O Público dá destaque a uma notícia de título "Sabe aqueles exercícios que desenvolvem o cérebro? Talvez não o desenvolvam assim tanto", dizendo que "os exercícios cognitivos vendidos por empresas para melhorar as capacidades neurológicas não trazem mais benefícios do que um simples videojogo".
No entanto, indo ver o estudo propriamente dito (de qualquer maneira, é um ponto a favor do Público terem posto um link para o estudo na notícia - grande parte das publicações on-line portuguesas não fazem isso quando falam de "estudos", e é uma trabalheira para encontrar o estudo e confirmar se tem alguma coisa a ver com o que é noticiado) parece-me um pouco mais complexo.
Em primeiro lugar, parece-me que o que está a ser testado é mais o efeito desses "exercicios" sobre coisas ligados à capacidade de autocontrole do que propriamente à capacidade intelectual em sentido estrito:
Increased preference for immediate over delayed and for risky over certain rewards has been associated with unhealthy behavioral choices. Motivated by evidence that enhanced cognitive control can shift choice behavior away from immediate and risky rewards, we tested whether training executive cognitive function could influence choice behavior and brain responses. (...) Pre- and post-training, participants completed cognitive assessments and functional magnetic resonance imaging (fMRI) during performance of validated decision-making tasks: delay discounting (choices between smaller rewards now vs. larger rewards in the future) and risk sensitivity (choices between larger riskier rewards vs. smaller certain rewards).Ou seja, o que está a ser testado é se os participantes, após os treinos, "aprendem" a preferir o longo-prazo ao curto-prazo e o seguro ao arriscado.
Eu posso estar completamente enganado, mas tenho a ideia que as pessoas que fazem/compram esses exercícios tem com motivação primeira desenvolver e treinar o raciocinio, conseguirem pensar mais depressa, etc., não tento aumentar a sua autodisciplina e auto controle (ainda mais que creio que esses exercicios são frequentemente direcionados para a população mais idosa, cujas preocupações sejam mais "não quer ficar senil e com o raciocínio atrofiado" e não tanto "não quero ser um esgroviado que não pensa no futuro e gasta tudo em copos, mulheres [alterar de acordo com sexo e preferência] e motos de alta cilindrada").
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