Tuesday, January 01, 2008

"Beneficiários sem emprego"

Era este o titulo do artigo do Expresso de Sábado, sobre o facto de "apenas 1% dos beneficiários do RSI [deixarem] de receber a prestação por encontrarem colocação no mercado de trabalho".

Para começar, logo esses 1% são de dúbia interpretação: é 1% dos total dos beneficiários do RSI, ou 1% dos beneficiários do RSI que deixarem de ser beneficiários?E, se for 1% do total dos beneficiários, isso refere-se a que periodo de tempo: um ano, desde que o RSI existe, qual?

Assim, vou assumir que se trata de 1% dos beneficiários do RSI que deixarem de ser beneficiários.

Mas, vamos ler melhor o artigo:

"Há, no entanto, dois factores que ajudam a explicar o reduzido número de pessoas a conseguir entrar no mercado de trabalho. É que, por um lado, cerca de um terço dos beneficiários são menores, para os quais o que se pretende não é encontrar uma colocação profissional, mas antes garantir que permanecem no ensino"

Evidentemente, se numa família de, p.ex. 4 pessoas (pai, mãe e dois filhos), a mãe arranjar emprego e com isso a família deixar de receber RSI, teríamos que "apenas 25% dos beneficiários deixam de receber RSI por arranjarem emprego" (sim, 25% não é 1%, mas já explica alguma coisa); e, sobretudo, a expressão "conseguir entrar no mercado de trabalho" não faz sentido neste contexto: não se trata das crianças e jovens das famílias beneficiárias do RSI "não conseguirem" entrar no mercado de trabalho - trata-se mesmo de não ser suposto entrarem no mercado de trabalho.

"Por outro lado, há uma grande percentagem de beneficiários com outros rendimentos, como salários e pensões".

Ou seja, grande parte das famílias que recebem o RSI, ou já têm elementos a trabalhar, ou recebem pensões (pelo que se supõe que, por razões de idade ou saúde, não estarão em condições de trabalhar), logo o título "beneficiários sem emprego" ainda mais enganoso se torna (há uns anos atrás, cerca de 40% dos titulares do RSI - penso que esta percentagem se referia só aos em idade de trabalhar - tinha emprego; não sei qual é a percentagem actual).

Só há uma coisa que não percebo - se 56% dos beneficiários deixarem de o ser porque o seu rendimento ou o da família aumentou, 1% porque conseguirem trabalho, 16% por fraude ou recusarem-se a seguir os "planos de inserção" e 7% por ter terminado o prazo de atribuição, o que foi feito dos outros 20%?

1 comment:

Gabriel Silva said...

saúdo a entrada do CN para o Vento Sueste, um blog sempre a seguir.