Wednesday, November 22, 2017

Diferentes formas de ver a "liberdade económica"

Scott Sumner refere que em tempos «wrote a paper that looked at several definitions of neoliberalism, and found that what I called "egalitarian neoliberalism" was especially closely correlated with civic virtue. This model was based on the various indices of economic freedom, with the sign on size of government inverted (so that bigger government was a plus, not a minus as in the typical economic freedom indices). For example, the (high trust) Nordic countries gravitate toward models that combine free markets and large government.»

Isso faz-me lembrar três coisas:

- A minha tentativa de operacionalizar a teoria de Daron Acemoglu e James Robinson sobre as instituições extrativas e inclusivas (esse índice de liberdade económica  invertendo o sinal do tamanho do governo parece tal e qual o que eu conclui que eram as "instituições económicas inclusivas")

- A minha hipótese de que culturas que valorizam mais o raciocinio lógico-abstrato do que os relacionamentos inter-pessoais tendem a ter "instituições inclusivas".

- E, finalmente, a minha outra hipótese de que se numa sociedade as pessoas têm fama de serem frias, fechadas, distantes e reservadas, muito provavelmente será uma sociedade com alto "capital social", com muita participação cívica e muitas associações voluntárias.

Como é que isso tudo se encaixa? Se as tais culturas mais lógicas-abstratas do que interpessoais forem também as com mais "capital social", possivelmente serão também as com mais "virtude cívica", e por outro lado serão também as com "instituições (mais) inclusivas" (que eu entretanto defini como, na economia, sendo uma combinação de liberdade micro-económica com altos impostos e despesas públicas - ou seja, o "egalitarian neoliberalism" de Sumner).

É verdade que não sei bem exatamente o que Sumner quer dizer com "virtude cívica" (provavelmente explica no paper que ele linka), mas não é difícil imaginar como uma atitude mais "lógica-abstrata" do que "inter-pessoal" possa levar a um comportamento "virtuoso": parece-me o género de atitude que leve mais o individuo a interiorizar um conjunto de regras (que, atenção, podem não coincidir com as leis do seu país ou as normas maioritárias na sua sociedade) e a segui-las rigidamente (tal como se estivesse a resolver um problema matemático), enquanto uma atitude mais "inter-pessoal" desemboca facilmente numa cultura de "jeitinhos", cunhas e "cada caso é um caso".

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