No post anterior propus-me desmontar a lógica dos argumentos de Pedro Arroja: é verdade que o custo económico de ter um filho é maior para uma mulher de classe média do que de classe baixa, mas também tem mais possibilidades de suportar esse custo, logo é impossivel determinar, numa perspectiva de pura racionalidade económica, que classe social terá mais tendência a fazer abortos.
Depois dos argumentos, os factos (ou, pelo menos, os estudos, que são sempre uma aproximação). Se irmos à página 16 do "Estudo Base sobre as Práticas de Aborto em Portugal"[pdf], temos a percentagem de mulheres, em cada nível de instrução, que terão praticado abortos:
Ensino superior........15,1%
Ensino médio.............13,2%
Ensino básico............15,4%
Pelos vistos (se pudermos fazer uma extrapolação entre classe social e nivel de instrução e classe social), quem recorreria mais ao aborto seriam as mulheres das classes baixa e média-alta e quem recorreria menos seria a classe média (curiosamente, está perto de ser o oposto do que Pedro Arroja previa).
Atendendo que as diferenças entre os diferentes grupos sociais são pequenas e podem ser facilmente atribuidas a erro estatistico, podemos concluir que o efeito "quanto maior o rendimento, maior o custo de oportunidade de cuidar de mais um filho" e o efeito "quanto maior o rendimento, mais dinheiro há para sustentar mais um filho" mais ou menos se anulam na decisão de abortar ou não.
No entanto, independentemente do aborto estar distribuido de forma igualitária pelas diversas classes sociais, é de assinalar que a repressão estatal cai sobretudo sobre as classes mais desfavorecidas: "No julgamento da Maia (...) foram arguídas seis desempregadas, duas operárias, uma cozinheira, uma costureira, uma cabeleireira, uma recepcionista e três empregadas do comércio".
Depois dos argumentos, os factos (ou, pelo menos, os estudos, que são sempre uma aproximação). Se irmos à página 16 do "Estudo Base sobre as Práticas de Aborto em Portugal"[pdf], temos a percentagem de mulheres, em cada nível de instrução, que terão praticado abortos:
Ensino superior........15,1%
Ensino médio.............13,2%
Ensino básico............15,4%
Pelos vistos (se pudermos fazer uma extrapolação entre classe social e nivel de instrução e classe social), quem recorreria mais ao aborto seriam as mulheres das classes baixa e média-alta e quem recorreria menos seria a classe média (curiosamente, está perto de ser o oposto do que Pedro Arroja previa).
Atendendo que as diferenças entre os diferentes grupos sociais são pequenas e podem ser facilmente atribuidas a erro estatistico, podemos concluir que o efeito "quanto maior o rendimento, maior o custo de oportunidade de cuidar de mais um filho" e o efeito "quanto maior o rendimento, mais dinheiro há para sustentar mais um filho" mais ou menos se anulam na decisão de abortar ou não.
No entanto, independentemente do aborto estar distribuido de forma igualitária pelas diversas classes sociais, é de assinalar que a repressão estatal cai sobretudo sobre as classes mais desfavorecidas: "No julgamento da Maia (...) foram arguídas seis desempregadas, duas operárias, uma cozinheira, uma costureira, uma cabeleireira, uma recepcionista e três empregadas do comércio".
1 comment:
este tipo de argumentos mão me vendem.
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