Na noite de 1 de Fevereiro de 1908, o rei D. Carlos adormece, sem saber que a sua vida esteve por um fio (divergências de última hora entre a Carbonária e alguns cabecilhas republicanos impediram a concretização de um atentado previsto para esse dia). No entanto, em breve teria mais complicações pela frente.
Seis anos mais tarde rebenta a Guerra Mundial. Após alguma hesitação inicial, o governo monárquico decide intervir ao lado dos Aliados (várias razões para isso: o peso da "velha aliança"; a promessa de ficar com uns bocados das colónias alemãs das futuras Namíbia e da Tanzânia; o medo de uma invasão britânica de Moçambique, etc.). O semi-legal Partido Republicano e os anarquistas dinamizam uma campanha de rua pela neutralidade; nomeadamente, os Republicanos evocam constantemente a memória do "Ultimatum" e em todas as suas demonstrações de rua acabam a cantar, a plenos pulmões, "Contra os bretões, marchar, marchar" (agora, um exercício hipotético: já pensaram que, se Portugal fosse à época uma república, os Republicanos talvez tivessem à mesma apoiado os aliados e seria entre os monárquicos que surgiriam algumas simpatias germanófilas?).
Finalmente, a Dezembro de 1917, a crise social provocada pela participação na guerra (e os ecos das desordens que ocorriam no aliado russo, à beira de assinar a rendição) leva um grupo de oficiais republicanos, aliados a alguns monárquicos anti-guerra (entre eles o antigo embaixador em Berlim) a lançar um golpe de Estado. Após alguma hesitação inicial, é proclamada a República (vou fazer outra vez uma especulação sem grandes bases: será que, se Portugal já fosse uma república, não teria havido um golpe que levasse ao poder uma aliança de republicanos germanófilos e monárquicos? Claro que nunca saberemos).
A crise agrava-se - no que respeita à guerra, o novo regime não ata nem desata: opta, pura e simplesmente, por deixar o Corpo Expedicionário Português abandonado, sem o retirar nem o reabastecer, até que este acaba por ser destroçado pela ofensiva alemã em La Lys, na Bélgica. Nas ruas, os antigos aliados republicanos e anarquistas (defensores do fim imediato da guerra) confrontam-se diariamente (um dos principais lideres republicanos até ganha o cognome de "racha-sindicalistas"), e o primeiro presidente, acusado de tendências ditatoriais, é assassinado.
Nos anos seguintes, o Partido Republicano divide-se em três ou quatro facções rivais, enquanto o regime é fortemente atacado, à esquerda e á direita. De um lado, aos anarquistas junta-se o recém-formado Partido Comunista Português; do outro, os monárquicos lançam insurreições em várias cidades do Norte enquanto a Igreja Católica capitaliza aparições que terão ocorrido numas serras para protestar contra o secularismo do novo regime (há também a referir alguns republicanos fãs do autoritarismo do primeiro presidente e vários admiradores dos "novos regimes" que surgem em Espanha e Itália).
A vitória eleitoral da ala radical dos Republicanos, leva, em 1926, a que uma mistura de republicanos conservadores, monárquicos, católicos e pró-fascistas apoie um golpe militar, que conduz a um novo regime, de cariz conservador e autoritário (o resto é historia recente, bem conhecida de todos nós).
Seis anos mais tarde rebenta a Guerra Mundial. Após alguma hesitação inicial, o governo monárquico decide intervir ao lado dos Aliados (várias razões para isso: o peso da "velha aliança"; a promessa de ficar com uns bocados das colónias alemãs das futuras Namíbia e da Tanzânia; o medo de uma invasão britânica de Moçambique, etc.). O semi-legal Partido Republicano e os anarquistas dinamizam uma campanha de rua pela neutralidade; nomeadamente, os Republicanos evocam constantemente a memória do "Ultimatum" e em todas as suas demonstrações de rua acabam a cantar, a plenos pulmões, "Contra os bretões, marchar, marchar" (agora, um exercício hipotético: já pensaram que, se Portugal fosse à época uma república, os Republicanos talvez tivessem à mesma apoiado os aliados e seria entre os monárquicos que surgiriam algumas simpatias germanófilas?).
Finalmente, a Dezembro de 1917, a crise social provocada pela participação na guerra (e os ecos das desordens que ocorriam no aliado russo, à beira de assinar a rendição) leva um grupo de oficiais republicanos, aliados a alguns monárquicos anti-guerra (entre eles o antigo embaixador em Berlim) a lançar um golpe de Estado. Após alguma hesitação inicial, é proclamada a República (vou fazer outra vez uma especulação sem grandes bases: será que, se Portugal já fosse uma república, não teria havido um golpe que levasse ao poder uma aliança de republicanos germanófilos e monárquicos? Claro que nunca saberemos).
A crise agrava-se - no que respeita à guerra, o novo regime não ata nem desata: opta, pura e simplesmente, por deixar o Corpo Expedicionário Português abandonado, sem o retirar nem o reabastecer, até que este acaba por ser destroçado pela ofensiva alemã em La Lys, na Bélgica. Nas ruas, os antigos aliados republicanos e anarquistas (defensores do fim imediato da guerra) confrontam-se diariamente (um dos principais lideres republicanos até ganha o cognome de "racha-sindicalistas"), e o primeiro presidente, acusado de tendências ditatoriais, é assassinado.
Nos anos seguintes, o Partido Republicano divide-se em três ou quatro facções rivais, enquanto o regime é fortemente atacado, à esquerda e á direita. De um lado, aos anarquistas junta-se o recém-formado Partido Comunista Português; do outro, os monárquicos lançam insurreições em várias cidades do Norte enquanto a Igreja Católica capitaliza aparições que terão ocorrido numas serras para protestar contra o secularismo do novo regime (há também a referir alguns republicanos fãs do autoritarismo do primeiro presidente e vários admiradores dos "novos regimes" que surgem em Espanha e Itália).
A vitória eleitoral da ala radical dos Republicanos, leva, em 1926, a que uma mistura de republicanos conservadores, monárquicos, católicos e pró-fascistas apoie um golpe militar, que conduz a um novo regime, de cariz conservador e autoritário (o resto é historia recente, bem conhecida de todos nós).
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