A.A.Alves escreve na Dia D e no Insurgente que "[n]a sua edição de 24 de Junho de 1974, a prestigiada revista Time alertava para a possibilidade de uma nova era glacial. Os sinais estariam por todo o sítio, desde a “inesperada persistência e grossura dos bancos de gelo nas águas que circundam a Islândia” até à migração para Sul de algumas espécies em busca de calor. Em tom de alarme, os leitores da Time eram igualmente informados de que, desde os anos 1940, a temperatura média global estaria a descer de forma substancial, assim como da existência de numerosos estudos científicos apontando para uma inequívoca tendência de acelerado arrefecimento global. Nos dias de hoje, mantém-se o tom alarmista em torno das alterações climáticas mas o “consenso científico” anunciado é o oposto."
Uma passagem do livro "A Ecologia", de Giordano Repossi, publicado em Portugal em 1977, pelo Círculo dos Leitores (o original italiano deve ser uns anos anterior):
"A presença no ar de anidrido carbónico produzido pela combustão de substências que contêm carbono passou de 290 para 330 partes por milhão nos últimos setenta anos. Se atingirem 600 partes por um milhão, a temperatura da Terra sofrerá um aumento de um grau e meio."
(...)
"Do ponto de vista estritamente técnico , a energia da Terra provém principalmente da absorção das radioções solares. O equilibrio térmico conserva-se mediante a irradiação do excesso de energia no espaço. Ao invés, o anidrido carbónico deixa passar a energia solar para a Terra, mas absorve uma parte considerável da radiação em excesso que a Terra deveria dispersar no espaço."
"Assim, quando o homem queima combustíveis provenientes da decomposição de matéria orgânica liberta na atmosfera quantidades incalculáveis de anidrido carbónico."
"Este óxido de carbono forma uma espécie de abóbada que retêm o calor. É aquilo a que os cientistas chamam «efeito de estufa». Desse modo, o nosso planeta ameaça transformar-se numa espécie de estufa colossal, dentro do qual o calor aumentará cada vez mais."
"Por enquanto trata-se só de uma hipótese, mas, segundo alguns meteorologistas, já se verificou uma variação da temperatura de cerca de meio grau nos primeiros cinquenta anos do século. É um dado que parece desprezável; no entanto, segundo alguns cientistas, pode ter provocado a retirada dos glaciares do Alasca ou outros fenómenos como o que se observou nos Andes do Peru, onde nos últimos decénios a linha das neves subiu a 600-700 m."
"Não se deve esquecer que o homem, com a sua necessidade sempre crescente de energia, dispersa na atmosfera quantidades imensas de calor."
"Outros cientistas, pelo contrário, são do parecer oposto, isto é, que o nosso planeta arrefeceria progressivamente devido às poeiras que permanecem suspensas na atmosfera". [e depois, o texto prossegue, explicando agora a teoria do arrefecimento]
Em primeiro lugar, penso que não é preciso explicar que "anidrido carbónico" era a antiga designação do dióxido de carbono.
Ora, se um livro para o "grande público" (logo, menos dado a nuances e menos actualizado que um texto científico), traduzido para português em 1977 já fala do perigo do aquecimento pelo CO2 (ainda que apresentando-o como "apenas uma hipótese", e contrapondo-o à hipótese oposta), isso quer dizer que de certeza que nos anos 70 (nomeadamente, em 1974) não havia nenhum "consenso científico" sobre o "arrefecimento global".
[Seja como fôr, o essencial desta questão já foi analisado por Rui Curado Silva no seu "debate" com João Miranda]
Uma passagem do livro "A Ecologia", de Giordano Repossi, publicado em Portugal em 1977, pelo Círculo dos Leitores (o original italiano deve ser uns anos anterior):
"A presença no ar de anidrido carbónico produzido pela combustão de substências que contêm carbono passou de 290 para 330 partes por milhão nos últimos setenta anos. Se atingirem 600 partes por um milhão, a temperatura da Terra sofrerá um aumento de um grau e meio."
