Tuesday, September 26, 2006

Greves

Pelas reacções dos liberais & amigos à greve do Metro, será que o liberalismo significa proibir as greves?

22 comments:

Anonymous said...

o post é uma autentica salgalhada.

nada que já não tenha lido por esses lados.

em relação às greves,
os liberais estão a mostrar o que realmente são...(não preciso de dizer mais nada, pois não?)

eles tem saudades dos bons velhos tempos em que não se podia fazer greve, onde era tudo corrido à cacetada.
assim eles não lutavam pelas suas "benesses".

gosto mesmo é do choradinho: "ah mas vão prejudicar as pessoas e coisa e tal..."

por amor de baco, a greve só é eficaz, e por isso é que é usada, quando causa "contratempos".

Anonymous said...

A greve num serviço público é diferente de uma greve num privado porque não há tantos incentivos à negociação. Em muitos países é, de facto, ilegal os funcionários públicos fazerem greve (a Austria, por exemplo).

Miguel Madeira said...

"A greve num serviço público é diferente de uma greve num privado porque não há tantos incentivos à negociação"

A mim parece-me que, em termos de incentivos à negociação, num serviço público o empregador até está em vantagem: numa empresa privada, uma greve significa prejuizo para os empregados (que não recebem o ordenado) e para o empregador (que perde os proveitos da actividade desse dia); num serviço público, só os empregados é que perdem com a greve (e os clientes/utentes, mas esse prejuizo só afecta o empregador se fôr altura de eleições)

Anonymous said...

Não necessariamente. Para o empregado numa empresa privada, pode sempre dar-se o caso da empresa falir.

O empregado está limitado ao que é economicamente sustentável. Não que não tenham já existido greves que foram para lá disso, como a dos trabalhadores dos portos no Sul de Inglaterra que, quando acabou a greve, o porto tinha fechado e os barcos nunca mais voltaram, mas estas histórias ajudam a manter os incentivos em check.

No público, não há noção do que é sustentável. Não há concorrência. Os trabalhadores têm, no geral, um monopólio e abusam desse poder para extraír rendas, ie, para poder ganhar mais do que ganhariam no privado.

Anonymous said...

os trabalhadores não tem o monopolio. se assim fosse andavam a fazer greve a torto e a direito, algo que não acontece.

por outro lado, e sendo a maioria dos trabalhadores publicos da classe média, caso o país enfrente problemas, isso repercute-se nos impostos que pagam.
de resto, os salarios do funcionarismo publico tem regras.

Anonymous said...

"os trabalhadores não tem o monopolio. se assim fosse andavam a fazer greve a torto e a direito, algo que não acontece."

Mas os trabalhadores públicos já ganham muito mais do que no privado, portanto o equilíbrio está atingido. Só quando vêem a diferença em relação a estes ameaçada (e, novamente, em monopólio, é desequilibrado ganhar tanto quanto se ganharia em concorrência) é que faz sentido fazer greve para equilibrar o mercado (sim, é um mercado, pervertido pelo monopólio, mas um mercado). Enquanto a diferença fôr positiva e grande, não faz sentido a greve.

Há regras, claro, mas têm mais a ver com poder político do que com sustentabilidade económica. Como os funcionários públicos têm mais poder político do que os privados, gera-se este diferencial.

Anonymous said...

"Mas os trabalhadores públicos já ganham muito mais do que no privado"

isto não é sempre assim, exemplos:

motoristas na função publica ganham uma media de 500 euros, no fim da carrreira 800 euros. numa empresa privada um motorista entra a ganhar 700 euros, no fim da carreira 1200 euros.

um director de serviços 6000 euros, numa empresa privada 10000-20000 euros.

um administrativo vai ganhar 600 euros, numa empresa privada 700 a 800 euros.

tecnicos superiores entram a ganhar 900 euros, numa privada normalmente ganha 1200 euros ou mais.

claro que há casos em que ganham mais do que no privado.
só os sectores exclusivamente publicos é que não se pode auferir a questão que coloca.

lembra-se dos notários? ficaram ou não mais caros depois da privatização?

é verdade que há sindicatos que são de temperamento corporativista, como alguns sindicatos dos professores.

de resto, a negociação é feita dentro de principios razoaveis. afinal por detras dos parceiros sociais estão pessoas razoaveis, ou algumas pelo menos.
por fim, o poder politico é escolhido pela grande maioria dos "clientes" desses serviços, portanto há de certa forma um balanço.

Filipe said...

Esses valores de salários parecem-me atirados com alguma irresponsabilidade. Os exemplos de empresas privadas que foste buscar devem ser todas de grandes empresas...

