Tuesday, June 20, 2006

Anarquismos - 3º Round - Parte VIII

Finalizando a resposta ao Dos Santos (que já é hora de me ir deitar):

"Não foi argumentado que para que o anarco-comunismo funcionasse 100% dos membros teriam de estar de acordo mas sim que para que fosse válido (no sentido de legítimo), esta condição teria de ser verificada"

Um socialista ou um georgista podem dizer a mesma coisa do capitalismo.

"Acontece que, por natureza, a maior parte das pessoas defende os direitos de propriedade privada. Muitas vezes poderão até dizer o contrário mas é interessante testar os seus instintos e a verdade é que se vivermos sozinhos e a meio da noite ouvirmos alguém a dar passos sorrateiros na sala, não assumimos que seja um anarco-socialista que se sentiu sozinho do outro lado da cidade e decidiu partilhar connosco a nossa propriedade para discutir a exploração laboral até às 4 da manhã mas sim alguém que invadiu a casa e a pretende roubar ou por em causa a nossa integridade física"

O que a maior parte das pessoas defende é "os direitos de propriedade privada fortemente limitados pela intervenção estatal" - olhe-se para as eleições: partidos como os Libertarians norte-americanos ou mesmo o FDP alemão não são propriemente maioritários. Apesar de tudo, suponho que haja mais anarco-socialistas do que anarco-capitalistas.

"Tirando esta minoria, a restante humanidade vive à base do reconhecimento da propriedade privada e assim tem sido desde que nos conhecemos como espécie."

Montes de sociedades o que têm (ou tiveram) é (pelo menos no que respeita à terra) propriedade comunitária (frequentemente conjugada com usufruto privado, através de redistribuições periódicas, etc.)

"A anarquia (estou a falar de uma verdadeira anarquia com privatização da lei e tudo) nunca poderia produzir resultados semelhantes a uma democracia porque não seria regulada pelos interesses da maioria mas sim pelo interesse individual de cada um dos habitantes de um determinado local"

O produto final de cada um desses "interesse individual de cada um dos habitantes de um determinado local" é mais ou menos a mesma coisa que "o interesse da maioria" (pelo menos dos habitantes desse local)

2 comments:

Pedro Viana said...

Dos Santos:

"Tirando esta minoria, a restante humanidade vive à base do reconhecimento da propriedade privada e assim tem sido desde que nos conhecemos como espécie."

Erro monumental! Como é que se pode ser tão ignorante?!... Em que sociedades primitivas hoje existentes (poucas...) há reconhecimento da propriedade privada, em particular de recursos naturais como a terra? Quando se começa a inventar pretensos "factos" já se aceitou que se perdeu o argumento.

Miguel: "O produto final de cada um desses "interesse individual de cada um dos habitantes de um determinado local" é mais ou menos a mesma coisa que "o interesse da maioria" (pelo menos dos habitantes desse local)"

Óbvio! O bem-comum é o resultado da agregação do que cada cidadão pensa ser o seu bem-próprio.

Pedro Viana said...
This comment has been removed by a blog administrator.