Nos ultimos tempos têm aparecido noticias a dizer que a Argentina está à beira de entrar de novo em incumprimento, ou em "bancarrota".
O que se passa é que está a ser julgado num tribunal norte-americano se os acordos (reduzindo ou mesmo anulando a dívida) que a Argentina fez com a maior parte dos seus credores após a ultima bancarrota são válidos ou não (o argumento para o "não" é de que o acordo só seria válido se tivesse sido feito com todos os credores, e portanto, como alguns credores não aceitaram a reestreturação, mesmo as dívidas aos credores que a aceitaram continuam válidas).
Assim, caso seja decidido que as dívidas continuam a existir, a Argentina voltará a entrar em bancarrota, já que não conseguirá pagá-las.
O meu ponto é que talvez não seja muito correto apresentar isso como uma nova bancarrota - é simplesmente de novo a velha bancarrota que já aconteceu no principio do século; ou seja, a causa do problema não são novas dívidas entretanto contraidas - são as velhas dívidas que supostamente tinham desaparecido na sequência da bancarrota original e que entretanto ressucitaram.
Acho que esta distinção é relevante em termos de percepção na opinião pública - dizer "nova bancarrota na Argentina" dá a ideia (pelo menos dava-me a mim, antes de ler os detalhes) de algo estilo "a Argentina não pagou as suas dívidas, voltou outra vez a endividar-se e agora já está outra vez a renunciar às dívidas que entretanto contraiu".
Wednesday, July 30, 2014
"Nova bancarrota" na Argentina?
Publicada por Miguel Madeira em 12:58
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