Sunday, April 16, 2006

Os conservadores e o "politicamente correcto"

Hoje em dia, a critica favorita que os conservadores fazem aos "anti-conservadores" é chamá-los de "politicamente correctos" (e reclamar contra o dominio do "politicamente correcto). Mas, se formos ver bem, essa critica é totalmente incoerente.

O que é caracteriza os conservadores? No aspecto "social", penso que é considerar que são os costumes e tradições partilhadas que mantêm a sociedade a funcionar (enquanto os "progressistas" dizem, uns que é "a razão", outros que é "a bondade natural do homem", etc.). Ou seja, a essencia do conservadorismo social é exactamente a ideia de que, para a sociedade funcionar, tem que existir um "politicamente correcto" (ou um "socialmente correcto"...), um conjunto de ideias aceites de forma largamente maioritária e mais por hábito do que pela reflexão - logo, eles criticarem-nos por sermos "politicamente correctos" não faz sentido: para um conservador, ser "politicamente correcto" até devia ser um elogio.

Claro que os conservadores podem dizer "Nós não somos, em abstracto, contra haver um 'politicamento correcto', muito pelo contrário; somos é contra o conteúdo concreto do actual 'politicamente correcto' e queremos substitui-lo por um 'politicamente correcto' ao nosso gosto"; mas, se é assim, não se percebe o porquê de usarem a expressão "politicamente correcto" como critica - afinal, para eles, o mal das "ideias politicamente correctas" está nas "ideias" em si, não nestas serem ou não "politicamente correctas". Assim, se em vez de fazerem grandes discursos contra "a ideologia do politicamente correcto", fizessem esses discursos contra "a ideologia de esquerda" era mais honesto e até era mais rápido a dizer/escrever.

2 comments:

sabine said...

Para mim quer o "politicamente incorrecto" quer o "politicamente correcto" são maneiras de classificar o pensamento muito falaciosas.
O que há é ideias diferentes de pessoas. Ideias que podem ser discutidas e levar as pessoas a mudar de opinião. Mais nada!
Por isso, no essencial, concordo com o seu postal.

Anonymous said...

esta questão faz-me lembrar os dicursos dos politicos.

falam falam falam, mas não quer dizer nada.
tirando as promessas, claro, que nunca deixam de o ser.