A respeito da greve dos professores às aulas de substituição, ocorre-me que essas "aulas" são uma "loose-loose situation" (isto é, uma situação em que todos ficam a perder).
Para começar, convém explicar em que consistem essas "aulas" (se eu não conhecesse muitos professores, se calhar não sabia o que eram): ao contrário do que o nome indica, não são propriamente "aulas de substituição", isto é, não é uma situação em que quando, digamos, o professor de matemática falta, vai outro professor dar a aula em lugar dele. Não: o que se passa é que quando um professor falta, chama-se outro professor (de qualquer matéria - aliás, penso que os professores para a "substituição" já estão previamente escalados: cada professor já sabe que, a certa hora, está de plantão para "substituir" qualquer "furo" que apareça), de qualquer matéria, apenas para manter os alunos ocupados nessa hora (normalmente, inventando umas actividades quaisquer). No fundo, os professores vão desempenhar o mesmo papel que as "continuas" desempenhavam no tempo que a minha mãe andava no liceu: quando um professor faltava, as alunas iam para uma sala, aonde, durante essa hora, a "continua" ficava a tomar conta delas (cruzando os testemunhos da minha mãe com os do meu pai, acho que tal só acontecia nos liceus femininos).
Ora, isso é uma situação que só traz prejuizos para toda a gente: os professores ficam a perder, porque essas horas não são contadas como horário lectivo, logo passam a trabalhar mais pelo mesmo ordenado. E os alunos perdem essa hora de liberdade (os leitores na casa dos trinta devem lembrar-se do entusiasmo que havia quando soava o "segundo toque" sem o professor aparecer) sem qualquer beneficio em termos de aprenderem matéria.
Aliás, é curioso que essa questão praticamante só tenha sido debatida na prespectiva dos professores (aquela conversa da componente lectiva, do horário, de como essas aulas devem ser pagas, etc.) e, que eu saiba, nenhum comentador tenha levantado a questão de essas aulas serem uma restrição inútil da capacidade de desenvolvimento da autonomia dos jovens sem se ganhar nada com isso a nível de aprendizagem.
Para começar, convém explicar em que consistem essas "aulas" (se eu não conhecesse muitos professores, se calhar não sabia o que eram): ao contrário do que o nome indica, não são propriamente "aulas de substituição", isto é, não é uma situação em que quando, digamos, o professor de matemática falta, vai outro professor dar a aula em lugar dele. Não: o que se passa é que quando um professor falta, chama-se outro professor (de qualquer matéria - aliás, penso que os professores para a "substituição" já estão previamente escalados: cada professor já sabe que, a certa hora, está de plantão para "substituir" qualquer "furo" que apareça), de qualquer matéria, apenas para manter os alunos ocupados nessa hora (normalmente, inventando umas actividades quaisquer). No fundo, os professores vão desempenhar o mesmo papel que as "continuas" desempenhavam no tempo que a minha mãe andava no liceu: quando um professor faltava, as alunas iam para uma sala, aonde, durante essa hora, a "continua" ficava a tomar conta delas (cruzando os testemunhos da minha mãe com os do meu pai, acho que tal só acontecia nos liceus femininos).
Ora, isso é uma situação que só traz prejuizos para toda a gente: os professores ficam a perder, porque essas horas não são contadas como horário lectivo, logo passam a trabalhar mais pelo mesmo ordenado. E os alunos perdem essa hora de liberdade (os leitores na casa dos trinta devem lembrar-se do entusiasmo que havia quando soava o "segundo toque" sem o professor aparecer) sem qualquer beneficio em termos de aprenderem matéria.
Aliás, é curioso que essa questão praticamante só tenha sido debatida na prespectiva dos professores (aquela conversa da componente lectiva, do horário, de como essas aulas devem ser pagas, etc.) e, que eu saiba, nenhum comentador tenha levantado a questão de essas aulas serem uma restrição inútil da capacidade de desenvolvimento da autonomia dos jovens sem se ganhar nada com isso a nível de aprendizagem.
1 comment:
isto da educação é uma parvoice...
escolas da ponte já!!, quero vê-las espalhadas por todos os cantos deste país.
não quero futuros burocratas, nem tecnocratas, pessoas frustradas e descontentes, "a minha empresa, é a minha casa e a minha familia, por ela dou sangue, suor e lagrimas", sem autonomia.
não quero que o meu filho apenas salte, rebole ou dê a pata só por mais uns quantos biscoitos a mais. quero pessoas que amam o que fazem. a arte pela arte, o conhecimento pelo conhecimento; caso contrario é imposição.
imposição feita por castigo e recompesa, do genero relação deus-crente, é altura da humanidade atingir a maioridade.
agora até é preciso um professor, ou alguem para entreter os jovens ou para lhes darem actividades... nada disso. concordo consigo.
o meu filho que corra, salte, suba às arvores, magoe-se, roube laranjas, discuta... caso contrario será mais uma ovelha, mais uma peça na engrenagem da tirania do sucesso, mais um produto da educação em série.
que se lixe o status e o sucesso.
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