Saturday, May 15, 2010

Rothbard e os derrames de petróleo

A respeito do Exxon Valdez, Murray Rothbard escreveu Why Not Feel Sorry for Exxon?

To say that the oil spill has been blown up to hysterical dimensions is a grave understatement. Hysteria abounds everywhere, and everywhere the term "disaster" is freely used. Even Pat Buchanan, who of all the media commentators I thought would be most resistant to the wiles of environmentalism, used that term. (...)
Who suffered the loss of the oil spill? None other than the Exxon Corporation, which lost ten million gallons of crude oil; in addition to the $5 million this loss represents, Exxon will be forced to pay cleanup costs, as well as compensation to the economic losses incurred by the fishing industry in Alaska. And so the only loser is Exxon, suffering from the negligence of its allegedly drunken sea captain. So is everyone feeling sorry for Exxon, as I do? Hell no; to the contrary, Exxon has been reviled every day by virtually everyone in the media and in public life. Contrary to government when it commits an accident or similar "externality," Exxon, as a private corporation, must pay the costs it inflicts on others. 
Não é correcto considerar a Exxon como o único prejudicado pelo acidente - como o acidente do Exxon Valdez destruiu recursos mais valiosos do que as indemnizações que ela pagou, quer dizer que provocou prejuízos a terceiros; mas, qual é a minha base para dizer que os prejuzizos foram maiores que a comnpensação paga? Simpes - preferência revelada: se, como Rothbard escreve, havia uma grande indignação contra a Exxon, isso quer dizer que a maior parte das pessoas valorizava mais o ambiente natural do Alasca do que a indemnização que a companhia teve que pagar (se não fosse assim, muita gente iria "feel sorry for Exxon").
Note the difference between the berserker reaction to the Valdez oil spill, and the response to the last great oil spill in 1978, off the French coast, when the Amoco Cadiz let loose no less than 60 million gallons of crude oil into the Atlantic – the worst oil spill in history. There was no hysteria, no screaming headlines, no bellyaching on television. The courts quietly forced Amoco to pay $115 million to compensate for costs of the accident, and that was that. The reactions were different because, in the meantime, the virus of environmentalism has deeply infected our culture. Arguing on the basis of private firms paying the costs of liabilities they impose upon others is all very well, but, as we see in the smears against Exxon, it is not enough.
No fundo, isso apenas quer dizer que, devido à influência do ambientalismo (da mesma forma que montes de mudanças culturais alteraram o valor que damos a determinadas coisas), as pessoas passaram a valorizar mais "a Natureza", logo (aplicando a tal "Teoria Subjectiva do Valor" que imagino Rothbard fosse fã...) a Natureza passou a ser mais valiosa, logo há umas décadas a "opinião pública" contentaria-se com uma dada indemnização e actualmente, mesmo com a indemnização, considera que a empresa continua "em dívida". Bem, e depois? Como eu digo, isso pode ser visto como simplesmente uma alteração de preferências dos consumidores (é verdade que influenciada pela publicidade ambientalista, mas há tantas preferências influenciadas pela publicidade...)

Resumindo, poderemos considerar que (pelo menos do ponto de vista de quem considere o gosto pela natureza como uma simples preferência subjectiva) a indignação generalizada contra desastres ambientais (ou, pelo menos, contra desastres ambientais afectando bens do propriedade pública) é sempre justificada (justifica-se a sí própria!) - se o público (no fundo, o "proprietário" dos bens danificados) está indignado, quer dizer que valoriza/valorizava bastante esses bens, logo que dizer que o prejuízo causado é elevado; e, se , mesmo após o pagamento dos danos, a indignação continua, isso quer dizer que o pagamento não compensou os danos (afinal, se a indignação continua, isso quer dizer que a maior parte das pessoas continuariam a preferir a situação "ausência de acidente" à situação "acidente + indemnização paga", o que significa que acham que os prejuízos  - incluindo o prejuizo psicológico provocado, digamos, pela morte dos patos - foram maiores que a indemnização).

É claro que se poderá contra-argumentar que, então, uma ausência de indignação contra um desastre ambiental também será sempre justificada, seguindo exactamente o mesmo raciocínio; mas não é o caso, porque normalmente os ambientalistas não consideram a preservação da natureza como uma simples preferência subjectiva, logo um ambientalista pode achar que uma dada destruição ambiental é gravíssima mesmo que ninguém mais se preocupe com isso; e, já agora, em certos casos um ambientalista pode não se preocupar minimamente com uma situação que a opinião pública ache uma "tragédia ambiental" (esses casos devem ser bastante raros, mas ocorre-me um: a caça à baleia nas Ilhas Feróe - circulam pelo mundo e-mails indignados sobre essa caçada anual - suspeito que em parte por uma razão estética, já que as baleias são reunidas numa baía antes de serem mortas, e portanto o mar fica vermelho de sangue - mas muitas organizações ambientalistas não vêm problema nenhum nessa caçada, já que é uma espécie que não corre risco de extinção).

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