Pelos vistos, Paulo Pinto Mascarenhas acha disparatada a tese de que os jornais de tendência não se aguentam em Portugal.
De qualquer forma, repito o meu comentário sobre o assunto (a que PPM também se refere):
De qualquer forma, repito o meu comentário sobre o assunto (a que PPM também se refere):
Tempo - falido
Independente - falido (e, enquanto teve leitores, foi mais como anti-cavaquista do que como conservador)
O Dia - falido (várias vezes)
Semanário - zombie
Diário de Lisboa - falido
O Jornal - não sei bem o que lhe aconteceu, mas fechou
O Diário - fechado pelo proprietário
Parece que não há mercado…
Eu até tenho uma teoria para explicar isso: os jornais de tendência dão-se melhor em países em que há uma grande polarização esquerda-direita (ou algo parecido). Penso que, em Portugal, até há pouco tempo, essa polarização era pequena - os acontecimentos mais marcantes da história relativamente recente, o Estado Novo e o PREC, encaixaram pouco numa lógica "esquerda vs. direita": imagino que a maior parte das pessoas de direita não fossem salazaristas (mesmo que também não fossem activamente anti-salazaristas), e, no PREC a maior parte da esquerda alinhou com a direita contra a-menor-parte-da-esquerda.
Ou seja, não há em Portugal uma história de "grandes momentos" (como a Frente Popular ou o periodo gaullista em França, ou a Guerra Civil em Espanha) em que estivesse, de um lado, o "povo de esquerda" e, do outro, o "povo de direita". De uma maneira geral, a fronteira que passava entre o PS e o PCP era muito mais forte da que entre o PS e o PSD - logo, um Expresso, um Diário de Noticias ou um Público (jornais para serem lidos pelos eleitores do PS e do PSD) faziam muito mais sentido que um Jornal ou um Diário de Lisboa (jornais dirigidos ao eleitorado do PS e do PCP). E, havendo um núcleo duro de jornais ideologicamente "moderados", também não havia grande espaço para jornais de "direita" (tirando jornais que quase ninguém lê, como O Diabo, só vejo o Correio da Manhã).
Mesmo o cavaquismo escapou a uma pura lógica esquerda-direita: se Cavaco Silva era o homem da "direita sociológica", a maior oposição a ele vinha d'O Independente (e, quando Cavaco se foi embora, O Independente foi-se abaixo).
Ou seja, não há em Portugal uma história de "grandes momentos" (como a Frente Popular ou o periodo gaullista em França, ou a Guerra Civil em Espanha) em que estivesse, de um lado, o "povo de esquerda" e, do outro, o "povo de direita". De uma maneira geral, a fronteira que passava entre o PS e o PCP era muito mais forte da que entre o PS e o PSD - logo, um Expresso, um Diário de Noticias ou um Público (jornais para serem lidos pelos eleitores do PS e do PSD) faziam muito mais sentido que um Jornal ou um Diário de Lisboa (jornais dirigidos ao eleitorado do PS e do PCP). E, havendo um núcleo duro de jornais ideologicamente "moderados", também não havia grande espaço para jornais de "direita" (tirando jornais que quase ninguém lê, como O Diabo, só vejo o Correio da Manhã).
Mesmo o cavaquismo escapou a uma pura lógica esquerda-direita: se Cavaco Silva era o homem da "direita sociológica", a maior oposição a ele vinha d'O Independente (e, quando Cavaco se foi embora, O Independente foi-se abaixo).
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