Monday, August 20, 2007

Milho transgénico (V)

Lá abaixo, Mentat comenta:

Caro Miguel Madeira
Por isso é que quem cultiva transgénicos, tem que ter cérceas envolventes, e nesses espaços semear cereais do mesmo tipo, mas não transgénicos.
Ou o Miguel pensa que os insectos polinizadores são "reabastecidos em voo", e são tão maus que vão explicitamente, polinizar os vizinhos biológicos.
No entanto não há nenhuma lei que impeça um agricultor de plantar pepinos, paredes meias com outro que tenha plantado melões, só o bom senso e as regras de boa vizinhança.
Sabe o que acontece aos melões num caso desses ?
O que é acha que o agricultor do melões deve fazer ao vizinho dos pepinos ?
Por outro lado, acha que os fabricantes de sementes geneticamente modificadas, são tão tolos, que não se previnem e deixem que um bando de abelhas e mosquitos lhe roubem a curto prazo os clientes, permitindo que as características superiores dos seus produtos se disseminem naturalmente ?
Que seu saiba (e sei muito pouco, mas se calhar mais do que os patetas que andam para aí a protestar) os cereais transgénicos são praticamente estéreis.

Eu acho que ainda sei menos disso que Mentat. No entanto, volto a repetir o que escrevi aqui: uma questão é se o milho transgénico pode ser prejudicial ao meio envolvente; outra questão é, caso o seja, se é moralmente legitimo recorrer a métodos de "acção directa" para combater os transgénicos. A minha opinião é que, caso haja razões para pensar que o milho transgénico pode ter os tais efeitos nocivos sobre o ambiente envolvente, a "acção directa" pode ser justificável (talvez esta acção concreta não o seja, por razões que já foram apontadas em vários sitios, mas, em termos de principio geral, penso que é uma forma legitima de luta); pelo contrário, caso não haja razões para supor que o milho transgénico possa "contaminar" os terrenos vizinhos, a "acção directa" não fará sentido nenhum.

Volta a repetir o que disse: eu não percebo quase nada de transgénicos, logo não tenho qualquer competência para me pronunciar sobre a parte "técnica" da questão.

3 comments:

Mentat said...

"...caso haja razões para pensar que o milho transgénico pode ter os tais efeitos nocivos sobre o ambiente envolvente..."


Caro Miguel Madeira

E porquê tanta precaução ?
Porque é que se aceitam como boas, e se transcrevem para a legislação nacional, "n" normas europeias (muitas delas de modo perfeitamente acrítico) e se tem tantas dúvidas num assunto que já foi apreciado e aprovado a nível europeu ?
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Miguel Madeira said...

"Porque é que se aceitam como boas, e se transcrevem para a legislação nacional, "n" normas europeias (muitas delas de modo perfeitamente acrítico)"

Eu também não acho bem que tanta coisa seja decidido a nivel de normas europeias (enquanto outras coisas que deviam ser decididas à escala europeia não são). Por ex., o que é que a UE tem a ver se nos restaurantes portugueses se usa galheteiros ou não? Em compensação, nas questões "macro" (politica fiscal, p.ex.) a UE acaba por se preocupar menos do que com as questões "micro".

Mentat said...

"Em compensação, nas questões "macro" (politica fiscal, p.ex.) a UE acaba por se preocupar menos do que com as questões "micro"."

Caro Miguel Madeira

Olhe que não é bem assim.
Nas questões "macro", entregámos toda a nossa soberania.
O Miguel julga que o governo português pode alterar substancialmente a nossa política fiscal sem autorização da UE ?
Tem umas bandas estreitíssimas de manobra.
Lembra-se do IVA das fraldas ?
Ou do IVA para a Habitação em substituição da Sisa?
Este último quando foi finalmente aprovado pela U.E., já a Mª Ferreira Leite tinha inventado o IMTI (que não é mais do que a Sisa com outro nome).
Sabe que a menos que nos seja dada nova autorização, para o ano de 2008, o IVA na componente Mão de Obra, nas remodelações (ou reparações) de habitações, passa outra vez para 21 %.

Nas questões "micro" obedecemos bovinamente aos ditames da UE, ou porque os nossos burocratas são uns calões, ou porque lhes dá jeito desculparem-se com a EU para além, claro, de se fartarem de "facturar" à conta de viagens e reuniões em Bruxelas e não só.

No caso dos Eurocódigos (para a Construção), onde Portugal pouco tinha a aprender, se ouvisse o que eu já ouvi, sobre o "trabalhão" que dá harmonizar certas expressões nas diversas línguas.
Ou seja, tem gasto ANOS, não a melhorar tecnicamente os regulamentos, mas a discutir gramática.
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