the first recovery in three decades where everybody got better at the same time," President Clinton said just before leaving office. "I just think that's so important." Punishment and Inequality in America shows that among one vital group of the poor, the opposite was true: as official unemployment hit record lows, joblessness among young black dropouts rose to record highs. The prison expansion reflected inequality. The prison expansion created inequality. The prison expansion hid inequality from view.