Fala-se em passar a pagar metade do subsidio de Natal dos funcionários públicos em novembro em vez de repartido pelo ano inteiro.
Eu há anos escrevi algo sobre isso:
Pela lógica, os empregadores deveriam adorar a instituição dos subsídios de férias e Natal - afinal, se em vez de pagarem 1.166,67 euros todos os meses, pagarem só 1.000 euros por mês, e mais 1.000 euros em duas ocasiões especiais (em Junho e Novembro, p.ex.), dá para, ao longo do ano, ir pondo de lado o dinheiro para os subsídios, investi-lo em aplicações, e quando chega finalmente a altura de pagar os subsídios, já se embolsou alguns juros. Pela razão oposta, os trabalhadores deveriam detestar esses subsidios - se em vez de receberem 1.000 euros pelas férias, e mais 1.000 pelo Natal, recebessem mais 166,67 euros todos os meses, daria para investirem esse dinheiro, e quando chegasse a altura já teriam mais do que os 1.000 euros de subsidio que recebem.Diga-se que, quer pessoalmente quer nos comentários da internet, já ouvi muita gente zangada com essa medida, porque o seu ordenado mensal vai descer - se for um sentimento generalizado, quer dizer que as pessoas já estão a agir mais racionalmente do que quando escrevi esse post (em que a seguir dizia "no mundo real, as preferências de empresas e trabalhadores sobre isso parecem ser exactamente o oposto da lógica."). Diga-se que nem é preciso o meu cenário do investir o dinheiro para ser melhor recebé-lo em janeiro do que em novembro - para quem tem despesas que tem que pagar já, é melhor receber o dinheiro todos os meses do que receber tudo por atacado em novembro; e para quem não tem despesas urgentes, tanto faz a altura do ano em que o recebem - logo no agregado é sempre preferível começar loga a receber o dinheiro a partir de janeiro.
Não seria melhor transpor para a função pública a regra em vigor nos privados, e passar a ser à escolha? O argumento de ser tecnicamente difícil não vale, porque se pode ser feito nos privados (terem regras de pagamento do subsídio de Natal diferentes para trabalhadores diferentes), também pode ser feito no Estado.
[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]
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