Monday, September 20, 2010

Há benefícios sociais na educação?

Ali em baixo, PR comenta:

"A ideia de que a educação traz benefícios para a sociedade é de facto generalizada mas eu não encontro grandes externalidades [O Milton Friedman dizia mesmo que não havia nenhuma e que por isso não se justificava subsidiar os estudos por outras razões que não as de equidade)".
À primeira vista, o argumento acerca dos benefícios sociais da educação parece evidente: alguém com uma dada formação (digamos, um engenheiro químico) beneficia-se, não apenas a si, mas também as pessoas para quem trabalha (patrões ou clientes), eventualmente também os seus colegas de trabalho (se a sua formação for complementar à deles), etc. Mas, se pensarmos um pouco, isso passa-se em qualquer transacção comercial: alguém que decide ir vender gelados para a praia também beneficia os seus clientes além de ele próprio. Ou seja, só por aí não há nenhuma "externalidade" no sentido económico (no fundo, só há uma "externalidade" quando o benefíco marginal é maior que o preço cobrado). Assim, que externalidades poderá haver no investimento em educação?

Do ponto de vista teórico, consigo imaginar três (note-se que isto é apenas uma especulação teórica - não estou a dizer que estes efeitos existam na realidade, nem que não existam...).

Em primeiro lugar, há grandes externalidades potenciais na criação intelectual - uma ideia só precisa de ser tida uma vez e por uma pessoa para estar disponível para toda a gente (incluindo as gerações futuras). Ora, a formação académica (ou algo equivalente) não é condição suficiente para a tal criação intelectual (longe disso - um individuo pode saber tudo sobre física que isso não quer dizer que alguma vez vá inventar ou descobrir uma nova teoria no ramo), mas é uma condição quase necessária - para alguém "inventar" a teoria da relatividade tem que conhecer previamente as equações de Maxwell, umas fórmulas lagrangeanas, que a velocidade da luz é (?) constante, etc. Assim, quanto mais gente formada existir, maior é a probabilidade de serem feitas novas descobertas e/ou invenções (e não refiro apenas ao campo cientifico/tecnológico).

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