À esquerda e à direita, está tudo a cair em cima da publicidade ao programa "Novas Oportunidades" (aquela em que aparece a Judite de Sousa como vendedora numa tabacaria e o Carlos Queiroz como empregado de balneário), argumentando "todas as profissões são dignas, blá, blá, blá...".
Mas, em nenhum momento da campanha se diz o contrário - a "Judite de Sousa virtual" não diz "tenho vergonha de ser empregada de balcão"; a conversa dela é mais do género "gostaria de ter ido mais longe" - ou seja, a mensagem implicita não me parece "ser empregada de balcão é vergonhoso" mas sim "ser empregada de balcão não é gratificante em termos de satisfação pessoal".
E, deixando de lado a rétorica moralista do "todas as profissões são dignas", alguêm duvida que há profissões que dão maior sentimento de realização pessoal que outras (mesmo atendendo à subjectividade de cada individuo)? Quantas pessoas conhecem que queriam ser empregadas de balcão quando fossem grandes? E penso que não podemos negar que, por regra, as profissões que exigem maiores habilitações tendem a ser mais interessantes (mas vejo montes de excepções a esta regra - p. ex. quem trabalha em auditoria costuma dizer que é uma seca; também acredito que muitas profissões como pedreiro ou serralheiro mecânico possam ser mais interessantes que a de empregado de escritório, apesar de, frequentemente, serem feitas por pessoas com menores habilitações académicas).
Pode-se contra-argumentar "não é por a profissão de empregado de balcão dar pouca satisfação pessoal que é uma profissão menos digna - o mundo também precisa de empregados de balcão"; pois é verdade, mas, e daí? A única conclusão que eu tiro disso é que os empregados de balcão deveriam ganhar mais que os jornalistas (afinal, se ambas as profissões são necessárias, e se ser empregado de balcão é mais "chato", os empregados de balcão deveriam receber um acréscimo salarial para compensar essa "chatisse").
Na verdade, suspeito que por detrás dessa conversa de "todas as profissões são dignas" (quando ninguém diz o contrário) muitas vezes se esconde o desejo das pessoas que têm trabalhos interessantes terem outras pessoas dispostas a fazer (felizes e contentes) os trabalhos "chatos" para elas.
Mas, em nenhum momento da campanha se diz o contrário - a "Judite de Sousa virtual" não diz "tenho vergonha de ser empregada de balcão"; a conversa dela é mais do género "gostaria de ter ido mais longe" - ou seja, a mensagem implicita não me parece "ser empregada de balcão é vergonhoso" mas sim "ser empregada de balcão não é gratificante em termos de satisfação pessoal".
E, deixando de lado a rétorica moralista do "todas as profissões são dignas", alguêm duvida que há profissões que dão maior sentimento de realização pessoal que outras (mesmo atendendo à subjectividade de cada individuo)? Quantas pessoas conhecem que queriam ser empregadas de balcão quando fossem grandes? E penso que não podemos negar que, por regra, as profissões que exigem maiores habilitações tendem a ser mais interessantes (mas vejo montes de excepções a esta regra - p. ex. quem trabalha em auditoria costuma dizer que é uma seca; também acredito que muitas profissões como pedreiro ou serralheiro mecânico possam ser mais interessantes que a de empregado de escritório, apesar de, frequentemente, serem feitas por pessoas com menores habilitações académicas).
Pode-se contra-argumentar "não é por a profissão de empregado de balcão dar pouca satisfação pessoal que é uma profissão menos digna - o mundo também precisa de empregados de balcão"; pois é verdade, mas, e daí? A única conclusão que eu tiro disso é que os empregados de balcão deveriam ganhar mais que os jornalistas (afinal, se ambas as profissões são necessárias, e se ser empregado de balcão é mais "chato", os empregados de balcão deveriam receber um acréscimo salarial para compensar essa "chatisse").
Na verdade, suspeito que por detrás dessa conversa de "todas as profissões são dignas" (quando ninguém diz o contrário) muitas vezes se esconde o desejo das pessoas que têm trabalhos interessantes terem outras pessoas dispostas a fazer (felizes e contentes) os trabalhos "chatos" para elas.
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