Eu estava lá, no dia que eu acho que foi o principio do fim do cavaquismo (para mim, não foi o Carnaval nem a ponte 25 de Abril).
Há um facto curioso acerca dessa manifestação: é que até estava menos gente que o costume (um amigo meu até comentou "Isto é melhor é deixar-se de fazer manifestações"). Mas, de repente, a policia de choque carrega sobre os manifestantes, descendo a escadaria e os jardins da Assembleia da República - foi um erro fatal: por um lado, o facto de os estudantes terem sido concentrados nos passeios da Praça de S. Bento, só por si, fazia-nos parecer mais; e, mais importante, logo no próprio dia 24, os estudantes das faculdades de Lisboa, ao saberem das noticias da carga policial, dirigiram-se espontaneamente à Praça de S. Bento (ao melhor, às ruelas dos arredores - a praça estava ocupada pelo Corpo de Intervenção) e ao ISEG, que fica ali ao lado.
Quando saí da Praça e fui jantar à cantina do ISEG, aquilo estava a abarrotar de gente, sobretudo alunos da Faculdade de Letras - quase de certeza que, ao fim do dia e à noite esteve lá muito mais gente do que na manifestação propriamente dita.
Conclusão: uma manifestação que até nem tinha sido das melhores, graças à carga policial, tornou-se o ponto de viragem da luta anti-propinas, com manifestações quase diárias nas semanas seguintes.
Conclusão da conclusão: muitas vezes, a "repressão policial" não é apenas "terrorismo oficial"... é burrice!
Efeitos secundários: com a demissão de Couto dos Santos, uma semana depois, e a sua substituição por uma Secretária de Estado, isto foi também o principio do "ManuelaFereirraLeitismo"
Wednesday, December 07, 2005
O Principio do Fim
Publicada por Miguel Madeira em 19:03
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