(...)
"Do ponto de vista estritamente técnico , a energia da Terra provém principalmente da absorção das radioções solares. O equilibrio térmico conserva-se mediante a irradiação do excesso de energia no espaço. Ao invés, o anidrido carbónico deixa passar a energia solar para a Terra, mas absorve uma parte considerável da radiação em excesso que a Terra deveria dispersar no espaço."
"Assim, quando o homem queima combustíveis provenientes da decomposição de matéria orgânica liberta na atmosfera quantidades incalculáveis de anidrido carbónico."
"Este óxido de carbono forma uma espécie de abóbada que retêm o calor. É aquilo a que os cientistas chamam «efeito de estufa». Desse modo, o nosso planeta ameaça transformar-se numa espécie de estufa colossal, dentro do qual o calor aumentará cada vez mais."
"Por enquanto trata-se só de uma hipótese, mas, segundo alguns meteorologistas, já se verificou uma variação da temperatura de cerca de meio grau nos primeiros cinquenta anos do século. É um dado que parece desprezável; no entanto, segundo alguns cientistas, pode ter provocado a retirada dos glaciares do Alasca ou outros fenómenos como o que se observou nos Andes do Peru, onde nos últimos decénios a linha das neves subiu a 600-700 m."
"Não se deve esquecer que o homem, com a sua necessidade sempre crescente de energia, dispersa na atmosfera quantidades imensas de calor."
"Outros cientistas, pelo contrário, são do parecer oposto, isto é, que o nosso planeta arrefeceria progressivamente devido às poeiras que permanecem suspensas na atmosfera". [e depois, o texto prossegue, explicando agora a teoria do arrefecimento]
Em primeiro lugar, penso que não é preciso explicar que "anidrido carbónico" era a antiga designação do dióxido de carbono.
Ora, se um livro para o "grande público" (logo, menos dado a nuances e menos actualizado que um texto científico), traduzido para português em 1977 já fala do perigo do aquecimento pelo CO2 (ainda que apresentando-o como "apenas uma hipótese", e contrapondo-o à hipótese oposta), isso quer dizer que de certeza que nos anos 70 (nomeadamente, em 1974) não havia nenhum "consenso científico" sobre o "arrefecimento global".
[Seja como fôr, o essencial desta questão já foi analisado por Rui Curado Silva no seu "debate" com João Miranda]
1 comment:
o arrefecimento e o aquecimento global são ambos aceites, alias são vistos como forças que actuam ao mesmo tempo no planeta azul.
o arrefecimento é provocado por particulas que até à bem pouco tempo eram lançadas em quantidades industriais, e ainda o são até certo ponto, para a atmosfera fazendo com que as nuvens actuassem como espelhos gigantes bloqueando a radiação solar, fazendo com que chova menos.
pensa-se que as secas em algumas regiões de africa possam ter sido causa deste fenomeno, pois segundo os cientistas, houve uma altereção das monções nessas znoas do globo.
portanto dizer que o arrefecimento não causou nada é ser desonesto.
a "histeria" acerca do arrefecimento foi propalada, nessa altura, pelos media, ao contrario de agora que a relação entre a cultura cientifica e os media se tornou mais seria.
outra questão, muito mais preocupante é a visão sobre este assunto e as suas onsequencias.
há quem se esteja simplesmente a borrifar e segundo eles, é uma boa troca, crises e catastrofes naturais pelo "desenvolvimento tecnologico" (leia-se logica de mercado).
proteger o ambiente e avanço tecnologico não são excludentes, alias se assim fosse, os cfcs ainda seriam legais nem haveriam etars.
pagar para poluir não resolve nada, é atirar areia para os olhos, o dever de todos é poluir o menos possivel dentro do "quadro" tecnologico existente.
a questão central é se estamos dispostos a pagar por isso, ora bem, se continuarmos com este tipo de sistema de distribuição de riqueza, é obvio que dificilmente há disponibilidade para isso.
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