Para começar, com "partido" quero dizer "organização que concorre a eleições". Assim, será que participar num partido não é contraditório para um defensor da democracia directa?
Esta é uma questão mais complexa que as anteriores (e que me é particularmente cara, devido à minha condição de militante partidário).
Por um lado, pode-se usar argumentos muito parecidos com os do post anterior: já que há governantes e governados, a militância partidária até é uma forma de ter mais alguma influência sobre os "governantes"; alem disso, pode-se usar a participação nos orgãos da "democracia representativa" para abrir portas à "participativa" (p.ex., um eleito para uma Assembleia Municipal pode organizar reuniões de moradores nos bairros e aldeias e levar as conclusões dessas reuniões à Assembleia).
No entanto, por outro lado, ao se participar num partido (sobretudo num partido que não tenha, no programa, a "democracia directa"), acaba-se muitas vezes por se ter que fazer campanha a favor do sistema "representativo". Um exemplo: está-se a distribuir panfletos na rua e alguém recusa, dizendo "Isso, vocês, políticos, são todos iguais!". Aí, numa campanha eleitoral, a resposta "padrão" é "Nós nunca estivemos lá. Só por os dos outros partidos serem assim, não quer dizer que nós sejamos"; mas esta resposta, na prática, equivale a fazer propagando pela "democracia representativa": no fundo, está-se a dizer "o mal não está em haver governantes e governados, está nas pessoas concretas escolhidas para governantes: substituam os «maus» governantes por «bons» e tudo correrá bem".
Somando todos os "prós" e "contras", acho que não há uma contradição fundamental em pertencer a um partido (sobretudo se for um partido mais de "contra-poder" do que de "poder"); e, seja como fôr, talvez não seja possível um democracia 100% "directa", apenas um evolução ao longo de um continuo "democracia representativa-democracia directa".
Mas, para visões alternativas nesta matéria (e na anterior):
"What is Direct Action?", no Anarchist FAQ.
"Open Letter to Comrade Lenin", de Herman Gorter (texto a refutar o "clássico" de Lenine, "O Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo")
Esta é uma questão mais complexa que as anteriores (e que me é particularmente cara, devido à minha condição de militante partidário).
Por um lado, pode-se usar argumentos muito parecidos com os do post anterior: já que há governantes e governados, a militância partidária até é uma forma de ter mais alguma influência sobre os "governantes"; alem disso, pode-se usar a participação nos orgãos da "democracia representativa" para abrir portas à "participativa" (p.ex., um eleito para uma Assembleia Municipal pode organizar reuniões de moradores nos bairros e aldeias e levar as conclusões dessas reuniões à Assembleia).
No entanto, por outro lado, ao se participar num partido (sobretudo num partido que não tenha, no programa, a "democracia directa"), acaba-se muitas vezes por se ter que fazer campanha a favor do sistema "representativo". Um exemplo: está-se a distribuir panfletos na rua e alguém recusa, dizendo "Isso, vocês, políticos, são todos iguais!". Aí, numa campanha eleitoral, a resposta "padrão" é "Nós nunca estivemos lá. Só por os dos outros partidos serem assim, não quer dizer que nós sejamos"; mas esta resposta, na prática, equivale a fazer propagando pela "democracia representativa": no fundo, está-se a dizer "o mal não está em haver governantes e governados, está nas pessoas concretas escolhidas para governantes: substituam os «maus» governantes por «bons» e tudo correrá bem".
Somando todos os "prós" e "contras", acho que não há uma contradição fundamental em pertencer a um partido (sobretudo se for um partido mais de "contra-poder" do que de "poder"); e, seja como fôr, talvez não seja possível um democracia 100% "directa", apenas um evolução ao longo de um continuo "democracia representativa-democracia directa".
Mas, para visões alternativas nesta matéria (e na anterior):
"What is Direct Action?", no Anarchist FAQ.
"Open Letter to Comrade Lenin", de Herman Gorter (texto a refutar o "clássico" de Lenine, "O Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo")
1 comment:
os anarquistas não vão por partidos, pois tem a noção que não é atraves de partidos que se dá a revolução.
alias se a esquerda radical representada actualmente um pouco por todo o mundo vencesse, apenas daria azo a uma guerra.
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