Monday, September 20, 2010

A problemática do rei Artur

Dragonquest; or, A Voyage to Arcturus, por Roderick T. Long, sobre a questão da existência do rei Arthur. Long levanta uma questão interessante (que imagino que se poderá também aplicar a outras figuras, como Robin Hood - ou talves até a Jesus Cristo? - ou mesmo a criaturas como o Yeti) - não só não há certeza sobre a sua existência, como não há certeza sobre o que contaria como "existência"; isto é, qual o grau de semelhança que um senhor da guerra bretão da Alta Idade Média teria que ter com a lenda para podermos considerar que estávamos em presença do "rei Artur"?

Long também sugere que Artur, a ter existido, talvez não fosse um "rei", mas sim apenas o comandante militar de uma aliança de chefes celtas; nomeadamente a ideia de uma "Távola Redonda" onde era suposto os cavaleiros sentarem-se em pé de igualdade faria mais sentido assim do que se estivéssemos a falar de um rei e seus vassalos (mas é possível que sejam as posições políticas de Long - uma espécie de "anarco-capitalista de esquerda", se é que isso faz sentido - o estejam a inclinar para a ideia de Artur ter sido simplesmente uma espécie de "coordenador" de uma confederação voluntária entre iguais).

Já agora, também The Origins of the Arthurian Legend [pdf], por Geoffrey Ashe (provavelmente o único historiador mais ou menos sério inclinado para a existência histórica do rei Artur). A tese de Ashe: Geoffrey de Monmouth, na sua Historia Regum Britanniae, refere que o rei Artur teria combatido na Gália ao lado dos imperadores Leo e Lucius e do papa Sulpicius contra os germanos; ora, a História desconhece completamente o "imperador Lucius" e o "papa Sulpicius"; no entanto, houve um imperador romano do oriente chamado Leo, que reinou mais ou menos no mesmo tempo que o imperador do ocidente Lucerius e que o papa Simplicius. E no tempo de Leo-Lucerios-Simplicius, houve efectivamente um chefe bretão (Riothamos) que lutou ao lado dos Romanos contra os Visigodos e os Burgúndios (embora não seja muito claro se era um "bretão" da Grã-Bretanha, da Bretanha ou das duas). Assim, a conclusão de Ashe é que "Lucius" e "Sulpicius" eram, na realidade, "Lucerius" e "Simplicius", e que "Riothamus" e "Artur" seriam a mesma pessoa; esse explicação têm é um incoveniente: poria é a existência do rei Artur cerca de meio século antes de grande parte dos acontecimentos em que as lendas clássicas o colocam.

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