Um argumento típico dos defensores dos crucifixos nas escolas (nomeadamente dos liberais pró-crucifixo) é de que as escolas públicas não devem ser gerida centralmente pela "burocracia" do Ministério da Educação, mas sim de acordo com a vontade dos pais dos alunos. Um exemplo típico é este post do portugal contemporãneo:
"8. Num Estado Liberal, a gestão das escolas e a sua inserção nas comunidades onde funcionam, deve obedecer ao princípio da subsidiariedade. As decisões sobre o seu funcionamento e a forma como se ligam aos cidadãos a que se dirigem, devem ser locais, autónomas do poder central e tomadas pelos cidadãos que estão mais próximos dessas instituições: entidades representativas dos alunos e dos pais, órgãos académicos localmente eleitos e não nomeados pelo poder central, etc."
Eu até nem discordo completamente desse raciocinio, já que sou um bocado a favor do "modelo Summerhill", em que as regras da escola são decidas pelo plenário de alunos e funcionários (como se trata de um internato, têm mais regras que uma escola normal). No entanto, tenho dúvidas se mesmo um plenário deve ter o direito de instalar cruzes (ou foices-e-martelos) em salas de aula de uma escola pública: afinal, nas democracias há limites constitucionais ao poder da maioria (51% dos deputados não podem proclamar o catolicismo religião oficial ou obrigar toda a gente a usar cabelo comprido) - à partida, parece-me que a neutralidade religiosa deve ser um desses limites (mas reconheço que a situação é complexa, já que é dificil decidir exactamente quando é que os limites estão a ser violados; e, mais importante ainda, quem vai decidir isso?).
No entanto, há aqui um detalhe curioso: é que os defensores da participação dos pais (imagino que como encarregados de educação) na gestão das escolas públicas nunca demonstraram grande entusiasmo pela ideia das universidades públicas serem geridas pelos estudantes (que, na esmagadora maioria, são os seus próprios encarregados de educação) - normalmente, é exactamente a direita que mais se queixa no poder dos estudantes nas universidades!
"8. Num Estado Liberal, a gestão das escolas e a sua inserção nas comunidades onde funcionam, deve obedecer ao princípio da subsidiariedade. As decisões sobre o seu funcionamento e a forma como se ligam aos cidadãos a que se dirigem, devem ser locais, autónomas do poder central e tomadas pelos cidadãos que estão mais próximos dessas instituições: entidades representativas dos alunos e dos pais, órgãos académicos localmente eleitos e não nomeados pelo poder central, etc."
Eu até nem discordo completamente desse raciocinio, já que sou um bocado a favor do "modelo Summerhill", em que as regras da escola são decidas pelo plenário de alunos e funcionários (como se trata de um internato, têm mais regras que uma escola normal). No entanto, tenho dúvidas se mesmo um plenário deve ter o direito de instalar cruzes (ou foices-e-martelos) em salas de aula de uma escola pública: afinal, nas democracias há limites constitucionais ao poder da maioria (51% dos deputados não podem proclamar o catolicismo religião oficial ou obrigar toda a gente a usar cabelo comprido) - à partida, parece-me que a neutralidade religiosa deve ser um desses limites (mas reconheço que a situação é complexa, já que é dificil decidir exactamente quando é que os limites estão a ser violados; e, mais importante ainda, quem vai decidir isso?).
No entanto, há aqui um detalhe curioso: é que os defensores da participação dos pais (imagino que como encarregados de educação) na gestão das escolas públicas nunca demonstraram grande entusiasmo pela ideia das universidades públicas serem geridas pelos estudantes (que, na esmagadora maioria, são os seus próprios encarregados de educação) - normalmente, é exactamente a direita que mais se queixa no poder dos estudantes nas universidades!
1 comment:
Então, sim à participação dos Pais, não à dos Encarregados de Educação.
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