Monday, February 01, 2010

Alberto Gonçalves, Auschwitz e Israel

A libertação de Auschwitz, de que se assinalaram os 65 anos, é um belo e falso eufemismo. Os sobreviventes desse e dos demais campos de concentração não se tornaram homens livres por decreto. Sem contar com os que morreriam em função do tifo e debilitações várias, muitos dos que saíram de Auschwitz saíram para regressar a um passado que já não os esperava, ou para ser mortos em linchamentos "espontâneos", ou para vogar em navios que porto nenhum aceitava, ou para esperar em novos campos de "quarentena" por um destino incerto.

A admissão internacional, e depois formal, da ideia "sionista", nasceu em parte da tragédia subsequente à tragédia maior. Foi, resumindo imenso, a saída possível. Quando se repete, em jeito de lengalenga, a importância de não esquecer Auschwitz, convinha lembrar que, sem um território a que chamassem seu e em que assegurassem a própria protecção, centenas de milhares de judeus teriam arriscado um segundo Holocausto ou sofrido por tempo indeterminado os efeitos do primeiro...

Auschwitz não fechou em 1945, mas a 14 de Maio de 1948, data da fundação de Israel. Logo no dia seguinte, cinco nações vizinhas tentaram terminar o que as câmaras de gás haviam começado. Ainda não deixaram de tentar, frequentemente sob o aplauso de ocidentais esquizofrénicos que umas vezes celebram o fim de Auschwitz e outras vezes partilham os seus princípios.


Bem, em primeiro lugar parece-me que AG está a confundir a esquizofrenia com o sindrome das personalidades múltiplas/identidade dissociativa, que não tem nada a ver; mas essa confusão é tão frequente quando se usa a palavra "esquizofrenia" em sentido figurado que é aceitável...

Mas vamos ao que interessa - AG argumenta que sem a criação de um Estado judeu estes estariam à mercê de um novo Holocausto; mas a mim parece-me que, se existe um pedaço do planeta Terra onde os judeus correm perigo por serem judeus é, exactamente, em Israel (em Nova York ou mesmo em Paris estariam mais seguros). Se AG está tão preocupado com a sorte dos judeus pós-Holocausto, mais valia que reclamasse da escassez de vistos para imigração que os EUA atribuiram...

Aliás, os defensores de Israel costumam, eles sim, caíram numa espécia de esquizofrenia personalidade múltipla, segundo o qual Israel é necessário para existir um sítio onde os judeus possam viver em segurança e, simultaneamente, é um estado que precisa de apoio e solidariedade já que vive constantemente sob a ameaça de ser destruído pelos vizinhos árabes.

2 comments:

Pedro said...

O facto de ser mais seguro para um judeu viver em Nova Iorque ou em Paris do que em Israel apenas dá razão aos argumentos do A.Gonçalves.
Paris e Nova Iorque não têm obrigação moral alguma nem espaço físico possível para serem albergue de judeus. Israel tem-no. Houve injustiçados? Muito certamente que sim, mas pelo menos foi pela primeira vez em milhares de anos que os Judeus conquistaram algo unindo esforços e construindo do nada algo em vez da parasitagem e agiotagem em relação a sociedades já constituídas.
É injusto? A selecção natural é cheia de injustiças...

Miguel Madeira said...

Bem, o Estado de Nova York tem espaço para 7 israeis, e Tel Aviv e Jerusálem em conjunto têm menos de metade da população da "freguesia" de Brooklin