Na sua coluna no Diário de Notícias, Francisco Sarsfield Cabral tenta justificar a baixa dos salários reais dizendo que "Temos 75% da riqueza média europeia por cabeça, mas apenas metade da produtividade. É insustentável". Imagino que com "riqueza média" ele se esteja a referir a "rendimento médio". Ora, será que é algum "mistério" ou algum milagre "insustentável" que a produtividade seja 50% da europeia mas o rendimento 75%?
Vamos lá ver o que significa cada coisa: a "produtividade" é a produção total a dividir pelo número de trabalhadores; o "rendimento médio" é a produção total a dividir pelo número de habitantes (não é bem a produção total - somam-se também os rendimentos obtidos no estrangeiro por residentes e descontam-se os rendimentos obtidos em Portugal por não-residentes; no entanto, acho que isso não afecta muito o cálculo).
Assim, se a nossa [(produção)/(nº de trabalhadores)] é 50% da europeia, mas o nosso [(produção)/(nº de habitantes)] é 75% da europeia, isso só significa uma coisa: que o nosso rácio [(nº de trabalhadores)/(nº de habitantes)] é maior do que na Europa - e, realmente, Portugal é, por um lado, um dos países da UE em que as mulheres participam mais do mercado de trabalho, e também um países em que os jovens começam a trabalhar mais cedo. Ou seja, não há nada de misterioso ou insustentável nesta diferença entre os niveis de rendimento e de produtividade.
"Por isso, a prioridade dos sindicatos deveria ser a melhoria da produtividade"
Há um ditado nos EUA que diz "cuidado com o que desejas - pode ser que se realize". Se os sindicatos se começassem "a preocupar com a produtividade" e, portanto, começassem a querer discutir questões como os métodos de trabalho, que sistemas informáticos usar, etc., muitos gestores e patrões iriam, nostálgicos, pensar "Há, que belos tempos em que eles exigiam dinheiro, mas, de resto, não se metiam no nosso pelouro".
Vamos lá ver o que significa cada coisa: a "produtividade" é a produção total a dividir pelo número de trabalhadores; o "rendimento médio" é a produção total a dividir pelo número de habitantes (não é bem a produção total - somam-se também os rendimentos obtidos no estrangeiro por residentes e descontam-se os rendimentos obtidos em Portugal por não-residentes; no entanto, acho que isso não afecta muito o cálculo).
Assim, se a nossa [(produção)/(nº de trabalhadores)] é 50% da europeia, mas o nosso [(produção)/(nº de habitantes)] é 75% da europeia, isso só significa uma coisa: que o nosso rácio [(nº de trabalhadores)/(nº de habitantes)] é maior do que na Europa - e, realmente, Portugal é, por um lado, um dos países da UE em que as mulheres participam mais do mercado de trabalho, e também um países em que os jovens começam a trabalhar mais cedo. Ou seja, não há nada de misterioso ou insustentável nesta diferença entre os niveis de rendimento e de produtividade.
"Por isso, a prioridade dos sindicatos deveria ser a melhoria da produtividade"
Há um ditado nos EUA que diz "cuidado com o que desejas - pode ser que se realize". Se os sindicatos se começassem "a preocupar com a produtividade" e, portanto, começassem a querer discutir questões como os métodos de trabalho, que sistemas informáticos usar, etc., muitos gestores e patrões iriam, nostálgicos, pensar "Há, que belos tempos em que eles exigiam dinheiro, mas, de resto, não se metiam no nosso pelouro".
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