Sunday, November 19, 2006

Ainda sobre as eleições nos EUA

Vendo bem, o resultado das eleições norte-americanos talvez não tenha sido tão "vira o disco e toca o mesmo" como tudo isso.

Se irmos ver os lugares do Senado que passaram dos Republicanos para os Democratas , vemos que os ex-senadores republicanos Jim Talent, Conrad Burns, Mike DeWine, Rick Santorum, Lincoln Chafee, George Allen, de acordo com site OnTheIssues.org, tinham em media uma classificação de aproximadamente 40% em "questões sociais" e de 60% em "questões económicas". Quanto aos novos senadores democratas Claire McCaskill, Jon Tester, Sherrod Brown, Bob Casey, Sheldon Withehouse, James Webb, têm em média uma classificação de aproximadamente 50% em "questões sociais" e de 15% em "questões económicas".

Primeiro, explicar o que isto quer dizer: uma alta percentagem em "questões sociais" significa ser contra a intervenção do estado nas chamadas "questões fracturantes" - defender a legalidade do aborto, a imigração, ser contra as orações nas escolas públicas, contra penas de prisão muito grandes, etc.; uma alta percentagem em "questões económicas" significa ser a favor do liberalismo económico - basicamente, a "esquerda" tenderá a ter resultado alto nas "questões sociais" e baixo nas "questões económicas"; a "direita", ao contrário.

Olhando para estes resultados, realmente não parece ter havido grandes mudanças nas "questões sociais": os novos senadores democratas são, em média, ligeiramente mais "liberais" nesse aspecto que os seus antecessores republicanos, mas a diferença não é muita. No entanto, na "questões económicas", parece ter havido uma grande "viragem à esquerda" (em termos norte-americanos, claro; em termos portugueses seria talvez o equivalente a uma viragem do CDS para o PSD).

Ainda sobre este assunto, True Blue Populists, de Paul Krugman, e, já agora, Red State America against Itself, um artigo de 2004 de Thomas Frank, aonde este argumenta que o mal do Partido Democrata foi ter abandonado a "luta de classes" e assim "dado" a classe operária aos Republicanos (será que isso se está a inverter?).

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