Monday, January 23, 2006

Finalmente, um post de jeito

Após uma série de posts que foram mais uma forma de brincar com a derrota quase total que sofri do que outra coisa qualquer, uma reflexão mais séria: olhem para os resultados de Barão de S. Miguel, Budens, e, já agora, Ferragudo, Parchal, Alvor, Mexilhoeira Grande, Lagos ou mesmo a Fuseta (ainda que neste último Louçã fique em quinto). Será que ainda podem dizer que "o Bloco não passa de um fenómeno (...) urbano, chique, universitário e vagamente cosmopolita"?

E, se calhar, não tem tão poucos pescadores como isso (à atenção do Tiago Mendes).

5 comments:

Tiago Mendes said...

Só hoje vi as tuas análises sulistas e pouco liberais - muito boas ;)

Mais a sério, eu acho que o Bloco está cada vez mais próximo do PCP, aliás, eles vivem o dilema, que é quererem continuar pequeninos, até "marginalizados", mas também quererem crescer. Um contrasenso para um partido como eles.

O Louçã voltou aos tempos do PSR. Sendo ele um tipo inteligente, consegue mesmo, para mim, ser o tipo mais execrável da política portuguesa. O discurso do PCP, ontem, foi hilariante. Aquela pose, de quem está em 1920, às portas da luta contra os capitalistas, a fazer uma declaração de guerra. Ao menos o Carvalhas tinha alguma pose, e conseguir falar dos "tempos que correm". Jerónimo é muito simpa´tico mas quanda fala de política aquilo é de bradar aos céus.

sabine said...

"o Bloco não passa de um fenómeno (...) urbano, chique, universitário e vagamente cosmopolita". É este o problema, não é? Ainda não conseguiu acabar com o estereótipo, pois não? O Bloco ou é associado ao PCP, ou é "a esquerda foclórica" mas ainda é um fenómeno de gente endinheirada. Que pensam os dirigente do Bloco? São favoráveis à democracia? Porque é que Louça disse que se não vivesse em Portugal viveria na América? Louçã não é filho de pais ricos? A sua mulher não é irmã de um ministro do PS? Há coisas que nem eu nem ninguém conseguiu perceber. Desculpe a minha impertinencia ao fazer tanta pergunta mas tem de ser.

Miguel Madeira said...

Tiago:

Eu acho o Jerónimo muito melhor que o Carvalhas: claramente, ele acredita no que diz, enquanto o Carvalhas via-se que estava a representar um papel decorado.

Mudando de assunto, cheguei à conclusão que as nossas respostas ao quizz do "número primo" estão erradas. Se calhar, ainda vou fazer um post sobre isso.

Tiago Mendes said...

"Mudando de assunto, cheguei à conclusão que as nossas respostas ao quizz do "número primo" estão erradas. Se calhar, ainda vou fazer um post sobre isso."

Como? Acho estranho... mas há aqui argumentos epistemológicos fortes. Não quero interromper a minha sabática, mas isso parece muito interessante. Manda-me um mail se te apetecer, senão vou passando por aqui.

PS: discordo do que dizes quanto ao JS e CC, mas acho que não vale a pena discutir, honestly.

Miguel Madeira said...

Sabine:

"Porque é que Louça disse que se não vivesse em Portugal viveria na América?"

Claro que só o Louçã poderá responder a essa pergunta, mas, atendendo a que os trotskistas são contra todos os regimes politicos actualmente existentes, ele pode perfeitamente dizer que preferia viver nos EUA como noutro país qualquer.

A Sabine chegou a ver aquele post meu, em que punha um texto do Ernest Mandel (o "guru" de Louçã) quase a elogiar os EUA contra os paises de "tradição napoleonica"?

"Louçã não é filho de pais ricos?"

É. Ou melhor, eu não sei se a familia é rica em termos de possuir muito património, mas é oriundo de uma familia de rendimentos elevados.

No entanto, diga-se que sei de um primo do Louçã (e apoiante entusiástico do Bloco) que é pedreiro e apanhador de marisco. Tenho a vaga ideia que quem é mais "alta burguesia" é sobretudo o ramo lisboeta da familia (os Louçã), não o ramo algarvio (os Anacleto). Curiosamente, os Anacleto têm uma tradição anarco-sindicalista, e creio que os Louçã têm raizes salazaristas (o trotskismo deve ter sido a sintese possível).

"A sua mulher não é irmã de um ministro do PS?"

É. No entanto, não é o estrato social do "líder" que permite observar um partido - por essa ordem de ideias, o PCP teria, durante muitos anos, sido um partido composto por advogados (Cunhal) e economistas (Carvalhas).

"São favoráveis à democracia?"

Essa vai ter direito a post.