Mas o importante não foi dito e julgo que é o que interessa e está bem clro no post:

o liberalismo promibe greves ou não?

Filipe said...

proíbe?

Anonymous said...

unicer, pinto e cruz, sonafi, sonae, moveme, granitos de portugal, portucel, sotinco, porto editora, etc etc...

são alguns exemplos de empresas que praticam este tipo de salarios, se não forem mais elevados.

"empresas privadas que foste buscar devem ser todas de grandes empresas..."

a quantidade e qualidade de serviços que o estado presta é, em dimensão, comparavel e/ou superior às empresas de grande dimensão, portanto essa questão é irrelevante. e o numero de clientes, está claro.

Anonymous said...

ah e estes numeros foram fornecidos por um cavalheiro que tratou durante 30 e tal anos processos no instituto de emprego.

Anonymous said...

já agora, fica aqui isto:

http://www.youtube.com/watch?v=kYiKdJoSsb8

Anonymous said...

este tambem
http://www.youtube.com/watch?v=NZkr2yWKk24

Filipe said...

Certo, erro meu no comentário ao salários.
Quanto à pergunta sobre a proíbição ou não das greves pelo liberalismo já me responderam... não proíbe.

AA said...

Nenhum liberalismo proibirá greves. Ninguém deverá ser forçado a trabalhar quando não quer.

Mas também não proibe empregadores de dispensarem trabalhadores que em horário de trabalho ponham os seus interesses acima dos da empresa.

Resumindo: igualdade de tratamento, liberdade laboral, liberdade contratual.

aL said...
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aL said...

«Nenhum liberalismo proibirá greves.» aa

mas o liberalismo minimiza [anula] os efeitos da greve. tornando-a ineficaz. Portanto, embora normativamente não a proíba, o liberalismo em termos práticos não é favorável à mesma...

Anonymous said...

pois... é do genero não se tem cão, caça-se com gato.

"ponham os seus interesses acima dos da empresa."

pois isto é e sempre será uma fatalidade, o conflito de interesses. no entanto a ideia de que os trabalhadores querem simplesmente atirar-se ao cofre da empresa, é um pouco forçada.

"Resumindo: igualdade de tratamento, liberdade laboral, liberdade contratual."

quanto a isto bem... dava pano para mangas.

Miguel Madeira said...

"mas o liberalismo minimiza [anula] os efeitos da greve. tornando-a ineficaz"

Por um lado, se não há barreiras legais à contratação de trabalhadores substitutos ou ao despedimento de grevistas isso minimiza os efeitos da greve (embora não os anule - afinal, podemos facilmente encontrar exemplos de greves bem sucedidas em situações em que não há protecção legal para grevistas, ou mesmo quando quando as greves são ilegais).

Por outro lado, sem limitações à "liberdade contratual", também nada impede - legalmente - acordos entre sindicatos e empresas no sentido de a empresa só empregar sindicalizados (ou, pelo menos, de só empregar trabalhadores que paguem quotas sindicais), acordos esses que até podem maximizar os efeitos de uma greve (os "right-to-work states" que aparecem no video do agitador são os estados norte-americanos em que esse tipo de acordos - closed shop e union shop - estão proibidos por lei). Claro que este género de acordos só surgem se o sindicato já fôr, à partida, suficientemente forte para o "impor" à empresa.

Miguel Madeira said...

"Por um lado, se não há barreiras legais à contratação de trabalhadores substitutos ou ao despedimento de grevistas isso minimiza os efeitos da greve (embora não os anule"

Por exemplo, no caso do metro, não sei se seria muito viável contratar uma carrada de novos trabalhadores de repente para substituir os grevistas (e ensiná-los a fazer o trabalho).

Miguel Madeira said...

Já agora, uma questão para o AA e para os liberais que apareçam por aqui: qual é a vossa ("vossa" de cada um; é natural que não tenham uma "opinião colectiva" nesse assunto) opinião sobre o conceito de "requisição civil" - imagino que sejam contra em abstracto, mas, o que é que acham o "mal menor":

- haver direito à greve protegido por lei + possibilidade do governo decretar requisição civil

ou

- haver direito à greve protegido por lei e o governo não poder decretar requisição civil

AA said...

Caro Miguel,

O "direito" à greve podia nem existir. Existiria sim o "direito a não" ser obrigado a trabalhar. Na doutrina liberal, os direitos são "negativos".

Agora, podia haver a "figura" de greve. Cada trabalhador que não trabalhasse em dia de greve poderia ou não declarar "greve", ficando essa declaração registada. Admito que pudesse ser interessante, inclusivamente para os accionista.

Quanto à requisição civil, admito só em casos extremos. O caso extremo mais exemplar é o de guerra...