Ontem, na Assembleia da República, o deputado do CDS Nuno Melo, ao criticar a posição de Freitas do Amaral na questãos das caricaturas, disse que Freitas devia ter-se esquecido do livro que escreveu sobre Afonso Henriques, "aonde os mouros eram os vilões".
Claramente Nuno Melo não leu o livro. Por exemplo, no episódio referente à tomada de Lisboa, a descrição de Freitas é, basicamente, a dos portugueses e mouros a tentarem negociar uma saida pacífica e os cruzados (i.e., os estrangeiros aliados aos portugueses) a boicotarem as negociações.
Além disso, Freitas várias vezes argumenta que, quando Afonso Henriques foi demasiado guerreiro contra os mouros, isso enfraqueceu militarmente Portugal e pôs a independência em perigo (já que precisou de pedir ajuda ao rei de Leão).
Ou seja, o livro de Freitas (com um certo exagero meu, claro) até segue uma linha quase de defesa da "amizade luso-árabe".
Como já disse, acho o comunicado de Freitas uma parvoice, mas este género de crítica não faz qualquer sentido.
Uma nota final: se fossêmos fazer o exercício sem sentido de aplicar os conceitos actuais aos tempos de D. Afonso Henriques, se calhar os "mouros" seriam os "bons" e nós e os espanhóis os "agressores" - afinal, nós é que estávamos a "invadir" territórios que estavam há séculos na posse deles (bem, como penso que a maioria dos habitantes do "al-Andalous" era cristã, talvez se possa argumentar que era uma "guerra de libertação" dos "povos oprimidos").
Claramente Nuno Melo não leu o livro. Por exemplo, no episódio referente à tomada de Lisboa, a descrição de Freitas é, basicamente, a dos portugueses e mouros a tentarem negociar uma saida pacífica e os cruzados (i.e., os estrangeiros aliados aos portugueses) a boicotarem as negociações.
Além disso, Freitas várias vezes argumenta que, quando Afonso Henriques foi demasiado guerreiro contra os mouros, isso enfraqueceu militarmente Portugal e pôs a independência em perigo (já que precisou de pedir ajuda ao rei de Leão).
Ou seja, o livro de Freitas (com um certo exagero meu, claro) até segue uma linha quase de defesa da "amizade luso-árabe".
Como já disse, acho o comunicado de Freitas uma parvoice, mas este género de crítica não faz qualquer sentido.
Uma nota final: se fossêmos fazer o exercício sem sentido de aplicar os conceitos actuais aos tempos de D. Afonso Henriques, se calhar os "mouros" seriam os "bons" e nós e os espanhóis os "agressores" - afinal, nós é que estávamos a "invadir" territórios que estavam há séculos na posse deles (bem, como penso que a maioria dos habitantes do "al-Andalous" era cristã, talvez se possa argumentar que era uma "guerra de libertação" dos "povos oprimidos").
3 comments:
Sim, mas eles foram invasores dos visigotos. Portanto, nesta estória só há vilóes!
A historia é sempre feita pelos vencedores. A verdade é sempre demasiado complexa para os partidos e os politicos (que vivem do argumento imediato, mais à mão).
"Portanto, nesta estória só há vilóes!"
Realmente, nesse tempo, os vários reinos (cristãos e muçulmanos) estavam todos em guerra uns com os outros (com governantes muçulmanos a prestar vassalagem a cristãos e vice-versa), logo é dificil ver quem estava a atacar ou a defender.
"mas eles foram invasores dos visigotos"
Se quisermos complicar ainda mais a coisa, os visigodos estavam mais ou menos em guerra civil e parece que foi uma das facções que tomou a iniciativa de pedir ajuda aos mouros.
Se os muçulmanos tivessem deixado de existir o deputado do CDS nao teria problemas: poderia falar hoje da herança cultural deixada por eles e pronto. Assunto resolvido.
Mas eles continuam aí, cada vez mais fundamentalistas. Eles não sabem lidar com o "ocidente" nem nós com ele. Eles têm de fazer nós viloes (mesmo quando nao o somos) e nos temos de fazer deles viloes (e julgar a parte pelo todo).
E assim vamos indo, alegremente, neste seculo XXI... :(
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