Sunday, December 30, 2007

Sociedade infantilizada?

Ontem, no Expresso/Cartaz, vinha uma peça sobre o tema "A grande indústria está a infantilizar a sociedade. As crianças comportam-se como adultos, e os adultos querem divertir-se como crianças."

Talvez um pouco a contra-corrente, recordo o que escrevi aqui:
Estive a ler o "Tudo o que é mau faz bem", de Steven Johnson, aonde se argumenta que os jogos de computador/video, a televisão, etc. estão a contribuir para nos tornar mais inteligentes, em aparente contraste com os que falam da "estupidificação" e "infantilização" da cultura popular (p.ex., George Will, cuja uma passagem a respeito da "infantilização" é referida logo no principio do livro).

Mas será que as duas coisas, o aumento da inteligência e a "infantilização" não serão duas faces da mesma moeda? Afinal, em regra, as espécies animais mais inteligentes são aquelas que demoram mais tempo a atingir a maturidade (compare-se o Homem, que demora, no mínimo, uns 14 anos a se tornar adulto, com a mosca drosofila, que fica adulta em 8 dias). Assim, até faz todo sentido que o aumento da inteligência esteja associado a comportamentos considerados "infantis" (como haver gente na casa dos trinta "viciada" em jogos de computador).
E também este post de Chris Dillow sobre o fenómeno dos "adultos-garotos"(kidults):
Richard Herring's piece on kidulthood omits an important point - that the kidult on his skateboard and the "mature" adult in his suit and tie are equally stupid.

The folly and pathos of the kidult lies in the fact that he wants something - youth, hipness - that is both unattainable and of dubious value. Do you really want to be young again, with your naivete, gaucheness with girls, unformed tastes and insecurities?

But in this, the kidult is little different from the besuited 40-something professional. To be still chasing money, power and authority two decades after leaving university is pathetic, in the proper sense of the word. To have failed to see in 20 years that these are mere trinkets of frivolous utility suggests that one is incapable of learning anything about society or human nature.

In this sense, there's wisdom in kidults. At least they see that conventional professional success means nothing of substance.
[só uma nota a respeito do "gaucheness with girls" - se calhar até haverão "trintões" quase tão desajeitados com as mulheres como na adolescência, com a agravante de terem menos disponíveis]

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