Wednesday, August 09, 2006

Inteligência e "infantilidade"

Estive a ler o "Tudo o que é mau faz bem", de Steven Johnson, aonde se argumenta que os jogos de computador/video, a televisão, etc. estão a contribuir para nos tornar mais inteligentes, em aparente contraste com os que falam da "estupidificação" e "infantilização" da cultura popular (p.ex., George Will, cuja uma passagem a respeito da "infantilização" é referida logo no principio do livro).

Mas será que as duas coisas, o aumento da inteligência e a "infantilização" não serão duas faces da mesma moeda? Afinal, em regra, as espécies animais mais inteligentes são aquelas que demoram mais tempo a atingir a maturidade (compare-se o Homem, que demora, no mínimo, uns 14 anos a se tornar adulto, com a mosca drosofila, que fica adulta em 8 dias). Assim, até faz todo sentido que o aumento da inteligência esteja associado a comportamentos considerados "infantis" (como haver gente na casa dos trinta "viciada" em jogos de computador).

6 comments:

sabine said...

Desculpe, mas tenho de lhe fazer essa critica: para alguem que se diz do bloco de esquerda esta argumentação é muito pobrezinha.

sabine said...

Caro Miguel Madeira: pode "invadir" à vontade o meu blogue que é sempre bem-vindo. Em relação à sua pergunta:
Este post parece-me pouco profundo e sinceramente, podia ser escrito por um Insurgente.

Miguel Madeira said...

"Este post parece-me pouco profundo e sinceramente, podia ser escrito por um Insurgente."

Penso que não (embora, claro, teria que perguntar aos Insurgentes).

A primeira tese (a de que os jogos de computador e afins estão a aumentar a inteligência geral) poderia ter sido escrita por um Insurgente (num momento liberal), para mostras as vantagens da "moderna civilização ocidental", dos produtos gerados pela "economia de mercado", etc. (no entanto, a única referência em blogues que vi ao livro de Steven johnson até foi no Canhoto)

A segunda tese, a de que a popularidade dos jogos de computador significam que a sociedade moderna se está a "infantilizar", também poderia ter sido escrita por um Insurgente (num momento conservador) - aliás, se George Will fosse português, provavelmente escreveria na Atlantico.

Já a sintese das duas (o que, no fundo, é a tese deste post) já não sei se seria tão facilmente subscrita pelos Insurgentes: ao fazer esta ligação entre inteligência e "imaturidade", não demora muito para se chegar à tese de que as capacidades cognitivas desenvovem-se melhor num ambiente lúdico do que num ambiente de "dever e responsabilidade", e daí até ao famoso "eduquês" vai um saltinho de cobra.

Anonymous said...

Eu diria que "Tudo o que é excessivo faz mal.
Uma criança passar um dia inteiro em frente de um computador ou de uma XBox, pode realmente desenvolver capacidades extraordinárias de estratégia e de destreza mental. Mas e o resto? Vem da experiência que qualquer ensino especializado estupidifica. No meio sempre esteve a virtude.

Miguel Madeira said...

As crianças são presas por ter cão e por não o terem: se passarem o dia inteiro a dedicarem-se a uma determindade brincadeira, reclama-se que estão "viciadas" (sobretudo se fôr uma brincadeira diferente da que os adultos circundante brincavam na idade delas).

Se, pelo contrário, gostarem de várias brincadeiras e brincarem a várias coisas ao longo do dia, vão dizer "Não se concentra; quer tudo e não quer nada; o mal é ter brinquedos demais".

Anonymous said...

Esse acaba por ser um problema de educação. E cada qual pratica-a como bem entender. Para mim uma criança que passa o dia a brincar com várias coisas, é uma criança criativa e imaginativa. Mas concordo consigo que existem de facto duas visões, muitas vezes aplicadas no mesmo dia pelos mesmos pais. Mas quem não se interessa muito por este assunto são mesmo as crianças! :)