(tema que me ocorreu pelos comentários a este post)
A respeito do trabalho infantil em países do Terceiro Mundo, por vezes argumenta-se que fazer qualquer coisa contra isso só vai tornar essas populações mais pobres.
Mas, imaginemos uma fábrica com 100 trabalhadores, 30 dos quais "crianças" (o conceito é díficil definir, mas, digamos, com menos de 13 anos). Suponhamos que a empresa em questão deixa de contratar crianças (seja por legislação local, por legislação nos países importadores, por boicotes da "sociedade civil", etc.). Assim, se deixa de contratar essas 30 crianças, vai contratar 30 adultos no lugar delas, logo, o país em questão não vai ficar mais pobre (e mesmo que as tais 30 crianças - e respectivas famílias - fiquem mais pobres, as famílias - e respectivas crianças - dos tais 30 adultos vão ficar menos pobres).
Poder-se-á argumentar: "mas, não haverá a possibilidade de a empresa, pura e simplesmente, não contratar ninguém para substituir a 30 crianças?". Isso poderia ser se não houvesse mais mão-de-obra disponível que não as crianças, mas, regra geral, não é o caso nesses países (e, se fosse, também não era mau: se as empresas ficassem com falta de gente para trabalhar, isso iria originar uma subida dos salários).
A respeito do trabalho infantil em países do Terceiro Mundo, por vezes argumenta-se que fazer qualquer coisa contra isso só vai tornar essas populações mais pobres.
Mas, imaginemos uma fábrica com 100 trabalhadores, 30 dos quais "crianças" (o conceito é díficil definir, mas, digamos, com menos de 13 anos). Suponhamos que a empresa em questão deixa de contratar crianças (seja por legislação local, por legislação nos países importadores, por boicotes da "sociedade civil", etc.). Assim, se deixa de contratar essas 30 crianças, vai contratar 30 adultos no lugar delas, logo, o país em questão não vai ficar mais pobre (e mesmo que as tais 30 crianças - e respectivas famílias - fiquem mais pobres, as famílias - e respectivas crianças - dos tais 30 adultos vão ficar menos pobres).
Poder-se-á argumentar: "mas, não haverá a possibilidade de a empresa, pura e simplesmente, não contratar ninguém para substituir a 30 crianças?". Isso poderia ser se não houvesse mais mão-de-obra disponível que não as crianças, mas, regra geral, não é o caso nesses países (e, se fosse, também não era mau: se as empresas ficassem com falta de gente para trabalhar, isso iria originar uma subida dos salários).
5 comments:
não há nenhuma argumentação possivel em relação ao trabalho infantil.
(bem ...existe sempre o argumento da competitividade...)
nesta questão como noutras sou radical. o trabalho infantil tem de deixar de existir, ponto final.
já é tempo de acabar com a historia de levis e bolas da fifa serem feitas por criancinhas. infelizmente no terceiro mundo, incluindo china e india isso acontece. até aqui alias...
e só ver alguem a tentar justificar a sua existencia enoja-me.
"nesta questão como noutras sou radical. o trabalho infantil tem de deixar de existir, ponto final."
Eu não seria assim tão radical: em certas situações, o trabalho infantil é um mal inevitável. Imaginemos um pequeno agricultor (usando uma tecnologia rudimentar), que, se não pôr os filhos a trabalhar no campo com ele, não consegue produzir o suficiente para os alimentar (ou o suficiente para os alimentar, mas pouco mais). Aí, dificilmente poderemos criticar o trabalho infantil (afinal, é melhor ter que trabalhar do que morrer de fome, ou viver sem os bens que se considera necessários).
Mas já é um mal evitável no contexto de uma economia assalariada, em que se trabalha para um "patrão" - aí já é quase impossivel justificar o trabalho infantil, na medida em que cada criança a trabalhar representa um adulto que não arranja emprego.
Um liberal poderá argumentar que, a longo prazo, não há desemprego, porque os salários (ou seja, o preço do trabalho) irão ajustar-se de forma a equilibrar a oferta e a procura. Mas, mesmo que aceitemos essa visão, o problema mantém-se: o trabalho infantil significa maior oferta de trabalho, logo um menor salário de equilibrio. Ou seja, as crianças a trabalharem em fábricas fazem baixar o ordenados dos seus pais e tios.
caro miguel madeira,
a primeira questão que apresenta não é justificação... se não tem o que comer, os adultos é que se devem organizar. nem que se tenha de tomar de assalto uma propriedade.
alias existem muitas zonas em africa em que se as pessoas não esperassem pelo governo e o governo não impusesse as leis de propriedade e desse liberdade das pessoas se organizarem ( ou se impenhasse na auto organização) as coisas podiam estar muitissimo melhor.
pode pensar que estou a exagerar no entanto há exemplos desses. não sei se conhece bougainville e a revolução dos cocos.
eles produzem sabao, velas, malas, combustivel (limpisssimo, que no mundo exterior é considerado não rentavel), oleo (tres tipos diferentes), tem electricidade tudo graças a uma unica coisa, o coco que é abundante na região.
as visões liberais...são visões liberais. e uma ideologia que trata as pessoas como apenas mais um recurso, igual a qualquer outro, não merece a minha consideração.
"a primeira questão que apresenta não é justificação... se não tem o que comer, os adultos é que se devem organizar. nem que se tenha de tomar de assalto uma propriedade."
Mas, e se mesmo trabalhando em terras controladas por eles (sem precisar de pagar rendas a proprietários absentistas) os adultos, sozinhos (sem ajuda dos filhos), não conseguirem produzir o suficiente para propiciar uma vida "aceitável" a si e aos filhos?
só em casos extraordinarios é que isso aconteceria. no caso de uma catastrofe ou se o terreno não for fertil. aí o caso muda de figura e a comunidade internacional deve ser forçada a ajudar com todos os meios posiveis.
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